A Rússia não deixará a decisão dos Estados Unidos de retirar-se unilateralmente do tratado de armas nucleares sem resposta, garantiu o presidente russo Vladimir Putin, acrescentando que o país não precisa se unir a outra corrida armamentista.
Sputnik
Moscou ainda está pronta para continuar dialogando com Washington sobre o tratado bilateral que proíbe os mísseis de médio alcance, que se tornou uma das pedras angulares do desarmamento nuclear, disse o líder russo em uma reunião do governo em Sochi. Ainda assim, os EUA devem "tratar esta questão com total responsabilidade", disse o presidente, acrescentando que a decisão de Washington de retirar-se do acordo "não pode e não ficará sem resposta".
Vladimir Putin © Sputnik / Mikhail Klementiev |
Estas não são ameaças vazias, advertiu Putin. Ele disse que a Rússia já havia advertido os EUA contra a saída do tratado ABM que regulamenta os sistemas de mísseis e avisou Washington sobre possíveis retaliações. "Agora, temos armas hipersônicas capazes de penetrar qualquer defesa antimísseis", comentou Putin, referindo-se às mais novas armas de última geração da Rússia.
O presidente também pediu ao governo e aos oficiais militares que desenvolvam "medidas concretas" que a Rússia pode tomar em resposta à retirada dos EUA do Tratado INF.
Moscou não permitirá que ninguém se arraste para outra corrida armada, disse o líder russo. Em vez disso, a Rússia planeja se concentrar no "desenvolvimento equilibrado" de seu Exército, Marinha e Força Aérea. Espera-se que as tropas adotem novas técnicas de treinamento militar, usando a experiência de combate que receberam na Síria. A Rússia também continuará a modernizar seu equipamento militar.
Putin disse que espera que o "senso comum" prevaleça e que os EUA continuem dialogando com a Rússia nos campos de estabilidade estratégica e segurança coletiva com base na "responsabilidade mútua".
O acordo de armas de 30 anos proibiu a posse e o desenvolvimento de mísseis de curto e médio alcance. Os EUA têm alegado que a Rússia tem violado o acordo INF ao construir mísseis que proíbe. Moscou refutou as acusações e também acusou os EUA de não-conformidade, argumentando que pode reutilizar os complexos de defesa antimíssil estacionados na Europa Oriental e usá-los como lançadores ofensivos de alcance intermediário.
Em outubro, o assessor de segurança nacional dos EUA, John Bolton, reafirmou a intenção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar-se do Tratado INF durante sua visita a Moscou. Além do suposto descumprimento do tratado pela Rússia, ele também nomeou a militarização chinesa em curso como um pretexto.