A mídia norte-americana, com referência a fontes em Washington, confirma que Trump considera a possibilidade de atacar as forças russas e iranianas na Síria, caso o presidente sírio, Bashar Assad, utilize armas químicas em Idlib.
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O principal instrumento de ataque das forças americanas na região são os mísseis de cruzeiro Tomahawk instalados em navios. Por sua vez, o presidente dos EUA já havia informado que o próximo golpe pode ser mais violento, dando a entender que não seriam apenas os militares sírios a ser atingidos. Será que a forças russas concentradas na região do Mediterrâneo serão capazes de combater um ataque maciço de mísseis Tomahawk?
Navio antissubmarino russo Admiral Vinogradov © Sputnik / Vitaly Ankov |
Do ponto de vista de proteção aérea, as forças russas na Síria não estão mal. Em sua base aérea, localizada no subúrbio sírio de Latakia, foi implantada uma complexa rede de defesa aérea. As diversas instalações são protegidas pelo sistema de mísseis antiaéreos de longo alcance S-400.
Um segundo "anel" é constituído pelos sistemas de mísseis antiaéreos S-300 Fort, instalados em navios, que protegem a parte oriental do mar Mediterrâneo. Para além disso, os militares podem contar ainda com os sistemas terrestres sírios Buk-M2E, os mísseis S-125 Pechora-2M e os complexos antiaéreos russos Pantsir-S1.
Além de repelirem um ataque aéreo, as tripulações dos caças Su-30SM e Su-35 estão prontas para se juntarem a qualquer momento, em uma espécie de rede de conexão que atua como um sistema único.
O especialista militar russo Vladimir Korovin disse à Sputnik que a essência dessa tática tem a ver com o fato de que os navios de guerra, aviões e sistemas terrestres de defesa aérea operam em um único campo de informação que se comunica entre si.
"O adversário potencial sabe quantos sistemas de mísseis antiaéreos possuímos nesta área e já há muito tempo que delineou o seu raio de ação nos mapas […] O número de sistemas de fogo do lado que se defende deve ser, no mínimo, o dobro do número de mísseis de cruzeiro do agressor", informou Korovin.
Segundo os especialistas, uma estreita cooperação entre a Marinha, a Força Aeroespacial e forças terrestres resolverá, ao menos parcialmente, este problema. Se os mísseis de defesa aérea forem integrados com os mísseis ar-ar da aviação tática, a artilharia antiaérea dos navios e os sistemas de guerra radioeletrônica das unidades costeiras, então, a superioridade numérica de um potencial inimigo será neutralizada.
"Quando todos os sistemas de defesa aérea estão englobados num sistema único, trabalhando de forma coordenada no espaço e no tempo, tal 'muralha' é capaz de fazer muito."
Korovin lembrou que, em abril de 2018, a coalizão liderada pelos Estados Unidos lançou 105 mísseis de cruzeiro contra a Síria. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, a defesa antiaérea interceptou 71 Tomahawk. Os americanos, é claro, relataram que todos os mísseis haviam atingido seu alvo. No entanto, nem a mídia russa, síria ou ocidental estabeleceu os resultados dos alvos atingidos.
"Diante de nossos olhos, um duelo está sendo preparado […] Ambos os lados não sabem o que fazer. Se os norte-americanos atacarem, e se nós [os russos] e os sírios destruirmos todos os seus mísseis [ou a maior parte deles], isso será um completo fracasso para os americanos."
"Neste caso, todo o Oriente Médio irá comprar os sistemas de mísseis antiaéreos na Rússia. Mas se a defesa aérea síria e russa não conseguirem lidar com essa tarefa, acabará ocorrendo o contrário", ressaltou.
Anteriormente, o Ministério da Defesa russo reagiu aos deslocamentos de navios e aeronaves dos Estados Unidos na zona do Mediterrâneo, apontando para a intenção de Washington de usar como pretexto um ataque químico encenado por militantes. Segundo o departamento militar, a provocação está sendo preparada com a participação ativa dos serviços secretos britânicos, enquanto que o exército russo alega saber até mesmo o lugar exato onde isso acontecerá.