Assessor do Consórcio de Tecnologias Radioeletrônicas russo explica como as capacidades de defesa de Damasco serão fortalecidas após o incidente com o avião russo Il-20 na Síria.
Sputnik
Em 17 de setembro, um míssil S-200 do sistema de defesa antiaérea sírio abateu um avião russo Il-20 que estava regressando para a base de Hmeymim. O abate ocorreu quando quatro caças israelenses F-16 atacavam instalações sírias em Latakia.
Krasukha 4, sistema de guerra eletrônica móvel © Sputnik / Pavel Lisitsin |
Segundo o Ministério da Defesa russo, os pilotos israelenses usaram o avião russo como cobertura, deixando-o sujeito ao fogo do sistema antiaéreo sírio. Do incidente resultou a morte de 15 militares russos. A Defesa russa disse que a parte israelense não a tinha avisado sobre a operação planejada na Síria e que a responsabilidade pela derrubada do avião é totalmente de Tel Aviv.
Nessa conexão, Moscou tomou a decisão de fornecer a Damasco sistemas de defesa antiaérea para protegerem o espaço aéreo sírio e garantirem a segurança dos militares russos que prestam serviço no país árabe. A Rússia já entregou à Síria vários sistemas de defesa aérea S-300 e unidades de contramedidas eletrônicas.
Estes equipamentos já foram implantados na Síria. Trata-se, em particular, de sistemas contra drones e contra armamentos de alta precisão.
O assessor do vice-diretor-geral da empresa russa Consórcio de Tecnologias Radioeletrônicas, Vladimir Mikheev, explicou à edição russa Army Standard como esse equipamento aumentará as capacidades defensivas do país.
O especialista disse que este equipamento tem sido usado para coletar informações, mas que, a partir de agora, as unidades passarão a estar em regime de alerta.
"Por isso, já não será possível como antes voar pela área com total impunidade e bombardeá-la ", declarou.
Em particular, ele alertou que os meios de guerra eletrônica permitirão neutralizar a atividade de aeronaves, bombas e mísseis.
O assessor especificou que a Rússia está agora criando na Síria um sistema similar ao que existia na URSS:
"Todos sabiam que ninguém, exceto a URSS, tinha uma defesa antiaérea semelhante, que incluía um radar para todas as altitudes, um sistema de mísseis de curto e longo alcance e a proteção dos próprios sistemas".
Como os sistemas de defesa antiaérea permanecerão ativos, eles serão capazes de detectar os aviões inimigos logo que eles comecem se movendo na pista de decolagem. Para além disso, o novo equipamento poderá determinar as capacidades dos aviões.
Se os objetivos do avião parecerem maliciosos, serão tomadas medidas eletrônicas. Ou seja, a aeronave suspeita perderá a comunicação e a navegação e não poderá transmitir dados para sua base terrestre ou outros aviões.
Se a aeronave, mesmo "cega", continuar o voo, os sistemas de defesa enviarão um sinal para identificá-la como "amigo ou inimigo". No caso de o avião ser determinado como inimigo, seu piloto receberá um aviso de que está na mira.
Supondo que a aeronave entre na área proibida apesar de todas as advertências, seus sistemas de controle serão bloqueados. No final, se o comportamento ameaçador for mantido, os militares podem usar armas contra o avião, conclui o especialista.
É assim que funcionam os sistemas clássicos de defesa antiaérea, que possuem capacidades significativamente melhores que os sistemas móveis autônomos.