O relatório preparado pelo major-general da reserva, Yitzhak Brik, comissário para os direitos dos soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), está sendo discutido em Israel.
Sputnik
O relatório apresentado ao Parlamento do país, o Knesset, revela uma grave crise nas IDF, relata a edição hebraica Haaretz.
Militares israelenses © AP Photo / Neil Cohen |
Brik conduziu uma crítica excepcionalmente contundente da política de pessoal das Forças de Defesa de Israel. Em uma carta oficial, o militar fundamentou suas críticas em uma longa lista de conversas com dezenas de oficiais do Exército.
O relatório descreve uma organização medíocre que sofre de exaustão por sobrecarga. Também são reprovados o desleixo dos comandantes e a grave crise de motivação entre os jovens oficiais que geralmente abandonam a carreira militar.
Brik adverte que a crise prejudica a prontidão das Forças de Defesa de Israel para a guerra e cita oficiais em campo que alertam que as principais autoridades do país vendem uma imagem falsa que não corresponde à realidade.
Em sua carta, o mediador militar cita um comandante da brigada do Exército: "Nós [oficias em campo] nos tornamos um grupo de covardes. Tenho vergonha também de ter parado de mencionar problemas em conferências. Infelizmente, isso só me prejudicaria. Em todo caso, tudo cai em ouvidos surdos".
O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Gadi Eizenkot, referiu-se às queixas do mediador durante uma sessão fechada do Comitê de Assuntos Exteriores e de Defesa. Eizenkot aceitou parte das críticas sobre o conhecimento e a disciplina organizacional das IDF.
Por outro lado, ele rejeitou a advertência de Brik sobre a deficiência dos preparativos das IDF para a guerra e acrescentou que ele não tinha autoridade e ferramentas para examinar sistematicamente esses aspectos.
O Exército israelense continua tendo a imagem de ser a força mais capaz no Oriente Médio, invencível diante de seus vizinhos árabes. Mas na classificação internacional da Global Firepower, a posição das IDF está em constante queda.
Se em 2014 o Exército de Israel ocupou o 11º lugar, este ano caiu para 16º. O Exército russo, em comparação, está em segundo lugar, reportou o jornal Vzglyad.
O ex-chefe do serviço especial israelense Nativ, Yaakov Kedmi, justifica a situação devido ao desaparecimento de ameaças contundentes contra a existência de Israel. Agora a sociedade não está disposta a conceder privilégios ao Exército e os recursos utilizados para sua manutenção já são elevados.
"Isso é visto em tudo: tanto no que diz respeito a pensões e salários como a todos os tipos de privilégios financeiros para o pessoal militar regular. Além disso, a motivação para servir nas forças armadas, que costumava ser baseada no sentimento de perigo e exigia a dar tudo para a defesa do Estado, foi reduzida", ressaltou Kedmi.