Dentro da doutrina preconizada pelo Ministério da Defesa, em Brasília, de compartilhar a plataforma de voo do porta-helicópteros multipropósito Atlântico com aeronaves do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB). O sistema também foi empregado na Inglaterra, onde helicópteros da Royal Navy, do Army Air Corps e da Royal Air Forceoperaram juntos, rotineiramente, no então HMS Ocean.
Por Roberto Lopes | Poder Naval
Representantes das três Forças acordaram que essa cooperação terá início pelo embarque no navio (em data ainda não definida) de uma aeronave H-36 Caracal da FAB.
Helicóptero UH-15 Super Cougar a bordo do PHM Atlântico, no Porto de Santos-SP |
“Há dois motivos para isso”, explicou ao Poder Naval o comandante do Atlântico, capitão de mar e guerra Giovani Corrêa. “Em primeiro lugar por causa da comunalidade do equipamento. Exército e Marinha também usam essa aeronave [adquirida pelas Forças no âmbito do Programa HX-BR], e, em segundo lugar, porque a FAB já tem uma boa experiência no serviço SAR [Busca e Salvamento] sobre o mar”.
A 8 de agosto passado o Esquadrão Puma (3º/8º GAV), sediado na Ala 12, do Rio de Janeiro, recebeu o seu mais novo Caracal – FAB 8515 –, montado e testado na fábrica da Helibras em Itajubá (MG).
A aeronave foi entregue com um novo sistema de detecção de fogo nos motores, totalmente pneumático. Além disso, é a primeira da FAB equipada com o Spectrolab Searchlight, um farol de busca de alta capacidade, também compatível com equipamentos de visão noturna.
Helicópteros armados
O comandante Giovani diz que sua embarcação receberá os três modelos de helicópteros que vão ampliar, exponencialmente, a capacidade de intervenção armada da Força Aeronaval:
- AH-11B Super Lynx dotados de mísseis anti-navio de médio alcance (25 km) Sea Skua;
- SH-16 Sea Hawk equipados com vetores Penguin, também para alvos de superfície; e
- UH-15B – modelo similar ao H-36 da FAB –, equipado com o conhecido Exocet AM-39.
SH-16 Seahawk da MB, lançando míssil Penguin |
Ao todo, estarão disponíveis 19 aeronaves de combate bastante atualizadas:
- 8 Super Lynx remotorizados (talvez o melhor fosse dizer “remoçados”) por um par de turbinas Rolls Royce T800, superiores em desempenho e que oferecem maior disponibilidade que os antigos propulsores Gen 42. Além de melhorias notáveis em aviônica, MAGE e sensores;
- 6 SH-16, helicóptero famoso por sua “vocação” para a guerra antissubmarina, mas que também impressiona positivamente a oficialidade da Força Aeronaval por suas capacidades de engajamento na guerra de superfície e na guerra eletrônica. A forma segura com que o SH-16 passa, de dia ou à noite, do voo nivelado para o voo pairado sobre o mar, facilita eventuais operações SAR;
- 5 UH-15B, que, em cenários de perigo real, garantirão a capacidade dissuasória de um Grupo Tarefa.
UH-15B armado com míssil antinavio AM-39 Exocet |
“Em primeiro lugar, essas aeronaves são empenhadas em diferentes ‘envelopes de vento’. Ou seja, elas voam sob diferentes intensidades de vento. Depois vem a fase em que os tripulantes precisam decolar e pousar nos horários de lusco-fusco, do entardecer. Mais tarde eles farão voos noturnos sobre o Atlântico, para conhecer e aprender a reconhecer as luzes do navio. A última etapa é a da operação com óculos de visão noturna, o chamado equipamento NVG (Night Vision Goggles)”.
O serviço de revitalização dos Super Lynx na Inglaterra, por exemplo, inclui um painel de instrumentos compatibilizado com os recursos do NVG.
Passadiço
O convés de voo do PHM Atlântico não oferece qualquer impedimento à recepção e operação dos helicópteros mais pesados da Marinha e das outras Forças.
Na Royal Navy, durante as operações da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o convoo recebia regularmente o convertiplano militar Bell Boeing V-22 Osprey, aparelho multifunção que, carregado, com o dobro do peso da aeronave russa de assalto aéreo Mi-35M4, de 12 toneladas – na FAB conhecida como AH-2 Sabre.
O comandante Giovani leva o repórter do Poder Naval a um canto do passadiço de seu navio, debruçado sobre a pista de Aviação, e mostra que o Osprey se utilizava regularmente uma posição à ré do convoo.
Abaixo do convés de voo, no convés do hangar, o oficial destaca para o PN duas grandes cortinas metálicas que se encontram recolhidas e, segundo ele, dividem essa área em três compartimentos – recurso que serve, entre outras coisas, para impedir a expansão de fumaça durante uma emergência com fogo.
Por todo o interior do navio há suportes com (quatro ou oito) caixas pequenas, cor de laranja, presas nas anteparas da embarcação. “Máscaras contra fumaça”, explica o CMG Giovani, “lição [da Guerra] das Malvinas. Os ingleses são muito aplicados. Durante o conflito eles perderam muitos tripulantes que foram intoxicados pela fumaça causada pelas explosões a bordo dos seus navios. Assim, a fumaça virou um inimigo importante, e navios como o Atlântico estão, agora, preparados para resistir à fumaça”.
