A manobra é vista, no Comando da Força de Submarinos (ForSub) da Esquadra, como uma possibilidade real: após o lançamento ao mar previsto para a manhã da quarta-feira de 12 de dezembro, o submarino Riachuelo (SBR-1), primeiro navio da classe francesa Scorpène construído no Brasil, deve ser devolvido à linha de produção, no complexo naval industrial de Itaguaí (RJ), para receber, no decorrer do primeiro semestre de 2019, um último conjunto de equipamentos e integrações.
Por Roberto Lopes | Poder Naval
De acordo com uma fonte que acompanha a situação da flotilha brasileira de submarinos, somente dessa forma, o Riachuelo estaria pronto para voltar à água e, inerte, começar a cumprir uma longa série de testes em seu atracadouro.
Submarino Riachuelo, em construção no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro |
Depois disso é que virão curtas movimentações, as pequenas travessias junto à costa e, finalmente, as chamadas “provas de mar” (que incluirão um teste de mergulho à profundidade máxima nominal da embarcação), atualmente previstas para ter início no segundo semestre do ano que vem.
O estratagema de lançar a embarcação ao mar e logo recolhê-la posteriormente visa, por um lado, minimizar o efeito dos atrasos em sua construção enfrentados pela empresa ICN (Itaguaí Construções Navais) – joint venture da francesa Naval Group com a empreiteira brasileira Odebrecht –, em decorrência da irregularidade no aporte das verbas que devem suportar o trabalho; e, por outro, garantir que o atual Comandante da Marinha, almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira, tenha a oportunidade de presidir a entrega da primeira das quatro unidades que conformam o caro e complexo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) – resultado da “parceria estratégica” estabelecida pela Marinha do Brasil, no ano de 2009, com a indústria naval da França.
Mas a questão do cronograma de recebimento dos Scorpènes é apenas uma a exigir definições e novas ações por parte da ForSub.
Custos e prazos
Nas próximas semanas, Leal Ferreira e o Almirantado devem aprovar as datas do início do Período de Manutenção Geral (PMG) – overhaul – dos submarinos Timbira (S32) – parado desde 2015 – e Tapajó (S33), cuja inatividade data no fim de 2016.
O serviço, que deixará as embarcações fora da rotina operativa por um período estimado entre 30 e 36 meses, será feito no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, que já detém a capacidade de receber, inspecionar e revitalizar dois desses navios de cada vez.
Segundo o Poder Naval pôde apurar, o overhaul de cada uma dessas unidades não custará à Marinha menos que 150 milhões de Reais.
Consulta feita à indústria naval alemã no fim de 2016 obteve a informação: o mesmo trabalho feito na Alemanha (país de origem dos navios da Classe Tupi) não sairia por menos de 60 milhões de Euros (o equivalente, em valores de hoje, a cerca de 290 milhões de Reais) por navio.
A ForSub está constituída por quatro unidades Classe Tupi e um da Classe Tupi Modificada (o Tikuna – S34), mas apenas o Tupi – unidade mais antiga das cinco – está operacional.
Os submarinos Tamoio e Tikuna, que se encontram na parte final do seu PMG, devem ficar prontos entre fins de 2019 e o início de 2020.
Além dessa manutenção de grande envergadura, os submarinos brasileiros estão recebendo um sistema de combate novo, fornecido pela companhia americana Lockheed Martin.
Isso deixa as embarcações aptas a operarem com segurança por toda a próxima década, e até além disso.
Um submarinista consultado pelo Poder Naval opinou: o Tupi, que no próximo ano completará seu 30º aniversário na frota brasileira, tem condições de seguir na ativa até, pelo menos, o fim dos anos de 2020.
Válvulas
O serviço, que deixará as embarcações fora da rotina operativa por um período estimado entre 30 e 36 meses, será feito no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, que já detém a capacidade de receber, inspecionar e revitalizar dois desses navios de cada vez.
Segundo o Poder Naval pôde apurar, o overhaul de cada uma dessas unidades não custará à Marinha menos que 150 milhões de Reais.
Consulta feita à indústria naval alemã no fim de 2016 obteve a informação: o mesmo trabalho feito na Alemanha (país de origem dos navios da Classe Tupi) não sairia por menos de 60 milhões de Euros (o equivalente, em valores de hoje, a cerca de 290 milhões de Reais) por navio.
