A Síria está se aproximando do "verão quente" - o país começará em breve operações militares para continuar libertando seu território. Nem sempre será fácil, pois a nova etapa ainda pode trazer surpresas pouco agradáveis ao governo sírio, adverte o jornal russo Vzglyad.
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Segundo escreve a edição, a primeira metade do ano foi bastante produtiva para as forças sírias.
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A cidade de Damasco está completamente libertada, assim como seus arredores próximos e várias rodovias importantes. Foram destruídas muitas células extremistas por todo o país. Mesmo assim, a luta ainda não terminou e fazer uma lista de objetivos será uma tarefa complicada.
Zonas curdas e fronteira turca
Enquanto a Turquia, que continua uma operação militar contra os curdos sírios no norte do país, já prometeu a todos envolvidos no conflito um "verão quente", Damasco também recorreu a uma retórica dura, ameaçando recuperar todos os territórios tomados pelos curdos em 2017, lembra o Vzglyad.
Mesmo que ainda não se possa predizer como a situação se desenvolverá, os líderes curdos já não falam de seu projeto da entidade autônoma de Rojava, e alguns deles até optam por dialogar com Damasco.
Daesh e guerreiros do deserto
O grupo terrorista que já foi o mais influente na Síria, o Daesh, é hoje apenas uma sombra de sua grandeza passada.
As anteriores "capitais" do grupo estão todas libertadas, assim como os seus maiores baluartes, restando apenas algumas áreas pequenas no deserto.
E aí surge o problema: o exército sírio não é capaz de "limpar" os vastos desertos da presença extremista, mas, se não o fizer, os ataques e incursões terroristas continuarão.
"O exemplo mais patente é o Egito, que há muitos anos tem combatido de forma pouco convincente o Daesh no deserto do Sinai, apesar de ter uma supremacia enorme", diz o artigo do jornal.
Daraa e boas perspectivas
Em compensação, a situação no sudoeste da Síria parece promissora: as forças governamentais sírias já se reagruparam na zona e, após arrumar os assuntos políticos e diplomáticos, muito provavelmente levarão a cabo uma operação militar para libertar todo o território até as Colinas de Golã, ocupadas por Israel.
Damasco está negociando com os oposicionistas locais para evitar um possível derramamento de sangue totalmente desnecessário, uma tática que deu certo, segundo a edição.
Quanto às tensões entre Israel e o Irã, a Rússia evitará se envolver na disputa.
Idlib, reserva de radicais
O jornal aponta para a situação totalmente confusa nesta província síria devido a nela se encontrarem os mais diferentes grupos de militantes.
"Na província se instalaram representantes de grupos tão diferentes que será impossível coexistirem pacificamente em um território tão pequeno", escreve o Vzglyad.
A Turquia, responsável por esta zona de distensão, não tem forças suficientes para eliminar todos os grupos e a situação "pode durar muitos anos".
Caso Damasco resolva o problema de Daraa com Israel, o mesmo modelo poderá ser aplicado em Idlib, mas a posição da Turquia fará este processo mais difícil, opina o artigo.
Al-Tanf, enclave dos EUA
Washington continua mantendo um firme controle sobre a região de Al-Tanf, mas na área ao redor de sua base apareceram vários grupos radicais que os EUA não querem ou já não podem, por falta de forças, eliminar ou dispersar.
Um ataque direto contra as instalações militares norte-americanas em Al-Tanf é pouco provável, indica o jornal, mas sublinha que Washington pode acabar ficando confuso em seus múltiplos acordos com a Rússia e Turquia.
Os curdos presentes na área parecem entendê-lo e, entre os EUA e uma Turquia que os trata de uma maneira bárbara, optar por Damasco já não parece uma má ideia.
Quando terminará a guerra?
Ao longo de 2018, as ações militares na Síria não vão parar, mas já agora se podem ver os contornos da futura paz. Se tudo decorrer como agora, já em 2019 todos os combates no território sírio poderão terminar.