Adel bin Ahmed Al-Jubeir também afirmou que o príncipe saudita 'não estava ciente' sobre morte de jornalista, que ocorreu dentro de consulado do reino em Istambul.
France Presse
O Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel bin Ahmed Al-Jubeir, disse neste domingo (21) que a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi foi um "erro sério". Em entrevista à Fox News, o ministro também afirmou que o príncipe Mohammed bin Salman não foi informado sobre a operação, não autorizada pelo regime.
O Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel bin Ahmed Al-Jubeir, disse neste domingo (21) que a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi foi um "erro sério". Em entrevista à Fox News, o ministro também afirmou que o príncipe Mohammed bin Salman não foi informado sobre a operação, não autorizada pelo regime.
Jamal Khashoggi, jornalista crítico ao governo da Arábia Saudita, desapareceu após entrar no consulado do seu país em Istambul — Foto: Mohammed al-Shaikh/AFP |
Al-Jubeir prometeu à família da vítima que os responsáveis serão punidos. "Isso foi um erro terrível. Isso é uma tragédia terrível. Nossas condolências para eles. Sentimos a dor deles", destacou. "As pessoas que fizeram isto, fizeram fora do alcance de sua autoridade. Obviamente, um erro sério enorme foi cometido e o que agravou foi a tentativa de acobertar", disse.
O ministro acrescentou que não sabe onde está o corpo do jornalista. "Não sabemos, em termos de detalhes, como aconteceu. Não sabemos onde está o corpo", disse o chanceler, antes de destacar que o procurador saudita ordenou a detenção de 18 pessoas, "o primeiro passo de uma longa jornada".
Al-Jubeir ressaltou, ainda, que o rei Salman "está determinado" que os responsáveis pela morte do jornalista "prestem contas"."Isto é inaceitável em qualquer governo. Infelizmente, estas coisas acontecem. Queremos garantir que os responsáveis sejam punidos e queremos assegurar que temos procedimentos estabelecidos para evitar que vote acontecer."
O país reconheceu no sábado (20) a morte do jornalista, que era crítico do regime do reino e exilado nos Estados Unidos, dentro do consulado do reino em Istambul. A morte ocorreu depois que ele compareceu ao local por questões burocráticas.
Até então, as autoridades de Riad afirmavam que Khashoggi havia deixado o consulado vivo.
"As conversas que aconteceram entre ele e as pessoas que o receberam no consulado saudita em Istambul resultaram em um confronto e uma briga de socos com o cidadão Jamal Khashoggi, o que provocou sua morte", afirmou o procurador-geral saudita, Saud al-Mojeb, segundo a agência oficial SPA. Ele não revelou o paradeiro do corpo.
Explicações
O ministério saudita da Informação afirmou que as pessoas que interrogaram Khashoggi, que tinha 59 anos, tentaram "ocultar o que aconteceu", sem entrar em detalhes.
Mas as explicações não são suficientes para os países que expressaram preocupação com o destino do jornalista. De acordo com fontes turcas, Khashoggi foi torturado e assassinado brutalmente por agentes sauditas que viajaram com este objetivo de Riad.
De acordo com vários jornais turcos, o corpo do jornalista, colaborador do Washington Post, teria sido desmembrado.
Apesar das explicações, diversas autoridades questionam os reais motivos da morte do jornalista. Entre eles está o ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, que destacou que as justificativas apresentadas por Riad "não são críveis".
"Respaldamos a investigação (das autoridades turcas) para saber os fatos, porque existe uma dúvida séria sobre a explicação apresentada", completou em uma entrevista à BBC.
Para o Canadá, as explicações de Riad sobre o caso "não têm consistência e credibilidade", enquanto a Alemanha as considerou "insuficientes". A França declarou que "restam várias perguntas sem respostas" e a União Europeia solicitou uma "investigação completa, confiável e transparente".
O presidente americano, Donald Trump, aliado dos sauditas, afirmou em um primeiro momento que as explicações eram críveis, mas depois considerou que eram escassas.
Bodes expiatórios
O vice-diretor do serviço de inteligência saudita, Ahmad al-Asiri, e um importante conselheiro da corte real, Saud al Qahtani, ambos colaboradores próximos do príncipe herdeiro, foram destituídos, anunciou Riad. Além disso, 18 suspeitos foram detidos, todos sauditas.
Para alguns analistas ocidentais, as destituições e detenções são uma forma de apontar bodes expiatórios e de manter afastado do caso o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, considerado o homem forte do reino e para quem Khashoggi era um "inimigo".
Imprensa oficial elogia
Os principais aliados de Riad na região - Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Egito, Jordânia, Omã e a Autoridade Palestina - elogiaram os anúncios sauditas.
A imprensa oficial do reino celebra neste domingo as decisões e medidas adotadas pelas autoridades sauditas. "A justiça continua", os responsáveis "prestarão contas", afirma o jornal Okaz. "O reino da justiça e da firmeza", destaca o Al Riyadh.
Ao mesmo tempo, os investigadores turcos prosseguem com seu trabalho, com operações em uma grande floresta da região de Istambul. Ancara afirmou que pretende revelar tudo o que aconteceu, mas não estabeleceu um prazo.