Ucrânia pode criar uma verdadeira base naval no mar de Azov com o mesmo êxito que teria de construir uma base militar espacial em Marte. O país não tem nem quadros, nem capacidades técnicas para isso, declarou à Sputnik o especialista em ciências políticas Mikhail Nenashev.
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"A Ucrânia pode criar uma base naval de pleno valor no mar de Azov com o mesmo grau de probabilidade que de construir uma base militar espacial em Marte. Durante quatro anos os restos da Marinha ucraniana estão em Odessa, onde continua não existindo uma base naval com zona de cais e infraestruturas apropriadas", disse Mikhail Nenashev à agência.
Militares ucranianos no Mar de Azov © AFP 2018 / Alexander Khudoteply |
Em sua opinião, em Odessa "não há sequer dois navios ao menos de segunda categoria em estado de prontidão de combate".
"Se falarmos do mar de Azov, ele é de águas pouco profundas. Por ele circulam principalmente navios da classe ‘rio-mar'. Lá é necessário desenvolver a pesca, o turismo, uma cooperação multifacetada entre os nossos países, e não construir bases para navios de guerra. Infelizmente, hoje em dia isso é impedido por conflitos em diferentes vetores, que são desencadeados pelos dirigentes [nacionalistas com ideologia] de bandeira ucranianos com ajuda dos curadores americanos", concluiu o especialista.
Anteriormente, o tenente-general ucraniano Vasily Bogdan disse à edição Obozrevatel que Kiev tem capacidade de instalar uma base naval que se torne um sério problema para a Rússia, a obrigando a "fazer concessões e a sentar-se à mesa de negociações".
Para Bogdan, a criação de uma infraestrutura militar na região poderá também influenciar o cumprimento dos acordos de Minsk, ou seja, a resolução do conflito em Donbass, e a questão da Crimeia. O general expressou a esperança que o Ocidente ajude Kiev neste assunto.
A situação da navegação comercial no mar de Azov tem piorado desde o início deste ano. Em março, a Ucrânia deteve o navio de pesca russo Nord, acusando seu capitão de visitar ilegalmente a Crimeia "com o fim de prejudicar os interesses do Estado", e a seguir o navio-cisterna Mekhanik Pogodin com sua tripulação a bordo.
Moscou, por sua vez, qualificou as ações de Kiev como "terrorismo marítimo" e reforçou as inspeções fronteiriças na sua parte do mar de Azov.