A China alcançou grande êxito na criação da sua própria arma hipersônica, efetuando recentemente testes bem-sucedidos do aparelho voador Xingkong-2 (Céu Estrelado). A pedido da Sputnik, o especialista militar russo Vasily Kashin avalia as tecnologias chinesas nesta esfera.
Sputnik
Segundo a mídia chinesa, o voo durou 10 minutos. O aparelho voador hipersônico se separou do foguete-portador e realizou várias manobras. Os especialistas há muito tempo que observam com atenção a corrida na esfera das armas hipersônicas.
Míssil chinês DF-21D © AFP 2018 / Greg Baker |
Voo de Xingkong-2 não é o primeiro teste de aparelhos voadores hipersônicos. É verdade que os aparelhos voadores hipersônicos que a China tem testado nos últimos anos pertenciam a outro tipo. Eram glideres hipersônicos, destinados para serem usados como ogivas de mísseis balísticos, comentou à Sputnik China o especialista militar russo Vasily Kashin.
Glideres hipersônicos, cujos portadores são mísseis balísticos, realizam um voo guiado a velocidade hipersônica no trecho final da trajetória. Eles podem não ter unidade propulsora própria, porque a aceleração é garantida pelo míssil balístico.
Provavelmente, o primeiro glider hipersônico semelhante produzido em série é o sistema russo Avangard, que hoje em dia usa mísseis balísticos intercontinentais a propulsão líquida UR-100UTTKh, mas em perspectiva usará os novos mísseis Sarmat.
A China, seguindo o exemplo da Rússia, pelo visto tenciona equipar seus mísseis balísticos com ogivas hipersônicas planadoras semelhantes para aumentar a sua capacidade de atravessar a defesa antimísseis do inimigo. Sabe-se que especificamente para isso está sendo desenvolvido o míssil balístico de médio alcance DF-17, mas talvez equipamento desse tipo esteja também sendo criado para os mísseis balísticos intercontinentais.
Em comparação com os outros aparelhos voadores hipersônicos chineses, conhecidos como DF-ZF e testados pelo menos durante últimos cinco anos, Xingkong usa outros princípios aerodinâmicos. Xingkong pode ser chamado de míssil de cruzeiro hipersônico, ou seja, uma célula projetada propositadamente, que permite usar a sustentação das ondas de choque provocadas por seu próprio voo em velocidade hipersônica. Em comparação com os glideres, tais aparelhos se movem a uma velocidade menor (no caso do Xingkong — até Mach 6), a uma altitude menor, mas com uma trajetória mais imprevisível.
No que é possível entender, o Xingkong está equipado com um motor scramjet. Esses motores têm sido elaborados na China nos últimos tempos.
Não vale menosprezar as dificuldades ligadas aos testes e elaboração de aparelhos voadores hipersônicos com scramjet. Os testes bem-sucedidos não são garantia de aplicação de tais tecnologias no armamento em um futuro próximo. Os EUA e a Rússia gastaram décadas de trabalho com aparelhos hipersônicos com tais motores, mas as frequentes falhas, avarias e problemas de segurança ainda não permitiram atingir resultados.
Míssil hipersônico russo Kinzhal, que foi o primeiro no mundo a ser adotado, usa um motor de foguete a combustível sólido e é, de fato, um míssil balístico Iskander especialmente modificado. Parece que os chineses têm um projeto parecido, com instalação de uma modificação especial do míssil balístico DF-21 no bombardeiro H-6K.
Em comparação com tais sistemas pesados baseados em mísseis balísticos, o Xingkong-2 pode ser muito mais flexível no uso e ser instalado em um número maior de plataformas. No decorrer dos testes, para sua aceleração também foi usado um míssil a combustível sólido, mas no futuro podem ser elaborados esquemas diferentes. A China mais uma vez confirmou o seu lugar entre os líderes na corrida de mísseis, mas ainda tem um caminho longo pela frente antes de tais aparelhos serem adotados em serviço.