Na Frota do Pacífico da Rússia entrará em serviço uma brigada de submarinos do projeto 677 Lada, dificilmente detectáveis, rápidos, excelentemente armados e praticamente silenciosos, informa a edição russa Izvestia.
Sputnik
O objetivo principal destes submarinos compactos é proteger as bases de submarinos estratégicos nucleares portadores de mísseis balísticos na região de Kamchatka e garantir para eles o livre acesso ao oceano.
Cerimônia de lançamento de submarino do projeto 677 Lada em São Petersburgo © SPUTNIK / IRINA MOTINA |
Ao mesmo tempo, este projeto tem uma história difícil, porque o primeiro navio da classe foi lançado à água no ano 2004, mas continua em período de uso experimental.
Corrigindo os erros
Submarinos multiuso diesel-elétricos do projeto 677 Lada são um desenvolvimento da série 877 Paltus. Os submarinos foram elaborados no final do século XX e projetados para destruir submarinos e navios de superfície, proteger bases navais, zonas costeiras e vias de comunicação e realizar missões de reconhecimento.
Os submarinos Lada, com um comprimento de 66,8 metros, boca de 7,1 metros e deslocamento de 1,8 mil toneladas, podem atingir velocidades de até 21 nós. Sua autonomia é de 45 dias. Cada submarino está armado com seis tubos de torpedos de 533 mm de calibre e dez silos para mísseis-torpedos.
Em 2008 foi divulgado que a Marinha russa planejava receber 20 desses navios. No entanto, durante os testes o primeiro submarino da classe mostrou muitas falhas importantes.
Entre elas, havia problemas com o motor, que ainda não era capaz de desenvolver mais de metade da potência especificada, com o sistema de controle e informações de combate Litiy, pouco desenvolvido, bem como falhas no sistema de sonares — os ouvidos do submarino.
O projeto ficou à beira do cancelamento, mas o Ministério da Defesa da Rússia decidiu, em 2012, iniciar a produção em série desses submarinos com o projeto corrigido e os defeitos eliminados. Nos três primeiros submarinos, no entanto, não foi possível introduzir uma unidade propulsora anaeróbica, o que permitiria ao submarino diesel-elétrico recarregar as baterias sem emergir.
A Marinha da Rússia não descarta que a unidade anaeróbica seja instalada nos novos Lada (no quarto e no quinto) que, de acordo com os planos, devem ser aceitos pela Marinha até 2025, informou Viktor Bursuk, vice-comandante da Marinha da Rússia, aos jornalistas em junho de 2017.
Características únicas
Na história da frota de submarinos russa já aconteceu por várias vezes que projetos até menos problemáticos foram abandonados. No entanto, o Lada dispõe de características tão especiais que todas as desvantagens destes submarinos, de fato, parecem ser apenas "doenças de crescimento".
O Lada é construído por um esquema especial. O diâmetro do casco de aço é o mesmo ao longo de todo o comprimento. Em contraste com os grandes submarinos nucleares, a popa e a proa do Lada são esféricas.
Graças a esta solução, foi possível minimizar o tamanho dos submarinos e torná-los mais compactos em comparação com os outros. O alto nível de automatização permitiu reduzir o número da tripulação do Lada até 35 pessoas, contra as 56 do submarino Varshavyanka.
O que ainda é mais importante, os navios do projeto 677 são muito silenciosos. Quase todas as partes móveis do casco estão equipadas com elementos de proteção acústica, que reduzem o nível de ruído do navio durante sua operação. Além disso, por fora o casco é revestido com uma cobertura protetora multicamadas de 40 milímetros de espessura.
Mais cedo, o Ministério da Defesa informou que o ruído produzido pelo submarino Lada é ainda menor que o do submarino Varshavyanka que, devido à sua invisibilidade acústica, foi apelidado de "buraco negro" no Ocidente.
O principal armamento do projeto 677 são torpedos com 533 milímetros de calibre, sua reserva total a bordo é de 18 unidades. Além disso, o Lada pode disparar mísseis de cruzeiro Kalibr e Oniks através dos tubos de torpedos. Pode também usar mísseis-torpedos antissubmarino Shkval.
Para efetuar reconhecimento via sonar é usado o sistema Lira, que inclui antenas potentes e sensíveis. O dispositivo dispõe de três no total: um na proa do submarino e dois montados lateralmente no costado. Em caso de danos do equipamento de bordo, existe um equipamento de sonar externo que o Lada pode largar e rebocar.
Cobertura dos submarinos estratégicos
A principal função destes submarinos promissores na Frota do Pacífico é cobrir os submarinos estratégicos de mísseis nucleares que são uma parte importante da tríade nuclear russa, tais como os Borei e Kalmar.
No mar de Okhotsk, os submarinos diesel-elétricos, muito rápidos e de baixo ruído, são muito mais capazes de patrulhar as áreas costeiras que os grandes submarinos nucleares multipropósito.
Do ponto de vista geográfico, a Frota do Pacífico tem um baseamento muito bom. As duas principais bases navais, Vladivostok e Petropavlovsk-Kamchatsky, estão afastadas e cobrem uma ampla área de responsabilidade.
A frota, junto com a aviação naval, cobre ambos os flancos do estrategicamente importante mar de Okhotsk, e o controle das ilhas Curilas permite aos navios e submarinos sair para o mar aberto e impedir a entrada do provável adversário nas águas domésticas.
No momento a situação dos submarinos diesel-elétricos na Frota do Pacífico deixa muito a desejar. O principal e único tipo de submarinos diesel-elétricos na Frota são sete submarinos do projeto 877 Paltus, o mais jovem dos quais entrou em uso em 1994. A sua substituição por submarinos novos é uma questão de importância estratégica.
Os submarinos Lada poderão monitorar permanentemente os "caçadores de submarinos" do provável adversário que, por sua vez, patrulham atentamente as rotas de saída dos submarinos estratégicos russos. Estes submarinos podem realizar uma série de ataques precisos e rápidos para garantir aos Borei e Kalmar o acesso ao oceano Pacífico.