Jorge Suárez, pai de um dos 44 tripulantes que navegaram a bordo do submarino San Juan da Marinha argentina, disse à Sputnik que as autoridades argentinas sempre souberam o desfecho do desaparecimento, mas esconderam a localização da embarcação agora encontrada.
Sputnik
"É totalmente crível que eles sempre souberam onde estavam e sempre mentiram para nós", afirmou o pai do primeiro cabo Germán Suárez, o sonarista do submersível.
© AP Photo / Marina Devo |
Como autor no processo judicial que investiga o que aconteceu com o navio, Suárez advertiu que agora "vamos iniciar a luta judicial".
"Nós já sabíamos que o jogo [de cena] que se fez esta semana que já era conhecido [o paradeiro] desde o início, e são tão ruins que eles estavam chegando até o submarino (o navio da empresa US Oceano Infinito foi quem deu o paradeiro do San Juan)", comentou.
Segundo a sua opinião, "é evidente que eles forçaram o navio [dos EUA] para ir a esse ponto", continuou. Todos os parentes, conectados através de uma rede de Whatsapp, "pensamos a mesma coisa", defendeu.
Dado que o presidente argentino Mauricio Macri é chefe de Estado e responsável pelas Forças Armadas pela Constituição, "ele é responsável pelas 44 mortes", advertiu o pai do tripulante.
"Eles mataram nossos filhos, eles os mataram, e Macri e [o ministro da Defesa Oscar] Aguad sempre souberam", insistiu Suárez.
O Ministério da Defesa publicará em poucos dias um relatório no qual se referirá à ruptura de uma válvula como a causa mais provável do incidente sofrido pelo submersível.
O relatório, produzido por 2 almirantes e um capitão "não vai convencer ninguém, vão dizer que foram inexperientes, mas andavam com um submarino aos pedaços, um submarino quer não deveria ter zarpado", acrescentou.
O Ministério da Defesa e a Marinha da Argentina relataram na madrugada deste sábado que o contato detectado horas antes a 800 metros de profundidade coincidiu com o submarino desaparecido em 15 de novembro de 2017.
Seu filho Germán Oscar Suárez era da província de Santa Fé (centro-oeste) e tinha 29 anos de idade.
Sem tecnologia para o resgate
A Argentina não tem os recursos ou tecnologia para extrair o submarino San Juan do fundo do mar, reconheceu o ministro da Defesa Oscar Aguad.
"Não temos meios nem tecnologia para descer às profundezas do mar", disse a autoridade neste sábado, durante uma coletiva de imprensa.
O ministro da Defesa admitiu que o país sul-americano não tem um AUV ('veículo subaquático autônomo') nem com um ROV (sigla do inglês 'remote operated vehicle') para verificar o fundo do mar.
A Argentina também não possui o "equipamento para extrair um navio dessas características", acrescentou Aguad.
"Não podemos afirmar ou negar que isso possa ser usado, o tempo nos dará a resposta", explicou o chefe da Marinha, vice-almirante José Luis Villán. "Existem 2 limites que excedem nosso conhecimento".
A primeira é legal, dado que "de agora em diante é a juíza (Marta Yáñez, encarregada da investigação) quem pode determinar em que momento as partes do submarino que foram encontradas podem ser removidas".
"O outro limite é o da técnica, [porque] embora a empresa tenha dito que havia possibilidades, não tínhamos a localização exata, a massa ou a profundidade que tinha que ser extraída", prosseguiu.
O chefe da Marinha confirmou que o navio foi encontrado a 907 metros, com "partes separadas do casco em uma área de 80 por 100 metros".
"A localização exata é muito próxima do relatório da anomalia hidroacústica", que foi noticiado pela Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO) em 23 de novembro, acrescentou Villán.
A implosão ocorreu perto do fundo do mar, então o "derramamento de detritos é limitado na área", disse o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi.
A tragédia
O San Juan relatou sua última posição quando navegando de Ushuaia (sul) para seu ancoradouro habitual na Base Naval de Mar del Plata (leste), a 432 quilômetros da costa até o Golfo de San Jorge (sudeste).
A Marinha indicou que o submarino entrou em contato com a Terra pela última vez às 7:19 (hora local), em 15 de novembro, embora mais tarde tenha sido revelado que a última mensagem havia ocorrido às 8h52 (local), quando o submarino informou que tinha entrado água do mar através do sistema de ventilação, o que causou um incêndio.
Duas horas depois, às 10:51 (hora local), uma explosão foi registrada 48.28 quilômetros da última posição da embarcação, coincidindo com a rota que ia para Mar del Plata.