O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, reconheceu que deu um passo atrás na luta contra o Boko Haram, apesar de os jihadistas continuarem a agir no nordeste do país, informou a imprensa local nesta terça-feira.
EFE
Abuja - "Aceito a responsabilidade que me cabe, mas em situações de emergência é preciso ter cuidado", disse o chefe de Estado nigeriano em entrevista concedida à rede de TV "Arise News".
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Buhari afirmou que prefere permanecer em silêncio "para não afetar a disposição dos soldados, mas que os nigerianos entendem que o governo está fazendo o melhor que pode".
O presidente fez esses comentários depois que tropas das Forças Armadas da Nigéria mataram mais de 100 supostos jihadistas do Boko Haram nos últimos dias em operações nos estados de Yobe e Borno.
"Entendo que existe certo cansaço entre os soldados", continuou o chefe de Estado, que prometeu também elevar o nível das Forças Armadas do país e conseguir recursos para melhorar o estado de espírito dos militares.
Estas declarações são dadas antes das eleições presidenciais de 16 de fevereiro. Buhari se comprometeu na campanha eleitoral de 2015 a aumentar a luta contra os jihadistas para restaurar a paz e recebeu muitos votos por isso. Ele não conseguiu cumprir o prometido e agora tenta um segundo mandato.
Em dezembro de 2015, o presidente afirmou que a organização insurgente tinha sido "tecnicamente derrotada", no entanto, os seus esforços viram em 2017 o ressurgimento dos atentados suicidas não só contra alvos civis, mas também militares.
No último domingo, soldados entraram na sede do "Daily Trust", confiscaram computadores e detiveram dois jornalistas, depois que o jornal nigeriano publicou uma matéria sobre uma operação militar para retomar territórios perdidos para os jihadistas.
Embora o governo insista que o Boko Haram está enfraquecido e encurralado em áreas de fronteira, a violência contra alvos militares e civis aumentou nos últimos meses.
O nordeste da Nigéria está há anos imerso em um estado de violência provocada pelas ações do grupo, que desde 2009 tenta implantar um Estado de linha islâmica no país, que tem maioria muçulmana no norte e é predominantemente cristão no sul. Este conflito deixou mais de 20 mil mortos e provocou o deslocamento de cerca de 2 milhões de pessoas, mais do que, por exemplo, a população inteira da cidade de Curitiba.