EUA se juntarão ao plano da Austrália de restaurar a antiga base naval de Lombrum, na Papua Nova Guiné, para conter a influência crescente da China na região Indo-Pacífico, conforme anunciou recentemente o vice-presidente dos EUA, Mike Pence.
Sputnik
"Vamos trabalhar com essas duas nações [Austrália e Papua Nova Guiné] para proteger a soberania e os direitos marítimos nas ilhas do Pacífico", disse Pence neste sábado (17) durante a cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico).
O anúncio foi feito em meio a tensões entre Washington e Pequim por causa da guerra comercial e disputas sobre as rotas marítimas no mar do Sul da China, observa a Bloomberg.
É provável que, assim, Washington e Canberra tentem neutralizar a crescente influência do gigante asiático no Pacífico, supõe a edição. Nesta região — onde Canberra teve uma influência inigualável por décadas — a China começou a emitir cada vez mais empréstimos e empreendeu projetos de infraestrutura em vários países, observa a mídia.
Base naval estratégica
A base militar de Lombrum foi construída durante a Segunda Guerra Mundial como uma base naval dos EUA, desempenhando um papel fundamental na estratégia de Washington no Pacífico, recorda a Reuters. Depois de os EUA terem abandonado a infraestrutura em 1946, ela passou para a Austrália e em 1974 para a Papua Nova Guiné.
Em meio a especulações sobre a intenção de Pequim de construir sua própria base em Manus Island, em 1º de novembro o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, declarou que seu país cooperaria com a Papua Nova Guiné na reconstrução de Lombrum.
Ademais, segundo opinam vários analistas citados pela Reuters, a presença chinesa nessa região poderia afetar a capacidade do Ocidente de navegar pelo Pacífico e oferecer um acesso próximo à base dos EUA em Guam.
Acordo controverso
O plano de reconstrução conjunta da base Lombrum não está isenta de controvérsia, no sentido de que nenhuma das partes procurou o apoio dos moradores locais, como foi observado pelo governador da ilha de Manus, Charlie Benjamin.
O projeto também foi criticado por Ronnie Knight, um ex-deputado da ilha. "Não houve discussão com nenhum dos moradores", disse ele à ABC News, acrescentando que faltam detalhes do acordo. Segundo ele, "há muitas perguntas por responder" sobre como a base será operada entre as partes.
"Em primeiro lugar, será uma base da Papua Nova Guiné administrada pelos australianos ou junto com os australianos? Se for assim, está bem", afirmou o político. "Se for uma base australiana administrada por si própria, então estamos hospedando uma base estrangeira em nosso solo e precisamos saber os detalhes que a acompanham."