O secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, anunciou em uma visita à capital afegã de Cabul que autoridades iranianas se reuniram com o Talibã afegão.
Sputnik
O anúncio foi feito poucos dias depois do Talibã ter participado das negociações de paz nos Emirados Árabes Unidos com autoridades norte-americanas. Representantes dos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão também estavam presentes. No entanto, os líderes do grupo se recusaram a se reunir com uma delegação oficial do Afeganistão.
O secretário do SNSC do Irã, Shamkhani, confirma as conversações realizadas entre o Irã e o Taliban do Afeganistão, dizendo que o governo afegão foi informado sobre as comunicações e as conversas com o grupo e que o processo de coordenação com o governo continuará | Reprodução |
As observações de Shamkhani foram impressas por Tasnim, considerada próxima às forças armadas do Irã. Não está claro quando ou onde as negociações foram realizadas.
O assessor de segurança nacional do presidente do Afeganistão, Hamdullah Mohib, teria elogiado o Irã durante a reunião, classificando-o como um "pilar de estabilidade e segurança na região". O Irã e o Afeganistão compartilham uma fronteira de 940 quilômetros.
O Irã tem tradicionalmente trabalhado contra o Talibã sunita e apoiado minorias xiitas no Afeganistão que estavam sendo perseguidos pelo regime afegão. Algumas autoridades norte-americanas e afegãs tentaram culpar Teerã nos últimos anos por apoiar o grupo, mas nenhuma evidência sólida apoiou a acusação.
Os Estados Unidos têm lutado para tirar território dos militantes, que ganharam terreno significativo em 2018, apesar de uma campanha americana sem precedentes.
Shamkhani também falou sobre a ameaça da presença do Daesh (grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico) no Afeganistão, que é limitada, mas considerada uma ameaça. Ele ressaltou a necessidade de aliados regionais para combater o "plano sinistro patrocinado pelos EUA e reacionários regionais".
O Talibã controlou 90% do Afeganistão em 2001, antes da invasão norte-americana. Depois de 17 anos, o grupo ainda mantém cerca de 50% do país e controla outros 13%, segundo a Fundação para a Defesa das Democracias, um centro de estudos sediado em Washington.
"A presença das forças americanas foi desde o início, uma medida errada e ilógica e a causa primária de instabilidade e insegurança na região", teria dito no sábado Bahram Ghasemi, porta-voz do Ministério do Exterior do Paquistão. O chanceler paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, também esteve em Teerã na segunda-feira para conversas bilaterais, embora os detalhes da reunião não tenham sido divulgados.
Em novembro, a Rússia sediou conversas entre o Talibã e o Alto Conselho de Paz do Afeganistão, órgão que não representa o governo afegão, mas supervisiona os esforços de paz no país. Essa foi a primeira dessas negociações de paz em que o grupo militante participou. O general norte-americano John W. Nicholson, aposentando como oficial militar norte-americano no Afeganistão, acusou Moscou de apoiar e até armar o Talibã, mas a Rússia rejeitou a acusação.
Durante as tratativas tanto nos Emirados Árabes Unidos quanto na Rússia, os líderes do Talibã se recusaram a negociar com Cabul, concordando apenas em trabalhar com os oficiais americanos apoiando-os no processo de paz.
Na semana passada, oficiais do Departamento de Defesa dos EUA confirmaram que o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou a retirada de 7.000 soldados dos EUA do país, pouco menos da metade da presença norte-americana, que atualmente conta com 14.000 militares no Afeganistão.