O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou neste domingo (9) que os Estados Unidos estariam preparando um golpe de Estado na Venezuela. Um especialista em assuntos da América Latina analisa se existem motivos para tal golpe e se os EUA podem realmente escalar a situação na Venezuela em breve.
Sputnik
Cooperação ameaçadora
Para o diretor-geral do Centro Latino-Americano Hugo Chávez, Egor Lidovskoi, a notícia sobre planos de golpe é perfeitamente plausível após as recentes visitas de Nicolás Maduro à Rússia e à Turquia.
Protestos na Venezuela | AFP 2018 / Juan Barreto |
O especialista russo destaca que, além da assinatura dos acordos que foram anunciados, como contratos bilionários de investimentos russos, pode haver outros de caráter secreto que visem desenvolver o mundo multipolar e o abandono do dólar americano na economia.
"Isso afetará certamente os Estados Unidos, pois o dólar e a economia são uma 'arma' que eles usam até mais do que a força militar para impor sua vontade a outros países. Por isso, para os EUA uma cooperação tão estreita entre países que têm sua própria política independente é extremamente perigosa, pois podem perder a hegemonia", opinou Lidovskoi.
Pressão econômica e oposição disfarçada
O analista ressalta que Washington sempre teve uma atitude muito negativa quanto a Caracas, em particular depois da chegada ao poder de Hugo Chávez e consequente nacionalização da produção de petróleo na Venezuela.
Assim, as empresas estadunidenses perderam a possibilidade de lucrar com o setor de petróleo venezuelano, o que levou os EUA a recorreram a uma colossal pressão econômica sobre Caracas, tal como fizeram com Cuba de Fidel Castro.
Neste contexto, acredita, é perfeitamente possível uma escalada da situação por parte de Washington.
"No establishment americano existe sempre uma disputa entre os que são a favor e contra uma invasão na Venezuela. Se eles virem que esgotaram as medidas econômicas de pressão […], então é bem possível que os EUA tentem realizar uma intervenção militar ou golpe de Estado, usando os grupos radicais, que já foram generosamente patrocinados na Venezuela", comentou Lidovskoi ao serviço russo da Rádio Sputnik.
Segundo ele, embora na Venezuela haja partidos de oposição, a oposição que é mostrada pela propaganda estadunidense são grupos armados disfarçados que realizam várias operações como o atentado com drones contra o presidente, em agosto deste ano.
Dada a aproximação da Venezuela com tais países como a Rússia, a China e a Turquia, conclui o especialista, pode-se esperar que Washington tente envidar mais esforços nesta direção.
Nicolás Maduro visitou Moscou no início de dezembro, tendo se encontrado com o presidente Vladimir Putin e sua equipe de governo.
De acordo com declarações de Maduro, os dois países assinaram uma série de acordos nas áreas de petróleo, telecomunicações, defesa, mineração e comércio.