Segundo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, os EUA deixarão o Tratado INF em 60 dias, caso a Rússia não volte a cumprir plenamente o acordo.
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Pompeo afirmou também que os EUA não produzirão, testarão e dispararão nenhum sistema de mísseis que viole o Tratado INF durante o prazo de 60 dias.
Gorbatchev e Reagan assinam o Tratado INF | Reprodução |
"Durante os 60 dias, não testaremos, não produziremos ou dispararemos nenhum sistema e veremos o que acontecerá nesse período", declarou Pompeo.
Esse ultimato gerou reação da Rússia. A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, afirmou que a Rússia cumpre rigorosamente o Tratado INF.
Já o vice-presidente do Comitê de Assuntos Internacionais da Federação da Rússia, Vladimir Dzhabarov, acredita que os EUA estejam lançando acusações contra a Rússia para justificar saída do acordo.
O parlamentário também enfatizou que a Rússia responderá simetricamente, ou seja, se os EUA saírem do Tratado INF e utilizarem mísseis de curto e médio alcance na Europa, a Rússia elevará a produção de mísseis na parte europeia de seu território.
O senador Aleksei Pushkov opina que o ultimado dos EUA está sendo usado para jogar a responsabilidade da saída americana do acordo para a Rússia. O senador enfatizou que Washington sabe que Moscou rejeitará o ultimato.
Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o professor da Academia de Ciências Militares da Rússia, Vladimir Kozin, afirmou que não vale a pena responder ao ultimato americano.
Além disso, o especialista militar afirmou que a Rússia é quem deveria dar um ultimato, não de 60 dias, mas de 24 horas aos EUA para resolver o assunto do Tratado INF. Pois os americanos violam o acordo desde 2001, testando sistemas de mísseis e utilizando mísseis de curto e médio alcance, bem como instalações de intercepção.
Kozin ressaltou que não é preciso responder ao ultimato americano, mas, sim, questionar o desenvolvimento de drones e pesquisas para criação de mísseis de cruzeiro dos EUA.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, Moscou considera a saída dos EUA do Tratado INF como um "grande erro".
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário foi firmado por EUA e União Soviética em 1987. O acordo proíbe a posse e o desenvolvimento de mísseis de curto e médio alcance. Os EUA têm alegado que a Rússia tenha violado o acordo INF ao construir mísseis proibidos. Moscou declarou inúmeras vezes que cumpre tudo que é necessário, e possui questões sérias quanto ao cumprimento do acordo pelos americanos.