A decisão do presidente Donald Trump de retirar todas as tropas norte-americanas do norte da Síria, onde apoiaram rebeldes curdos, já desencadeou uma cruzada política para forçá-lo a reverter a medida, disse o oficial aposentado da CIA, Phil Giraldi, à Sputnik.
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"Isso significa que a intensa pressão do establishment para reverter a decisão de Trump sobre a Síria já começou", revelou Giraldi, que também serviu na contra-inteligência do Exército dos EUA.
Terroristas sírios e militares dos EUA na base norte-americana na Síria © AP Photo / Hammurabi's Justice News |
Trump anunciou nesta semana planos de retirar 2.000 soldados norte-americanos do norte da Síria, onde apoiaram rebeldes curdos nas Forças Democráticas Sírias (SDF). Ele também ordenou a retirada de cerca de metade dos 14 mil militares dos EUA no Afeganistão, de acordo com relatos da mídia.
As retiradas planejadas — que têm a oposição de muitos republicanos e democratas no Congresso — provocaram a renúncia do secretário de Defesa James Mattis na quinta-feira.
A mídia norte-americana também está unida em se opor aos esforços de Trump para reduzir as tensões no Oriente Médio, observou Giraldi, um membro da Veteran Intelligence Professionals for Sanity, formado por ex-funcionários da CIA, NSA, FBI, inteligência militar e outras agências dos EUA.
"A mídia de hoje foi toda hostil, assim como a turma tagarelice e os especialistas. Os neoconservadores já estão a bordo e testemunham a opinião dos editores", disse Giraldi.
Nas próximas semanas, a pressão sobre o presidente para reverter sua decisão de retirada continuará a se intensificar, previu Giraldi.
"Haverá muito, muito mais vindo de todas as direções para incluir grande parte do Partido Republicano e todos os amigos de Israel", comentou.
Trump não tinha a experiência política e habilidade para resistir às pressões que estava prestes a enfrentar na questão, Giraldi advertiu.
"A habilidade de Trump em perseverar tem que ser questionada, já que ele não tem a habilidade política de reunir todos os elementos que acreditam, como eu, que foi a decisão certa", completou.
Philip Giraldi é hoje diretor executivo do Conselho do Interesse Nacional, um grupo que defende políticas governamentais mais imparciais no Oriente Médio.