Uma das grandes incógnitas sobre a situação atual venezuelana diz respeito à possibilidade de intervenção militar. José Reinaldo Carvalho, diretor-executivo do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), desconsiderou para a Sputnik Mundo a possibilidade de o Brasil participar de tal intervenção.
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"As próprias Forças Armadas brasileiras já desautorizaram uma ação mais direta e já declararam que não estão dispostas a participar disso, porque elas sabem a preparação que tem a Venezuela, a capacidade militar da Venezuela e seria uma aventura desagradável para o Brasil", disse Carvalho a Sputnik Mundo.
Militares do Exército Brasileiro | Valter Campanato/ Agência Brasil |
"Algumas autoridades militares chegaram a desautorizar em público esta retórica agressiva de Bolsonaro e do seu ministro das Relações Exteriores. Então, de imediato, eu acho que o Brasil não se dispõe a isso [agressão militar]. A própria ideia de criar uma base militar americana no território brasileiro foi rechaçada pelos militares, alguns dos quais ocupam cargos ministeriais", adicionou.
De acordo com José Reinaldo Carvalho, as Forças Armadas do Brasil não estão nem dispostas nem preparadas para tais operações arriscadas.
Nas horas seguintes ao reconhecimento dos EUA e de vários outros países, inclusive o Brasil, de Guaidó como presidente interino da Venezuela, o vice-presidente brasileiro, general Hamilton Mourão, descartou o hipotético plano norte-americano de intervenção militar dos EUA contra o país bolivariano.
"O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos dos outros países", ressaltou o vice-presidente. Mesmo com o reconhecimento do Itamaraty de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, o vice-presidente disse que, se Guaidó for preso, "Brasil pode protestar, mas não vai fazer mais nada".
Na quarta-feira (23), Guaidó se declarou "presidente encarregado" da Venezuela. Os EUA, União Europeia e uma série de países da América Latina, inclusive o Brasil, manifestaram apoio a Guaidó e à oposição venezuelana. Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia e Irã apoiam a permanência de Maduro.