O porta-helicóptero brasileiro é operado por 432 tripulantes, exatamente o mesmo número de homens e mulheres que havia no Ocean.
Desde que passou às mãos dos militares brasileiros o navio nunca precisou enfrentar uma emergência com chamas e fumaça, mas a brigada anti-fogo do Atlântico, subordinada ao Controle de Avarias, está formada por 40 homens treinados para, em caso de emergência, fechar as portas estanques marcadas com um “Y”, de Yankee, e manter abertas as portas que trazem um “Z”, de Zulu.
“Fechar diversas portas do interior do navio, indistintamente, poderia dificultar muito o deslocamento da equipe de combate a incêndio”, esclarece o comandante do barco. “Assim, eles identificaram rotas, e selecionaram algumas portas que precisam ser mantidas abertas, de forma a que se possa alcançar qualquer ponto do navio com rapidez”.
O setor de atendimento médico do navio não é grande – leito de UTI, por exemplo, só existe um – porque “aqui nós oferecemos ao tripulante ferido com gravidade um primeiro atendimento. Logo que possível ele é transferido por helicóptero para uma base, ou mesmo para outro navio ( como o NDM Bahia) que possui melhores condições para trata-lo”.
NAeL Minas Gerais
Na Royal Navy, durante as operações da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o convoo recebia regularmente o convertiplano militar Bell Boeing V-22 Osprey, aparelho multifunção que, carregado, com o dobro do peso da aeronave russa de assalto aéreo Mi-35M4, de 12 toneladas – na FAB conhecida como AH-2 Sabre.
O comandante Giovani leva o repórter do Poder Naval a um canto do passadiço de seu navio, debruçado sobre a pista de Aviação, e mostra que o Osprey se utilizava regularmente uma posição à ré do convoo.
Abaixo do convés de voo, no convés do hangar, o oficial destaca para o PN duas grandes cortinas metálicas que se encontram recolhidas e, segundo ele, dividem essa área em três compartimentos – recurso que serve, entre outras coisas, para impedir a expansão de fumaça durante uma emergência com fogo.
Por todo o interior do navio há suportes com (quatro ou oito) caixas pequenas, cor de laranja, presas nas anteparas da embarcação. “Máscaras contra fumaça”, explica o CMG Giovani, “lição [da Guerra] das Malvinas. Os ingleses são muito aplicados. Durante o conflito eles perderam muitos tripulantes que foram intoxicados pela fumaça causada pelas explosões a bordo dos seus navios. Assim, a fumaça virou um inimigo importante, e navios como o Atlântico estão, agora, preparados para resistir à fumaça”.
O porta-helicóptero brasileiro é operado por 432 tripulantes, exatamente o mesmo número de homens e mulheres que havia no Ocean.
Desde que passou às mãos dos militares brasileiros o navio nunca precisou enfrentar uma emergência com chamas e fumaça, mas a brigada anti-fogo do Atlântico, subordinada ao Controle de Avarias, está formada por 40 homens treinados para, em caso de emergência, fechar as portas estanques marcadas com um “Y”, de Yankee, e manter abertas as portas que trazem um “Z”, de Zulu.
“Fechar diversas portas do interior do navio, indistintamente, poderia dificultar muito o deslocamento da equipe de combate a incêndio”, esclarece o comandante do barco. “Assim, eles identificaram rotas, e selecionaram algumas portas que precisam ser mantidas abertas, de forma a que se possa alcançar qualquer ponto do navio com rapidez”.
O setor de atendimento médico do navio não é grande – leito de UTI, por exemplo, só existe um – porque “aqui nós oferecemos ao tripulante ferido com gravidade um primeiro atendimento. Logo que possível ele é transferido por helicóptero para uma base, ou mesmo para outro navio ( como o NDM Bahia) que possui melhores condições para trata-lo”.
NAeL Minas Gerais
Nestes dias às vésperas do Natal, o PHM Atlântico “descansa” no cais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro que era utilizado pelo icônico NAeL Minas Gerais (A-11).
Nas palavras de Giovani há um misto de emoção e orgulho: “o pessoal do Arsenal se esmerou em nos entregar um espaço com ótimas condições de abastecimento de energia, onde podemos nos preparar, com toda a tranquilidade, para as comissões que nos forem sendo atribuídas”.
O comandante não entra em detalhes, mas a previsão é de que o porta-helicópteros faça cerca de 150 dias de mar ao ano.
A próxima missão é a Aspirantex, logo no início de 2019, que levará o porta-helicópteros brasileiro à sua primeira estadia em porto estrangeiro: Montevidéu.
Nas palavras de Giovani há um misto de emoção e orgulho: “o pessoal do Arsenal se esmerou em nos entregar um espaço com ótimas condições de abastecimento de energia, onde podemos nos preparar, com toda a tranquilidade, para as comissões que nos forem sendo atribuídas”.
O comandante não entra em detalhes, mas a previsão é de que o porta-helicópteros faça cerca de 150 dias de mar ao ano.
A próxima missão é a Aspirantex, logo no início de 2019, que levará o porta-helicópteros brasileiro à sua primeira estadia em porto estrangeiro: Montevidéu.