O Ministério da Defesa russo divulgou um vídeo do envio dos sistemas de defesa antiaérea S-300 para a Síria. Agora a Rússia terá menos motivos para se preocupar, acredita o analista Pavel Salin.
Sputnik
As imagens divulgadas pelo ministério mostram os sistemas de mísseis antiaéreos S-300 na Síria, sendo descarregados de uma aeronave de transporte militar An-124 Ruslan.
S-300 Favorit © Sputnik / Uriy Shipilov |
A decisão sobre a entrega dos S-300 para a Síria foi tomada após 17 de setembro, quando um míssil de um sistema de defesa antiaérea S-200 sírio, durante a resposta a um ataque conduzido pela aviação israelense, abateu por engano um avião russo Il-20, com 15 pessoas a bordo, que estava voltando para a base de Hmeymim.
Moscou responsabilizou Israel pelo incidente, argumentando que os caças israelenses puseram o Il-20 debaixo de fogo, usando-o como escudo. Passada uma semana, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou medidas para aumento da segurança dos militares russos no país, inclusive a entrega dos sistemas S-300.
Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, Pavel Salin, diretor do Departamento de Ciências Políticas do Instituto de Finanças junto ao Governo da Rússia, acredita que a decisão de Moscou pode ajudar a estabilizar a situação na Síria.
"Há muitos atores no território da Síria, e todos têm seus interesses. Mas agora, eu acho, haverá menos motivos para preocupação quanto à retaguarda […]", indicou.
"Existe a posição de Israel, que é contra isso, argumentando que tal passo irá aumentar o grau de tensão. Existe também a posição de Moscou, que tomava em conta a posição de Israel, pois o contrato para entrega [dos sistemas] foi firmado com as autoridades sírias em 2010, mas até à data não houve fornecimentos, levávamos em consideração a opinião do lado israelense. Mas aconteceu uma tragédia com vítimas. Em primeiro lugar, a Rússia pensa nos seus militares", assinalou o especialista.
Salin frisou que a Rússia não esconde o fornecimento, comentando porque o ato é tão publicitado.
"Perante o lado israelense [e não só perante ele] todas as cartas estão à vista – eis com o que vocês podem contar, avaliem os riscos. Acredito que Israel também se preocupa com os seus militares e não irá pô-los em risco […]", destacou.
O analista concluiu que a situação na Síria não depende somente de Israel, que em suas ações o país também reage a vários desafios, o que dificulta quaisquer previsões dos acontecimentos futuros.