O Exército Brasileiro trabalha na adaptação e modernização de 96 blindados que vão reforçar a artilharia e o combate terrestre das Forças Armadas. A Defesa ainda espera outras 32 viaturas no início do próximo ano.
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Os veículos desembarcaram no Porto de Paranaguá, no Paraná, após 16 dias de viagem. O lote, doado pelo Exército dos Estados Unidos, foi encaminhado ao Parque Regional de Manutenção da 5.a Região Militar.
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Falando à Sputnik Brasil, o tenente-coronel Nogueira, do Comando Militar do Sul, afirmou que o equipamento impulsionará a artilharia da Força.
De acordo com o Exército Brasileiro, os blindados passarão por um processo de modernização e adaptação. Segundo o especialista em questões de Defesa, Pedro Paulo Rezende, em entrevista à Sputnik Brasil, o processo servirá para dar mais poder de fogo à tropa.
"O canhão ganha mais alcance e passa a atingir alvos de até 30 quilômetros. O sistema de tiro é completamente modificado para o que chamamos de repotencialização. Trocam-se o cano do canhão e o sistema de tiros, então você tem um sistema que adquire mais rápido o alvo e permite maior precisão. […] Além de tudo, se modifica o sistema motriz do canhão autopropulsado. No final você tem praticamente um carro novo", ressalta o jornalista.
Ao todo, o Exército recebeu 40 viaturas remuniciadoras M992 e 56 obuseiros autopropulsados M109 A5. O M109 A5, além de maior precisão no tiro e de melhorias no sistema de posicionamento e navegação, ainda será equipado com medidor de velocidade inicial, sistema eletrônico de pontaria, GPS, travamento automático do tubo, navegação inercial e computador de tiro.
Segundo o tenente-coronel Nogueira, os blindados, que pesam cerca de 30 toneladas cada um, serão usados no apoio às tropas de Infantaria e Cavalaria.
"As viaturas blindadas recebidas serão usadas nos grupos de artilharia orgânicos de brigadas blindadas e de artilharia divisionária, organizações militares que têm por missão precípua prover o apoio de fogo à manobra das tropas blindadas de Infantaria e cavalaria", conta o militar.
Pedro Paulo Rezende explica que, em confronto, esse tipo de equipamento é utilizado na retaguarda, para dar apoio às tropas.
"Os veículos são utilizados em apoios de fogo de tropa. São equipamentos que ficam na retaguarda. Eles não vão para a linha de frente, e servem para abrir caminho para as outras forças e para destruir os inimigos na retaguarda. Eles têm um alcance relativamente grande depois de modernizados e são bastante efetivos na função deles", explica o especialista.
Rezende diz ainda que, em comparação com países vizinhos, o Brasil ainda está atrás em algumas áreas.
"Na questão de artilharia, nós estamos à frente de outros países da América Latina. Inclusive a Venezuela, que tem equipamento com alcance de até 180 quilômetros. Em relação a outras áreas, como carros de combate e blindados que se utilizam diretamente em confronto, nós estamos atrás. Chile e Venezuela têm carros de combate mais modernos do que nós. O Peru está planejando substituir a frota de carros de combate deles por carros de combate T-90 russos", avalia Rezende.
Além desses veículos, o Exército Brasileiro deve receber um novo grupo de viaturas no início de 2019.
"Há previsão de chegada de um novo lote, no início do ano que vem: 32 viaturas M109 A5 Plus, que já estão em manutenção nos EUA", explicou o major Souza e Silva, da Seção de Transporte Internacional da Comissão do Exército Brasileiro em Washington, em nota divulgada para a imprensa.
O M109 A5 tem maior alcance e reduz o tempo entre o recebimento da missão de tiro e o disparo, em mais de 80%, quando comparado aos modelos anteriores.