A Turquia aumentou radicalmente os impostos sobre vários produtos importados dos EUA. Cientista político russo avalia até onde poderão chegar as divergências entre os dois países.
Sputnik
Em resposta às sanções norte-americanas, a Turquia elevou drasticamente as taxas aduaneiras sobre várias importações dos EUA. Por exemplo, as taxas de importação sobre tabaco aumentam 60%, sobre o álcool — 140%. As tarifas também foram aumentadas sobre automóveis, cosméticos, arroz, frutas e outras importações dos EUA.
Recep Tayyip Erdogan e Donald Trump © REUTERS / Asin Bulbul/Kevin Lamarque |
Na sexta-feira passada (10), o líder estadunidense Donald Trump anunciou ter autorizado o aumento das tarifas sobre o alumínio (para 20%) e aço (para 50%) importados da Turquia, causando uma desvalorização histórica da moeda nacional turca.
Nesta segunda-feira (13), o Banco Central da Turquia prometeu aos bancos nacionais que assegurará a liquidez por meio de reservas financeiras.
Comentando as tensões entre os dois países, o cientista político, Mikhail Smolin, lembrou que as relações vinham se agravando há muito, principalmente desde a tentativa de derrubar o líder turco na madrugada de 16 de julho de 2016. Para Smolin, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acredita que o golpe teria sido orquestrado por Washington.
"As tensões são muito sérias: os EUA sob liderança de Trump apostam em Israel como líder da região, mas a Turquia não concorda com isso, tendo ambições de ampliar sua influência no Iraque e na Síria, e os Estados Unidos estão obviamente resistindo a isso. Então temos um conflito se aprofundando", disse o analista para o serviço russo da Rádio Sputnik.
Apesar disso, opina Smolin, a Turquia não está pronta para sair da OTAN nem para romper as relações com os EUA.
"O mais provável é que [a Turquia] venha a balançar entre a Rússia e os Estados Unidos, com Erdogan jogando nas contradições. Ou seja, receber preferências tanto de Washington, quando este precisar da Turquia, como da Rússia, quando esta estiver interessada em apoiar o posicionamento turco", opinou.
Assim, o presidente turco não vai arriscar e manterá relações com ambos, os EUA e a Rússia, mas continuará defendendo seus interesses no Oriente Médio, concluiu o interlocutor da Sputnik.
As relações entre Ancara e Washington pioraram devido ao caso do pastor evangélico Andrew Brunson, detido pelas autoridades turcas ainda em 2016 por seus supostos laços com o movimento fundado pelo clérigo islâmico Fethullah Gulen, a quem Ancara acusa de ter orquestrado o fracassado golpe militar de 2016.
No início de agosto, os Estados Unidos anunciaram a imposição de sanções contra o ministro da Justiça turco, Abdulhamit Gul, e o ministro do Interior, Suleyman Soylu, por supostamente terem "papéis de liderança" na prisão do pastor.