A Marinha do Brasil (MB) iniciou uma sondagem discreta, mas em nível elevado (envolvendo oficiais de altas patentes), para averiguar as condições em que poderia obter destróieres usados japoneses.
Por Roberto Lopes | Poder Naval
A aproximação se dá no âmbito de um inusitado e vigoroso estreitamento das relações militares entre os dois países – iniciativa relativamente recente do governo de Tóquio. (Não esquecer: o Brasil é a nação que possui a maior comunidade de origem japonesa em todo o mundo.)
Destróier Asagiri DD-151, da Força Marítima de Auto-Defesa do Japão (JMSDF) |
A Administração do Primeiro-Ministro Shinzô Abe selecionou uns poucos países de fora do Sudeste Asiático – Brasil e Austrália entre eles – com potencial para serem considerados “parceiros estratégicos” na troca de informações na área de Defesa, o que inclui abrir espaço para os sofisticados (mas caros) equipamentos militares fabricados pelo Japão.
Brasil e Japão possuem 123 anos de relações diplomáticas e, desde outubro de 2014, quando Abe esteve no Brasil, vêm acontecendo contatos mútuos no setor de Defesa.
Na metade final de fevereiro de 2016, o Brasil recebeu o general Kiyofumi Iwata, então com 61 anos, primeiro chefe do Estado-Maior das Forças Terrestres de Autodefesa do Japão a desembarcar no país.
Ano passado, um oficial do Exército japonês participou, como observador, do Amazonlog, o Exercício de Logística Multinacional Interagências conduzido pelo Comando Logístico do Exército Brasileiro.
O que, agora, mais chamou a atenção dos chefes navais brasileiros: para as Forças Armadas dos países classificados como potenciais “parceiros estratégicos”, as autoridades do Ministério da Defesa japonês acenam com vendas de produtos amparadas (1) em parcelamentos invulgarmente longos, e (2) taxas de juros abaixo das praticadas por fornecedores europeus e sul-coreanos. Tudo financiado por bancos japoneses.
Yamamoto
Historicamente, as empresas da Indústria de Material de Defesa japonesas só podem vender equipamentos de vigilância, transporte e monitoramento. Mas isso vem ficando, cada vez mais, na teoria.
Essas companhias já estão no mercado oferecendo aviões de patrulha aptos a lançar mísseis e torpedos e submarinos oceânicos dotados de propulsão independente da atmosfera (AIP) que disparam torpedos e mísseis, além de “semear” minas.
A Marinha do Brasil também considera que conhece pouco sobre os sensores e sistemas militares fabricados no Japão – e quer sanar essa deficiência.
Em 30 de abril deste ano, o ministro da Defesa brasileiro, Joaquim Silva e Luna, recebeu, em Brasília, uma delegação do Ministério da Defesa japonês, chefiada pelo vice-ministro Tomohiro Yamamoto, um deputado formado em Direito de 43 anos de idade.
Os dois países elaboram, nesse momento, um Memorando de Entendimento sobre intercâmbio de informações nas áreas Aeroespacial, de Missões de Paz, Defesa Cibernética, e de assuntos relacionados aos Jogos Mundiais Militares, previsto para acontecer em Tóquio, no ano de 2020.
Durante sua estadia na capital brasileira Yamamoto classificou o diálogo entre os Exércitos de ambas as nações como “dinâmico”, mas forneceu uma pista de que a intenção de seu governo é mais ampla – “e manifestou interesse de estreitar essas relações também com as outras Forças, aérea e naval”, conforme revelou um comunicado oficial da Pasta de Silva e Luna.
Também chamou a atenção dos brasileiros o alto nível da comitiva de Yamamoto, que incluiu, além do encarregado de Negócios e do Adido de Defesa da Embaixada do Japão no Brasil, o diretor-adjunto da Divisão de Política Internacional do Ministério da Defesa japonês, Itsuki Sugihara, a adjunta dessa Divisão, Kaori Tatsumi, e o assistente Executivo do vice-ministro, Shota Shimizu.
Destróieres
Essas companhias já estão no mercado oferecendo aviões de patrulha aptos a lançar mísseis e torpedos e submarinos oceânicos dotados de propulsão independente da atmosfera (AIP) que disparam torpedos e mísseis, além de “semear” minas.
A Marinha do Brasil também considera que conhece pouco sobre os sensores e sistemas militares fabricados no Japão – e quer sanar essa deficiência.
Em 30 de abril deste ano, o ministro da Defesa brasileiro, Joaquim Silva e Luna, recebeu, em Brasília, uma delegação do Ministério da Defesa japonês, chefiada pelo vice-ministro Tomohiro Yamamoto, um deputado formado em Direito de 43 anos de idade.
Os dois países elaboram, nesse momento, um Memorando de Entendimento sobre intercâmbio de informações nas áreas Aeroespacial, de Missões de Paz, Defesa Cibernética, e de assuntos relacionados aos Jogos Mundiais Militares, previsto para acontecer em Tóquio, no ano de 2020.
Durante sua estadia na capital brasileira Yamamoto classificou o diálogo entre os Exércitos de ambas as nações como “dinâmico”, mas forneceu uma pista de que a intenção de seu governo é mais ampla – “e manifestou interesse de estreitar essas relações também com as outras Forças, aérea e naval”, conforme revelou um comunicado oficial da Pasta de Silva e Luna.