A ForSub está constituída por quatro unidades Classe Tupi e um da Classe Tupi Modificada (o Tikuna – S34), mas apenas o Tupi – unidade mais antiga das cinco – está operacional.
Os submarinos Tamoio e Tikuna, que se encontram na parte final do seu PMG, devem ficar prontos entre fins de 2019 e o início de 2020.
Além dessa manutenção de grande envergadura, os submarinos brasileiros estão recebendo um sistema de combate novo, fornecido pela companhia americana Lockheed Martin.
Isso deixa as embarcações aptas a operarem com segurança por toda a próxima década, e até além disso.
Um submarinista consultado pelo Poder Naval opinou: o Tupi, que no próximo ano completará seu 30º aniversário na frota brasileira, tem condições de seguir na ativa até, pelo menos, o fim dos anos de 2020.
Válvulas
O serviço de Manutenção Geral nos submarinos da Classe Tupi vem sendo feito com todo o cuidado, e tem merecido elogios de parte dos fornecedores de peças para submarinos. A Força Naval fez extensas compras de suprimentos na Alemanha, nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Além da renovação das baterias, o overhaul incluiu a substituição das válvulas de casco e dos compressores. No Tupi as válvulas de casco não foram trocadas.
As válvulas de casco controlam a capacidade do submarino de submergir e, mais tarde, de voltar à superfície, bem como, de forma geral, a sua flutuabilidade.
A amplitude do PROSUB, que prevê além dos quatro Scorpènes a construção, a partir de meados da próxima década, do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear, vem impulsionando a qualificação da indústria nacional em uma série de setores da construção de submarinos – como o das válvulas de casco, por exemplo.
Há cerca de 45 dias, a página oficial da empresa Micromazza, da cidade gaúcha de Vila Flores (170 km ao norte de Porto Alegre), fez um breve comentário acerca de seu investimento tecnológico e financeiro na construção de válvulas para submarinos:
“A Micromazza entrou de cabeça nesse desafio tecnológico, fornecendo as válvulas mais complexas dos submarinos convencionais [Classe Riachuelo] e trabalhando fortemente para fornecer as válvulas críticas e não críticas do projeto do submarino de propulsão nuclear, que serão gerenciados pela Marinha e não mais pela Naval Group”.
A Micromazza está há 25 anos no mercado, e jamais fornecera um produto sequer para as Forças Armadas. Ela se aproximou da Marinha quando já era conhecida da Petrobras por sua atuação no segmento de óleo e gás (O&G), e agora parece otimista, confiante.
De acordo com o gerente Walter Câmara, o projeto de nacionalização da válvula para submarinos não foi concluído rapidamente. “O nosso produto levou dois anos. Entre o treinamento, qualificação do processo exigido pelo contratante, qualificação dos processos que entendemos que poderíamos nacionalizar, testes de protótipos, desenvolvimento/adaptação da nossa capacitação fabril para atender plenamente as exigências do projeto e fabricação e teste do primeiro lote de fabricação”, explicou.
A válvula desenvolvida agradou tanto que, segundo o site da empresa, “é apontada pela Marinha como um dos cases de sucesso do Prosub”.
Câmara prossegue: “O que esperamos como retorno comercial é que possamos fornecer esses produtos a outros clientes, pelo cadastro internacional OTAN, da indústria de defesa”.
Empresas brasileiras podem se cadastrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), por meio do sistema de catalogação do Ministério da Defesa.
Singapura
Além da renovação das baterias, o overhaul incluiu a substituição das válvulas de casco e dos compressores. No Tupi as válvulas de casco não foram trocadas.
As válvulas de casco controlam a capacidade do submarino de submergir e, mais tarde, de voltar à superfície, bem como, de forma geral, a sua flutuabilidade.
A amplitude do PROSUB, que prevê além dos quatro Scorpènes a construção, a partir de meados da próxima década, do primeiro submarino brasileiro de propulsão nuclear, vem impulsionando a qualificação da indústria nacional em uma série de setores da construção de submarinos – como o das válvulas de casco, por exemplo.
