O ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã é iminente e acontecerá já em agosto deste ano, comunicou uma fonte anônima no governo australiano à emissora de rádio e televisão ABC.
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Posteriormente, o primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull correu para dissipar os "rumores" sobre um possível ataque americano contra as instalações nucleares do Irã com a participação da Austrália. O premiê australiano insistiu que não acreditassem nas palavras da emissora ABC.
Militares norte-americanos © AP Photo / Mindaugas Kulbis |
No entanto, o cenário tardio de uma intervenção militar no Irã, com o codinome de "Iranian Freedom" (Liberdade Iraniana, na tradução em português), citado por autores na edição The National Interest, deveria ocorrer em 2026. Entre os autores deste cenário há oficiais em serviço ativo na inteligência e nas forças militares dos EUA.
O motivo para o surto das hostilidades será o desenvolvimento ativo de armas nucleares pelo Irã. E é em 2026 que os Estados Unidos terão provas irrefutáveis de que o Irã enriquece urânio para a produção de arsenais nucleares.
A campanha militar dos EUA contra o Irã vai começar não com ataques a partir de porta-aviões localizados no golfo Pérsico, mas com o uso de forças terrestres a partir do Iraque, que em 2021 será completamente dividido pelos esforços dos Estados Unidos em vários países. Segundo os autores do artigo, a divisão do território do Iraque terá sérias consequências para o equilíbrio do poder na região. Os Estados Unidos conseguirão se fixar em Fallujah e Ramadi — territórios do "próspero Estado Nacional do Iraque".
O cientista político iraniano, especialista em países do Oriente Médio e ex-diplomata iraniano no Líbano, Seyyed Hadi Afghahi, disse à Sputnik Persa, até que ponto o apresentado cenário de invasão poderia ser realista perante o desenrolar da situação da região. Ele também ressaltou quais são as chances de divisão do Iraque segundo esse esquema e seu uso como plataforma para um possível ataque ao Irã.
"Em primeiro lugar, o cenário descrito de invasão militar é apenas uma ficção dos autores, que não possui comprovação documental. Em segundo lugar, as condições na região para a implementação de tal cenário de invasão pelos americanos e seus aliados (sejam britânicos, franceses ou até mesmo sauditas) ainda não são favoráveis. E, além disso, nem os Estados Unidos nem qualquer país europeu, consideram que, caso eles ataquem o Irã, poderão controlá-lo, domá-lo e, como eles mesmos dizem, "colocá-lo em seu lugar, para que o papel estratégico do Irã na região seja reduzido à zero", afirmou o ex-diplomata iraniano.
"Em terceiro lugar, há um problema ainda mais importante. Quando Donald Trump ameaçou bloquear a exportação de petróleo iraniano, ele foi confrontado com uma ameaça de resposta. Nossa liderança política e militar definiu que, ainda antes do início do embargo petrolífero, nós iríamos bloquear o estreito de Ormuz [canal marítimo através do qual é transportado 1/5 do fornecimento de gás e de petróleo do mundo a partir do golfo Pérsico para a Europa Ocidental, EUA e Japão]. Além disso, a crise do petróleo no golfo já começou", continuou.
Ainda de acordo com ele, "a Arábia Saudita suspendeu as exportações de petróleo através do estreito de Bab el Mandeb por causa dos ataques com foguetes a partir do Iêmen contra petroleiros sauditas. E isso acontece mesmo antes do início do embargo petrolífero dos EUA contra o Irã e do fechamento do estreito de Ormuz. Esta é uma questão muito sensível, podendo mergulhar toda a região em um conflito militar e não trazendo nenhum benefício aos EUA. Se isso acontecer, a culpa será dos Estados Unidos, que vieram de outro continente e estão tentando criar instabilidade no estreito de Ormuz. Se a colisão acontecer, ela não ficará limitada à batalha entre o Irã e Estados Unidos", disse o politólogo.
"Portanto, a própria data do conflito militar, seja amanhã ou em 2026, não é tão importante. Em qualquer circunstância o Irã está preparado para repelir forças que em número excedem as nossas [forças]."
Segundo Afghahi, não se deve excluir a opção de que os EUA apostarão no Iraque para transformá-lo em uma espécie de plataforma para atacar o Irã.
"A questão da divisão do Iraque é importante para os americanos. Eles se esforçaram para fazer isso, mas ainda não conseguiram. Inicialmente, eles criaram o Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia e em vários outros países]. Depois de 2 anos e alguns meses o grupo terrorista foi derrotado […] Os americanos, em seguida, decidiram tentar a sorte, apostando nos curdos", enfatizou o cientista político na entrevista.
Afghahi acha que os americanos, além de liderarem uma guerra psicológica, estão alimentando um plano para a divisão do Iraque, para usá-lo como uma plataforma para o seu ataque ao solo sobre o Irã.
"Eles querem enfraquecer o Iraque a partir de dentro, de modo que, em termos de economia e segurança, ele perca sua importância na região. Quando o Iraque realizou eleições parlamentares, a maioria dos votos foi recebida por forças apoiantes da chamada Frente de Resistência [que se opõe à presença dos EUA]. Naturalmente, esta não serve para os americanos. Então eles decidiram mudar as regras do jogo."
O especialista em países do Oriente Médio explica que com a falta de validação das eleições no Iraque não se pode criar um parlamento com os novos candidatos eleitos, e assim o seu chefe, o presidente e o primeiro-ministro não podem ser escolhidos.
"Portanto, o plano norte-americano é que o Iraque mergulhe literalmente em um "túnel de escuridão" e que o governo fique paralisado sem um presidente e sem ministros. Enquanto isso começarão os preparativos para o ataque ao Irã. Mas, por enquanto, a bola não está do lado deles, já que o exército governamental na fronteira com a Síria e a Jordânia não está apenas bloqueando as forças terroristas remanescentes, mas também repelindo as ações insidiosas e diabólicas dos invasores americanos."