Em entrevista coletiva no Palácio de Miraflores nesta quarta-feira (12), o ditador venezuelano Nicolás Maduro disse "o povo do Brasil e as forças militares do Brasil querem paz e cooperação com a Venezuela", mas que o país elegeu um vice-presidente que "tem cara de louco" e "intenções de invadir a Venezuela".
Diante de jornalistas estrangeiros convocados para a entrevista, acusou Mourão de beligerância em relação ao país vizinho:
"Hamilton Mourão fala todos os dias como presidente paralelo do Brasil. Todos os dias fixa a pauta do que vai ser a política desse governo, todos os dias diz que vai invadir a Venezuela, que o Brasil vai usar suas forças militares." (Nicolás Maduro)
O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, durante coletiva de imprensa no palácio Miraflores, em CaracasImagem: Federico Parra/AFP |
Sobre as supostas agressões à Venezela, Maduro falou que pede "a Deus paz, mas que não se enganem nunca, porque vamos dar uma lição da qual não vão se esquecer em mil anos".
Maduro diz que "quase não se ouve a voz de Bolsonaro" e acusa Mourão de ser agressivo com a Venezuela.
"Ninguém no Brasil quer que o governo entrante de Jair Bolsonaro se meta em uma aventura militar contra o povo da Venezuela", disse.
Mas, segundo Maduro, "no governo entrante, um é mais louco do que o outro", e acusa Mourão de planejar provocações militares no sul da Venezuela -- área que faz fronteira com o Brasil.
Maduro também sobe o tom com Bogotá. "A Colômbia foi convertida em uma base de operações destes planos enlouquecidos, cheios de ódio, que vamos derrotar", afirma.
Palco de uma das maiores crises humanitárias e migratórias do continente, a Venezuela caminha para se tornar epicentro também de uma escalada militar na região.
O país recebeu quatro aeronaves da Rússia na semana, após Maduro ter ido à Rússia pedir ajuda a Vladimir Putin.
"Chegou a nós uma boa informação (...) John Bolton (assessor de segurança nacional americano), desesperado, designando missões para provocações militares na fronteira", disse Maduro.
Veja os últimos episódios das tensões em torno da Venezuela:
- Quarta-feira (12): Maduro fala em complô para assiná-lo e cita Brasil, Colômbia e EUA
- Segunda-feira (10): Rússia envia quatro aeronaves para exercícios militares na Venezuela
- Quarta-feira (5): Maduro encontra Vladimir Putin, presidente russo, em Moscou e pede ajuda financeira
Diante de uma das maiores crises humanitárias na história da América, cresceram as declarações cada vez mais duras por parte dos Estados Unidos, da Colômbia e do governo eleito do Brasil.
Em agosto de 2017, Donald Trump declarou abertamente considerar ia solução militar para Venezuela. 'As pessoas estão sofrendo e morrendo. Temos muitas opções em relação a Venezuela incluindo uma possível operação militar, caso necessário"
Em 2018, cerca de um ano depois dessas primeiras declarações, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, voltou a tocar no assunto.
"Todas as opções estão na mesa, todas. As mais e menos fortes. E já sabem o que quero dizer com forte", declarou o presidente dos EUA.
O governo da Venezuela culpa os Estados Unidos por insurreições militares dentro do país.
Além de Donald Trump, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luiz Almagro, também disse avaliar intervir militarmente na Venezuela para resolver a crise que assola o país. "O sofrimento do povo, no êxodo induzido que está sendo conduzido [pelo governo venezuelano], coloca as ações diplomáticas em primeiro lugar, mas não devemos descartar nenhuma ação. Quanto à intervenção militar para derrubar o regime de Nicolas Maduro, eu acho que não devemos descartar nenhuma opção."
Posteriormente, Almagro se disse mal interpretado.
A Colômbia, o país que mais recebeu refugiados venezuelanos, também deu declarações duras em relação a Maduro. Iván Duque, o presidente colombiano, chamou a Venezuela de "ditadura desprezível" e pediu apoio ao resto do continente em relação a crise migratória.
O Brasil, com a eleição de Jair Bolsonaro e sua aproximação política e ideológica com os Estados Unidos, de Trump, poderia vir a dar coro aos anseios militaristas no continente.
Jair Bolsonaro já se manifestou contrário ao governo de Maduro e é favorável a um endurecimento das relações entre os dois países. As declarações mais duras vieram de seu filho, Eduardo Bolsonaro, em ato na Avenida Paulista no dia 21 de outubro. "O general Mourão já falou: a próxima operação de paz do Brasil vai ser na Venezuela. Vamos libertar nossos irmãos venezuelanos da fome e do socialismo", anunciou o deputado eleito.