Também chamou a atenção dos brasileiros o alto nível da comitiva de Yamamoto, que incluiu, além do encarregado de Negócios e do Adido de Defesa da Embaixada do Japão no Brasil, o diretor-adjunto da Divisão de Política Internacional do Ministério da Defesa japonês, Itsuki Sugihara, a adjunta dessa Divisão, Kaori Tatsumi, e o assistente Executivo do vice-ministro, Shota Shimizu.
Destróieres
A frota de guerra japonesa possui, atualmente, 25 destróieres das classes Abukuma, Hatsuyuki, Asagiri e Murasame, com deslocamentos que variam entre 2.550 e 6.100 toneladas, e época de comissionamento (entrada em operação) que vai do ano de 1982 até o início da década de 2000.
Destróier de escolta classe Abukuma e seu armamento |
Incorporados entre 1988 e 1991, os navios classe Asagiri, de 4.900 toneladas, são superiores – em sensores e armamentos – às fragatas classe Niterói (dez anos mais antigas), mas, segundo o Poder Naval pôde apurar, não empolgam os chefes navais brasileiros.
Destróier Asagiri DD-151 |
Os almirantes da MB preferem os navios da classe Murasame, de 151 m de comprimento e 6.100 toneladas (a plena carga), construídos nos anos de 1990 e modernizados com tecnologia stealth (furtiva), eletrônica avançada e melhorias nos seus sistemas de mísseis. Só que, pelo que se sabe, ainda não há previsão para que os destróieres Murasame sejam descomissionados.
Destróier Murasame DD-101 |
Os japoneses, por outro lado, não descartam oferecer à MB produtos novos. Caso de aviões de patrulha (ainda não discriminados) e do projeto de escolta multifunção conhecido, por enquanto, apenas como 30DX: um navio de 130 metros de comprimento e 3.900 toneladas de deslocamento, que acaba de ser encomendado pelo Comando Naval Japonês ao grupo industrial Mitsubishi Heavy Industries (MHI).
Kawasaki P-1 |
Oito embarcações dessa série serão entregues, na próxima década, à Força Marítima de Autodefesa japonesa.
Todas serão dotadas de um canhão de proa de 5 polegadas – quase que certamente um modelo BAE Mk.45 Mod. 4 –, um número (ainda desconhecido) de células de lançamento vertical de mísseis antiaéreos, contêineres para mísseis antinavio e um sistema de mísseis de defesa de ponto.
O radar multifunção primário e outros sensores igualmente primários serão colocados em um mastro integrado; o sonar de casco será montado para as operações de contramedidas. A classe 30DX também terá datalinks táticos, equipamento SATCOM para comunicações, além de um sonar de profundidade variável integrante do conjunto de sensores antissubmarino.
O projeto prevê propulsão por uma turbina a gás Rolls-Royce MT30, e um par de motores a diesel MAN 12V28/33D STC, em arranjo CODAG (Combinado de Diesel e Gás), que possibilitaria ao navio velocidades no patamar dos 30 nós.
O problema, nesse caso, como o leitor bem pode imaginar, é o preço: cada 30DX deve custar 50 bilhões de ienes, ou cerca de US$ 450 milhões.
Concepção em 3D do futuro combatente de superfície japonês 30DX |
Sensores
A leitura que os chefes navais brasileiros fazem hoje é que, autorizados pelos americanos, os japoneses se inclinam por vender, às chamadas “nações amigas”, os quadrimotores de reconhecimento marítimo P-3C Orion, o bimotor de alerta aéreo antecipado E-2C Hawkeye, helicópteros Sikorsky Seahawk, ou mesmos navios de apoio logístico e caça-minas.
Isso, naturalmente, fora os equipamentos e tecnologias que possam interessam à Força Aérea Brasileira e ao Exército (como helicópteros de ataque e sistemas de Guerra Cibernética).
Aos militares brasileiros já foi possível determinar que certos equipamentos de grande capacidade das Forças de Autodefesa, como o P-3C Orion, e o E-2C Hawkeye serão retirados da ativa em breve.
Para o esclarecimento marítimo os japoneses têm em implantação os moderníssimos quadrimotores a jato Kawasaki P-1, de custo unitário orçado em 164 milhões de dólares em 2015. Tão caro que as marinhas do Reino Unido, da França e da Nova Zelândia tiveram que desistir da ideia de comprá-lo.
Mas, de uma forma geral, os produtos militares japoneses se situam, na escala de valores, entre os equipamentos americanos – mais baratos – e os europeus, cobrados em Euros (mais caros).
Isso, naturalmente, fora os equipamentos e tecnologias que possam interessam à Força Aérea Brasileira e ao Exército (como helicópteros de ataque e sistemas de Guerra Cibernética).
Aos militares brasileiros já foi possível determinar que certos equipamentos de grande capacidade das Forças de Autodefesa, como o P-3C Orion, e o E-2C Hawkeye serão retirados da ativa em breve.
Para o esclarecimento marítimo os japoneses têm em implantação os moderníssimos quadrimotores a jato Kawasaki P-1, de custo unitário orçado em 164 milhões de dólares em 2015. Tão caro que as marinhas do Reino Unido, da França e da Nova Zelândia tiveram que desistir da ideia de comprá-lo.
Mas, de uma forma geral, os produtos militares japoneses se situam, na escala de valores, entre os equipamentos americanos – mais baratos – e os europeus, cobrados em Euros (mais caros).