Tanques militares e veículos armados patrulharam a capital do Gabão, Libreville. Militares que participaram da tentativa de derrubar o presidente Ali Bongo foram detidos.
Por G1
Militares do Gabão, país da África Ocidental, anunciaram nesta segunda-feira (7) um golpe para retirar o presidente Ali Bongo do poder. No entanto, mais tarde, o governo afirmou que quatro militares envolvidos na ação foram presos e que a "situação está sob controle".
Militares do Gabão, país da África Ocidental, anunciaram nesta segunda-feira (7) um golpe para retirar o presidente Ali Bongo do poder. No entanto, mais tarde, o governo afirmou que quatro militares envolvidos na ação foram presos e que a "situação está sob controle".
Presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, em imagem de arquivo — Foto: Tiksa Negeri/ Reuters |
O anúncio da tentativa de golpe foi lido por volta das 4h30 (1h30, no horário de Brasília) na emissora pública de rádio e televisão por um militar que se identificou como tenente Obiang Ondo Kelly, comandante da Guarda Republicana e presidente do Movimento Patriótico. Ele estava acompanhado de outros dois homens armados de fuzis e com boinas verdes.
Do lado de fora, cerca de 300 pessoas se concentravam no local para apoiar os rebeldes, mas foram dispersados por soldados, que usaram bombas de gás lacrimogêneo. Alguns tiros foram ouvidos perto da sede da rádio e TV estatal.
Ondo Kelly denunciou uma “manipulação” do presidente Ali Bongo, que está no Marrocos, para se manter no poder e a cumplicidade da hierarquia militar. Em sua mensagem, ele incitou a população a ir às ruas para derrubar o governo. Segundo ele, o Movimento Patriótico preservaria a integridade da nação.
Um toque de recolher foi imposto na capital, Libreville, segundo a Associated Press, e a internet foi cortada. Tanques militares e veículos armados patrulharam a cidade na costa do oceano Atlântico.
Porém, o pronunciamento parece ter surtido pouco efeito já que em grande parte da capital a situação parecia calma.
‘Sob controle’
O porta-voz do governo, Guy-Bertrand Mapangou, afirmou que os cinco militares que participaram do anúncio do golpe militar foram presos. "A tranquilidade voltou, a situação está sob controle", disse o porta-voz à AFP.
Mapangou afirmou à Efe por telefone que a normalidade seria restaurada em um prazo de cerca de três horas.
Entretanto, uma fonte militar, falando sob condição de anonimato, afirmou à Reuters que os organizadores da tentativa de golpe ainda não foram presos.
A União Africana "condenou fortemente" a tentativa de golpe. "Reafirmo a rejeição total da UA de qualquer mudança inconstitucional de poder", tuitou o presidente da comissão deste organismo, Musa Faki Mahamat.
Ali Bongo no Marrocos
O presidente Ali Bongo, de 59 anos, foi hospitalizado em outubro na Arábia Saudita após sofrer um derrame. Desde novembro, ele está no Marrocos para continuar o tratamento médico, segundo a Reuters.
Por ocasião do Ano Novo, Ali Bongo divulgou uma mensagem aos seus compatriotas para tranquilizar a população em relação ao seu estado de saúde. "Ela deixa dúvidas sobre sua capacidade de assumir tarefas ligadas à função de Presidente da República”, avaliou Obiang Ondo Kelly.
A família Bongo tem governado o país, que é produtor de petróleo, por quase meio século. Na presidência, Ali Bongo sucedeu seu pai, Omar, que morreu em 2009. Sua reeleição, em 2016, foi marcada por acusações de fraude e violentos protestos.
Ali Bongo foi reeleito com menos de 6 mil votos em relação ao opositor Jean Ping, ex-presidente da Comissão da União Africana. A União Europeia identificou diversas anomalias no pleito, segundo a RFI.
A Justiça validou os resultados da disputa eleitoral, mas a oposição considerou a decisão judicial "tendenciosa" e disse que ela "ignora claramente os pedidos urgentes de transparência lançados pela comunidade nacional e internacional".