Cerca de um mês depois, em reunião com autoridades dos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro abordou a questão da Venezuela. Segundo ele, a ação do governo brasileiro em relação a Maduro passará por uma cooperação entre Sérgio Moro e o Itamaraty.
"Existem diversos instrumentos que o Brasil por anos, de maneira proposital, não levou a sério. São instrumentos que estão à mão. O juiz Sérgio Moro sabe melhor do que ninguém com relação à lavagem de capitais, combate ao crime organizado, Convenção de Palermo. E junto com a equipe do embaixador Ernesto Araújo, tem muita coisa nessa área. Se você for congelar tudo aquilo que remete e passa pelas ditaduras cubana e venezuelana, você pode dar um calote muito grande nesses ditadores"
A convenção de Palermo é um acordo internacional relativo a crimes transnacionais.
Outros países da América Latina se mostram mais cautelosos na maneira de abordar a questão Venezuelana. Sebastían Piñera, presidente do Chile, não concorda com a opção militar para resolver a crise na Venezuela.
"Nós acreditamos que a opção militar é uma opção ruim porque sabe-se como elas começam, mas nunca se sabe como elas terminam e que custos elas terão em termos de vidas humanas e de sofrimento", declarou a jornalistas, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Evo Morales, presidente da Bolívia, denunciou na Assembleia Geral o movimento norte-americano contra Maduro. "os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelos venezuelanos", afirmou.
Em agosto de 2017, Donald Trump declarou abertamente considerar ia solução militar para Venezuela. 'As pessoas estão sofrendo e morrendo. Temos muitas opções em relação a Venezuela incluindo uma possível operação militar, caso necessário"
Em 2018, cerca de um ano depois dessas primeiras declarações, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, voltou a tocar no assunto.
"Todas as opções estão na mesa, todas. As mais e menos fortes. E já sabem o que quero dizer com forte", declarou o presidente dos EUA.
O governo da Venezuela culpa os Estados Unidos por insurreições militares dentro do país.
Além de Donald Trump, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luiz Almagro, também disse avaliar intervir militarmente na Venezuela para resolver a crise que assola o país. "O sofrimento do povo, no êxodo induzido que está sendo conduzido [pelo governo venezuelano], coloca as ações diplomáticas em primeiro lugar, mas não devemos descartar nenhuma ação. Quanto à intervenção militar para derrubar o regime de Nicolas Maduro, eu acho que não devemos descartar nenhuma opção."
Posteriormente, Almagro se disse mal interpretado.
A Colômbia, o país que mais recebeu refugiados venezuelanos, também deu declarações duras em relação a Maduro. Iván Duque, o presidente colombiano, chamou a Venezuela de "ditadura desprezível" e pediu apoio ao resto do continente em relação a crise migratória.
O Brasil, com a eleição de Jair Bolsonaro e sua aproximação política e ideológica com os Estados Unidos, de Trump, poderia vir a dar coro aos anseios militaristas no continente.
Jair Bolsonaro já se manifestou contrário ao governo de Maduro e é favorável a um endurecimento das relações entre os dois países. As declarações mais duras vieram de seu filho, Eduardo Bolsonaro, em ato na Avenida Paulista no dia 21 de outubro. "O general Mourão já falou: a próxima operação de paz do Brasil vai ser na Venezuela. Vamos libertar nossos irmãos venezuelanos da fome e do socialismo", anunciou o deputado eleito.
Cerca de um mês depois, em reunião com autoridades dos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro abordou a questão da Venezuela. Segundo ele, a ação do governo brasileiro em relação a Maduro passará por uma cooperação entre Sérgio Moro e o Itamaraty.
"Existem diversos instrumentos que o Brasil por anos, de maneira proposital, não levou a sério. São instrumentos que estão à mão. O juiz Sérgio Moro sabe melhor do que ninguém com relação à lavagem de capitais, combate ao crime organizado, Convenção de Palermo. E junto com a equipe do embaixador Ernesto Araújo, tem muita coisa nessa área. Se você for congelar tudo aquilo que remete e passa pelas ditaduras cubana e venezuelana, você pode dar um calote muito grande nesses ditadores"
A convenção de Palermo é um acordo internacional relativo a crimes transnacionais.
Outros países da América Latina se mostram mais cautelosos na maneira de abordar a questão Venezuelana. Sebastían Piñera, presidente do Chile, não concorda com a opção militar para resolver a crise na Venezuela.
"Nós acreditamos que a opção militar é uma opção ruim porque sabe-se como elas começam, mas nunca se sabe como elas terminam e que custos elas terão em termos de vidas humanas e de sofrimento", declarou a jornalistas, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Evo Morales, presidente da Bolívia, denunciou na Assembleia Geral o movimento norte-americano contra Maduro. "os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelos venezuelanos", afirmou.