Tanques M1 Abrams para turbinar o Batalhão de Blindados do CFN (Corpo de Fuzileiros Navais)? Utilitários Humvee para garantir a mobilidade de tropas terrestres em companha?
Por Roberto Lopes | Forças Terrestres
Pois essas são apenas duas das várias possibilidades abertas, no fim do ano passado, pela correspondência recebida de Washington com uma lista de material militar usado, formalmente oferecido ao Ministério da Defesa do Brasil.
M1 Abrams |
Os diferentes itens dessa relação são, tecnicamente, considerados “excedentes” das Forças Armadas dos Estados Unidos, e podem ser adquiridos, via Foreign Military Sales (FMS), a preços facilitados, por nações consideradas “amigas” dos EUA (e, em alguns casos, também por doação pura e simples).
As exigências para a transferência desses itens são poucas, e uma das principais é de que o país candidato ao equipamento, caso deseje modernizá-lo, contrate o serviço em território americano.
O Forças Terrestres pôde identificar parte dos armamentos que compõem a lista – fornecida com as quantidades máximas disponíveis para cada item.
As estrelas desse elenco de produtos de 2ª mão são, sem dúvida, os carros de combate M1 Abrams, de 54 toneladas e canhão de 105 mm (atualização: outra fonte indica que a versão ofertada é a M1A1 com canhão de 120 mm), fabricados na metade inicial da década de 1980 no estado americano de Ohio.
Fonte do Ministério da Defesa ouvida por este blog assinala: os blindados tanto poderiam ser comprados pela Cavalaria Blindada do Exército, como pela Marinha – nesse caso, para potencializar a tropa blindada do CFN, hoje concentrada no Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav), sediado no Rio de Janeiro.
O Batalhão possui uma Companhia de Carros de Combate (CiaCC) dotada dos pequenos e leves tanques austríacos SK 105A2S Kuerassier, de 17,5 toneladas. No próximo dia 26 de março a unidade comemora o seu 16º aniversário de criação.
Outros itens ofertados pelos EUA:
- Fragatas de mísseis guiados Oliver Hazard Perry (OHP), de 136 m de comprimento e 4.200 toneladas de deslocamento. Haveria ao menos uma dezena delas, desativadas nos últimos quatro anos e meio, que estariam, ainda, disponíveis;
- Helicópteros Sikorsky Black Hawk passíveis de serem operados pela Força Aérea Brasileira (FAB) ou pela Aviação do Exército;
- Helicópteros Bell AH-1 Cobra propostos para o Exército brasileiro;
- Veículos leves utilitários Humvee, aptos a serem empregados pelo Exército brasileiro ou pelos Fuzileiros Navais;
- Fuzis de assalto M-16;
- Carabinas M-4, entre outros equipamentos.
Até onde se sabe, o Ministério da Defesa ainda não respondeu ao oferecimento dos americanos. A lista que veio de Washington foi repassada a cada uma das Forças, para que elas se manifestem. Mas essa reação, se é que já aconteceu, permanece desconhecida.
Avanço
Diferentes oferecimentos de Washington têm chegado à América do Sul. As Forças Armadas argentinas, por exemplo – que lidam com fortíssimas restrições orçamentárias –, se interessaram pelas viaturas Humvee.
No Brasil, na hipótese de vir a acontecer, a eventual aceitação desses equipamentos de 2ª mão será, forçosamente , pontual.
Desde 2013, em ao menos três oportunidades a Marinha do Brasil dispensou as ofertas de navios da Classe OHP, considerados muito desgastados e de propulsão (por turbinas a gás) problemática.
Inovação real para as Forças Armadas brasileiras representaria o M1 Abrams, ainda que a versão oferecida seja extremamente antiquada, e dotada de um armamento principal – canhão M-68A1,de 105 mm –, que não representa vantagem significativa sobre o poder de fogo do Leopard 1A5 BR, que o Exército brasileiro já opera.
Mas em pelo menos dois cenários o Abrams representaria um avanço para os militares brasileiros: (1) ele é uma evolução importante sobre o M-60 A3TTS (adquirido na década de 1990, durante a Era Fernando Henrique Cardoso), que conforma a dotação do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, sediado em Campo Grande (MS) – defronte à fronteira com o Paraguai –, e (2) significaria um salto de qualidade (poder de choque+mobilidade+desempenho) para a tropa blindada dos Fuzileiros Navais.
Nesse último caso seria, contudo, preciso ver como os Fuzileiros levariam os seus Abrams do mar para a terra.
Na MB, atualmente, esse serviço só poderia ser feito pelo navio de desembarque de carros de combate Garcia D’Avila (G29), de 8.571 toneladas (a plena carga), que serviu na Marinha Real sob o nome de Sir Galahad (homenagem ao navio de desembarque logístico afundado pela Aviação Argentina durante a Guerra das Malvinas).
A manutenção e eventuais serviços de modernização representariam o grande problema de qualquer Instituição Militar brasileira que opte pelo M1.
Quase toda a força blindada nacional sobre lagartas segue a linha alemã, apoiada nas oficinas da empresa KMW, da cidade de Santa Maria (RS) — que, inclusive, já se ofereceu (em 2017) para desenvolver um tanque de esteiras no Brasil.
O M1 precisaria ser, periodicamente, conservado e modernizado em arsenais americanos.
No Brasil, na hipótese de vir a acontecer, a eventual aceitação desses equipamentos de 2ª mão será, forçosamente , pontual.
Desde 2013, em ao menos três oportunidades a Marinha do Brasil dispensou as ofertas de navios da Classe OHP, considerados muito desgastados e de propulsão (por turbinas a gás) problemática.
Inovação real para as Forças Armadas brasileiras representaria o M1 Abrams, ainda que a versão oferecida seja extremamente antiquada, e dotada de um armamento principal – canhão M-68A1,de 105 mm –, que não representa vantagem significativa sobre o poder de fogo do Leopard 1A5 BR, que o Exército brasileiro já opera.
Mas em pelo menos dois cenários o Abrams representaria um avanço para os militares brasileiros: (1) ele é uma evolução importante sobre o M-60 A3TTS (adquirido na década de 1990, durante a Era Fernando Henrique Cardoso), que conforma a dotação do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, sediado em Campo Grande (MS) – defronte à fronteira com o Paraguai –, e (2) significaria um salto de qualidade (poder de choque+mobilidade+desempenho) para a tropa blindada dos Fuzileiros Navais.
Nesse último caso seria, contudo, preciso ver como os Fuzileiros levariam os seus Abrams do mar para a terra.
Na MB, atualmente, esse serviço só poderia ser feito pelo navio de desembarque de carros de combate Garcia D’Avila (G29), de 8.571 toneladas (a plena carga), que serviu na Marinha Real sob o nome de Sir Galahad (homenagem ao navio de desembarque logístico afundado pela Aviação Argentina durante a Guerra das Malvinas).
A manutenção e eventuais serviços de modernização representariam o grande problema de qualquer Instituição Militar brasileira que opte pelo M1.
Quase toda a força blindada nacional sobre lagartas segue a linha alemã, apoiada nas oficinas da empresa KMW, da cidade de Santa Maria (RS) — que, inclusive, já se ofereceu (em 2017) para desenvolver um tanque de esteiras no Brasil.
O M1 precisaria ser, periodicamente, conservado e modernizado em arsenais americanos.