Há cerca de 45 dias, a página oficial da empresa Micromazza, da cidade gaúcha de Vila Flores (170 km ao norte de Porto Alegre), fez um breve comentário acerca de seu investimento tecnológico e financeiro na construção de válvulas para submarinos:
“A Micromazza entrou de cabeça nesse desafio tecnológico, fornecendo as válvulas mais complexas dos submarinos convencionais [Classe Riachuelo] e trabalhando fortemente para fornecer as válvulas críticas e não críticas do projeto do submarino de propulsão nuclear, que serão gerenciados pela Marinha e não mais pela Naval Group”.
A Micromazza está há 25 anos no mercado, e jamais fornecera um produto sequer para as Forças Armadas. Ela se aproximou da Marinha quando já era conhecida da Petrobras por sua atuação no segmento de óleo e gás (O&G), e agora parece otimista, confiante.
De acordo com o gerente Walter Câmara, o projeto de nacionalização da válvula para submarinos não foi concluído rapidamente. “O nosso produto levou dois anos. Entre o treinamento, qualificação do processo exigido pelo contratante, qualificação dos processos que entendemos que poderíamos nacionalizar, testes de protótipos, desenvolvimento/adaptação da nossa capacitação fabril para atender plenamente as exigências do projeto e fabricação e teste do primeiro lote de fabricação”, explicou.
A válvula desenvolvida agradou tanto que, segundo o site da empresa, “é apontada pela Marinha como um dos cases de sucesso do Prosub”.
Câmara prossegue: “O que esperamos como retorno comercial é que possamos fornecer esses produtos a outros clientes, pelo cadastro internacional OTAN, da indústria de defesa”.
Empresas brasileiras podem se cadastrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), por meio do sistema de catalogação do Ministério da Defesa.
Singapura
Mas os desafios do Comando da ForSub também não param na questão da capacitação da indústria para a produção de componentes para submarinos.
Militares brasileiros estão atentos à necessidade de adquirir um novo sistema de salvamento de submarinos, seja pela aquisição de uma embarcação especializada nesse mister, seja apenas pela compra de um minissubmarino de busca e salvamento (transportável em navio não dedicado ou em aeronave de carga).
De acordo com as informações obtidas pelo PN, ano passado – antes ainda do desaparecimento do submarino argentino ARA San Juan, em 15 de novembro – o Comando da Marinha despachou dois oficiais – um da Diretoria de Engenharia Naval e outro da ForSub para o porto de Singapura, com o objetivo de inspecionar um navio civil de salvamento submarino que se encontrava sob arresto bancário.
Os relatórios produzidos por esses oficiais recomendaram a aquisição do barco – que tinha, aproximadamente, o porte do Felinto Perry (K 11), da Marinha do Brasil (2.500 toneladas padrão) – e era oferecido por bom preço, entre 15 e 18 milhões de dólares. Mas a operação não foi concluída.
Hoje a embarcação já não se encontra mais disponível.
Um navio de salvamento submarino usado custa, em média, no mercado internacional, cerca de 35 milhões de dólares; e um novo não sai por menos de 60 ou 70 milhões de dólares.
Militares brasileiros estão atentos à necessidade de adquirir um novo sistema de salvamento de submarinos, seja pela aquisição de uma embarcação especializada nesse mister, seja apenas pela compra de um minissubmarino de busca e salvamento (transportável em navio não dedicado ou em aeronave de carga).
De acordo com as informações obtidas pelo PN, ano passado – antes ainda do desaparecimento do submarino argentino ARA San Juan, em 15 de novembro – o Comando da Marinha despachou dois oficiais – um da Diretoria de Engenharia Naval e outro da ForSub para o porto de Singapura, com o objetivo de inspecionar um navio civil de salvamento submarino que se encontrava sob arresto bancário.
Os relatórios produzidos por esses oficiais recomendaram a aquisição do barco – que tinha, aproximadamente, o porte do Felinto Perry (K 11), da Marinha do Brasil (2.500 toneladas padrão) – e era oferecido por bom preço, entre 15 e 18 milhões de dólares. Mas a operação não foi concluída.
Hoje a embarcação já não se encontra mais disponível.
Um navio de salvamento submarino usado custa, em média, no mercado internacional, cerca de 35 milhões de dólares; e um novo não sai por menos de 60 ou 70 milhões de dólares.