Os EUA estão fornecendo armas aos terroristas na Síria através de países terceiros tais como a Ucrânia, acaba de anunciar a chancelaria síria. Em uma conversa com a Sputnik, o cientista político Yuri Pochta enumerou as razões por que Kiev participa do tráfico de armas no mercado "cinza".
Sputnik
Mais cedo, o primeiro-secretário do Departamento de Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Síria, Alaa Din Saeed Hamdan, afirmou que Washington e seus aliados estariam fornecendo armas aos militantes dos agrupamentos terroristas Frente al-Nusra e Daesh, proibidos na Rússia, usufruindo de "intermediários".
Armazém de armas dos terroristas encontrado em Deir ez-Zor, Síria © Sputnik / Morad Saeed |
"É evidente que os EUA e seus aliados fornecem um grande número de munições e armamentos através de países terceiros, como, por exemplo, países do Leste Europeu, a Ucrânia ou países dos Bálcãs, para suprimir armas à Frente al-Nusra ou ao Daesh", disse o representante da chancelaria síria.
O cientista político e professor da Universidade Russa da Amizade dos Povos, Yuri Pochta, comentou a declaração do diplomata ao serviço russo da Rádio Sputnik.
"As declarações dos diplomatas sírios sobre as armas serem entregues aos terroristas na Síria inclusive através da Ucrânia, provavelmente, são fundamentadas. Já faz muito que o 'mercado cinza' dos armamentos abastece de modo bem eficiente os agrupamentos radicais, inclusive os que continuam a resistência na Síria. Claro que as questões de legitimidade e moral, nesse caso, vão para segundo plano, se trata apenas de obter lucros. Após o colapso da URSS, a Ucrânia vendeu ativamente enormes reservas de armamentos que ficaram no seu território e não cuidou muito de selecionar escrupulosamente os compradores", disse o cientista político.
De acordo com ele, Kiev tem também outros motivos para participar do tráfego ilegal de armamentos, além do financeiro.
"Além do financeiro, aqui tem outro aspecto — o político. Uma série de agrupamentos radicais é apoiada pelo Ocidente de forma clandestina, por isso os países ocidentais não fornecem para lá as armas diretamente a partir do seu território, mas os abastecem através de países terceiros. Ou seja, acontece uma espécie de ‘lavagem' de armas. E a Ucrânia, infelizmente, também participa disso, evidentemente", sublinhou Pochta.
O conflito armado na Síria se arrasta desde o ano de 2011. Nos finais de 2017, foi anunciada a vitória sobre o Daesh na Síria e no Iraque, porém, em certas regiões ainda se efetuam operações de limpeza com ajuda da Força Aeroespacial da Rússia.