Segundo presidente da Autoridade Palestina, proposta foi apresentada em reunião com genro de Donald Trump. Mahmoud Abbas contou que só aceitaria proposta se Israel fosse incluída nessa confederação.
Deutsch Welle
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse neste domingo (02/09) que uma equipe de negociação dos Estados Unidos ofereceu um plano de paz baseado na criação de uma confederação Jordânia-Palestina. O palestino respondeu que só aceitaria a proposta se Israel também fosse incluída nessa confederação.
Segundo membro de ONG, Abbas pediu para incluir os israelenses na confederação como uma forma de recusar a proposta |
Abbas fez as declarações em uma reunião com a ONG israelense Paz Agora e alguns políticos israelenses e advogados palestinos em Mukataa, sede do governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), informou Brian Reeves, diretor de Desenvolvimento e Relações Externas da Paz Agora.
Segundo Reeves, Abbas disse que tal proposta foi levantada em uma conversa que o líder palestino teve com Jared Kushner, genro e conselheiro de Donald Trump, e com o enviado especial do presidente americano ao Oriente Médio, Jason Greenblatt.
"Abbas disse que ele respondeu a Kushner e Greenblatt que não aceitaria a proposta, apenas se considerasse uma confederação entre Israel, Palestina e Jordânia", relatou Reeves.
Outro membro da ONG, Hagit Ofran, confirmou o relato e disse que Abbas fez o pedido de incluir os israelenses na confederação como uma forma de recusar a proposta, uma vez que este último país jamais aceitaria tal sugestão.
Não foram divulgados detalhes sobre a data da reunião entre Abbas e os representantes americanos. A Autoridade Palestina cortou oficialmente qualquer contato com a Casa Branca depois que Trump anunciou, em dezembro, que os Estados Unidos reconheceriam unilateralmente Jerusalém como capital de Israel.
Parte da direita israelense considera que uma confederação palestino-jordaniana seria uma forma de evitar a criação de um Estado palestino independente, e de se desfazer de qualquer tipo de responsabilidade em relação aos 3,5 milhões de palestinos que vivem atualmente na Cisjordânia, território ocupado militarmente por Israel há mais de meio século.
Na mesma reunião de hoje, Abbas reiterou o apoio à solução de dois Estados - um israelense e outro palestino - e Jerusalém como a capital de ambos os países e apoiou o direito de retorno dos palestinos.
O presidente palestino também disse hoje que os Estados Unidos atuam de "maneira hostil com os palestinos e que estão impedindo o processo de paz", segundo o diretor do Paz Agora.
Trump estipulou o objetivo de obter um acordo de paz "final" entre Israel e os palestinos, e encarregou seu genro e conselheiro, Jared Kusher, de trabalhar com uma equipe neste projeto. Kusher e Greenblatt fizeram um giro discreto pela região no fim de junho.