Washington prevê para a próxima década reforçar sua frota de submarinos com os mais novos submersíveis nucleares da classe Columbia, que deverão substituir os obsoletos submarinos de classe Ohio. No entanto, o surgimento de algumas deficiências logo na primeira etapa de construção põe em dúvida a continuidade dos planos.
Nikolai Protopopov | Sputnik
O programa de construção de novos porta-mísseis estratégicos foi previamente estimado em US$ 120 bilhões (R$ 499 bilhões), com o primeiro dos 12 submarinos devendo entrar em serviço da Marinha dos EUA em 2028, segundo o relatório apresentado ao Congresso.
Submarino nuclear norte-americano da classe Columbia © FOTO: PUBLIC DOMAIN/U.S. NAVAL SEA SYSTEMS COMMAND
De acordo com os dados, cada submarino contará com uma tripulação de 155 homens. A embarcação, com cerca de 170 metros de comprimento e 20.000 toneladas de deslocamento, receberá 16 mísseis balísticos Trident II de quarta geração, com um alcance de 11 mil quilômetros. Os mísseis possuem 8 ogivas com capacidade de orientação individual de 475 quilotons, ou 14 ogivas de 100 quilotons.
Uma das características do novo submersível é seu reator nuclear que não necessita de "reabastecimento" por toda a sua vida útil (cerca de 42 anos).
Outra importante inovação está em seu design, que permitirá diminuir significativamente o nível de ruído imitido, tornando-o um dos mais silenciosos do mundo.
Espera-se que os Columbia substituam gradualmente os submarinos da classe Ohio, que estão em serviço há mais de trinta anos. Agora, há cerca de quinze deles na Marinha, cada um com capacidade de transportar 24 mísseis balísticos intercontinentais.
Apesar do alto custo, o projeto tem tido pouco sucesso. Na primeira etapa da construção, foram detectados defeitos na soldagem das juntas dos lançadores de mísseis, o que pode interromper o programa de produção, vital para o país em termos de dissuasão nuclear, relata a Defense News.
Essa não é a primeira vez que os norte-americanos enfrentam problemas com a criação de equipamentos navais. Anteriormente, o primeiro navio da série DDG-1000, Zumwalt, sofreu uma falha nos motores um mês após seu lançamento e teve que ser rebocado. Além disso, foi encontrado um vazamento no sistema de refrigeração do lubrificante. Enquanto isso, o destróier Michael Monsur, da série DDG-1001, teve problemas no sistema de propulsão e boa parte de todo seu recheio eletrônico de alta tecnologia ficou inoperacional.
Outro projeto extremamente caro foi o do porta-aviões Gerald Ford, que deveria entrar em serviço em 2019, mas, devido a falhas permanentes de vários sistemas e equipamentos, viu o prazo prorrogado para 2022.
Segundo o especialista militar Alexei Leonkov, os problemas com a qualidade do equipamento militar americano surgiram como resultado da fusão do complexo militar-industrial e do Pentágono no período de 1991 até o início dos anos 2000.
"Foi criado um determinado componente de corrupção, os contratos estão sendo executados a preços muito inflacionados […] O complexo militar-industrial começou indisfarçadamente a ganhar dinheiro com a ajuda do departamento militar, sem prestar atenção à qualidade. Muitas instalações de produção estão localizadas fora dos EUA, economizam em componentes, terceirizam o trabalho, os estaleiros e fábricas lidam apenas com a montagem final", explicou Leonkov à Sputnik.
Problemas frequentes e defeitos na produção indicam uma baixa qualificação dos especialistas e, possivelmente, motivação insuficiente. Outro fator que afeta a qualidade dos armamentos é a ausência nos Estados Unidos de um conceito como "testes de aceitação de armamentos".
Ao contrário dos americanos, a Rússia leva muito a sério todo o processo de produção e desenvolvimento de suas armas. Os armamentos com defeitos não chegam às tropas e, no caso de serem identificadas falhas, os responsáveis são duramente punidos.
Na Rússia é prestada especial atenção à produção de armamentos estratégicos. Assim, as Frotas do Norte e do Pacífico estão agora ativamente se rearmando com submarinos nucleares do projeto Borey, que entrarão em serviço da Marinha até 2020, além de beneficiarem de vários outros programas.