As consultas mediadas pelas Nações Unidas para negociações que podem colocar um fim aos mais de três anos de conflito no Iêmen começaram na Suécia, informou oficial da ONU na quarta-feira (5).
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Confrontos brutais deixaram o país do Oriente Médio dividido entre forças rebeldes e governamentais, com milhões de pessoas à beira da fome, arruinando a economia e a coesão social no Iêmen.
Confrontos brutais deixaram o país do Oriente Médio dividido entre forças rebeldes e governamentais, com milhões de pessoas à beira da fome, arruinando a economia e a coesão social no Iêmen.
Iemenitas aguardam na fila para receber água potável de tanque fornecido pelo UNICEF em Sanaa, no Iêmen. Foto: UNICEF |
O enviado especial da ONU para o país, Martin Griffiths, elogiou o governo da Suécia por receber as consultas políticas, assim como o governo do Kuwait por facilitar a viagem da delegação de Sanaa para as conversas. Ele se referia aos representantes do movimento rebelde houthi, que receberam permissão para voar da capital iemenita há poucos dias.
A ONU tentou reunir as partes – os houthis e a delegação do governo reconhecido oficialmente – em setembro, em Genebra, para consultas, mas condições para permitir que a delegação houthi chegasse à cidade suíça não se materializaram.
Impactos do conflito
Em todo o Iêmen, mais de 22 milhões de pessoas – três quartos da população – dependem de ajuda humanitária ou proteção. Destas, mais de 8 milhões sofrem com severa insegurança alimentar e risco de fome.
O conflito — que se agravou no início de 2015 após intervenção militar liderada pela Arábia Saudita contra a insurgência rebelde houthi, a pedido do governo iemenita — também destruiu os sistemas de saúde, água e saneamento do país, resultando em diversos surtos de cólera e outras doenças mortais.
Milhares de civis também morreram em ataques aéreos e confrontos.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), todas as partes do conflito demonstram um desrespeito às leis humanitárias internacionais e de direitos humanos, e impediram a entrega de assistência humanitária.
Antes da chegada de Griffiths à Suécia, um avião fretado pela ONU retirou com sucesso cerca de 50 iemenitas feridos da capital controlada pela oposição, Sanaa, para transportá-los a centros médicos em Omã. A ação foi vista como uma medida essencial para a construção de confiança antes das negociações.
Embora tenha havido muitas tentativas regionais e globais de silenciar as armas no Iêmen, reunir as partes e chegar a acordos tem sido desafiador.
Griffiths foi nomeado enviado especial em fevereiro deste ano, sucedendo Ismail Ould Cheikh Ahmed, que havia comandando esforços da ONU para resolver o conflito no Iêmen a partir de abril de 2015.
Em seu último briefing ao Conselho de Segurança, Ould Cheikh Ahmed alertou que um “padrão destrutivo de políticas de soma zero” continuava colocando o Iêmen em maior pobreza e destruição, enfatizando que, embora a ONU e a comunidade internacional possam tentar criar um ambiente favorável para a paz, iemenitas tomadores de decisão devem cessar os confrontos e o derramamento de sangue.
Urgência humanitária
Agências de ajuda humanitária, que fornecem assistência vital para milhões de pessoas em todo o Iêmen, destacaram a urgência das conversas, alertando que a situação em solo piorou “dramaticamente” nos meses recentes.
O chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, retornou de sua missão mais recente ao país em 1º de dezembro, e descreveu a situação como “à beira de uma catástrofe maior”.