Relatos indicam reorganização dos principais postos militares do regime norte-coreano antes da cúpula com Trump. O objetivo seria eliminar uma possível resistência ao engajamento de Kim junto à comunidade internacional.
Deutsch Welle
O regime norte-coreano reorganizou o topo do comando militar com vista à cúpula planejada entre o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo divulgaram nesta segunda-feira (04/06) veículos de comunicação sul-coreanos.
Kim Jong-un é também comandante-chefe das Forças Armadas da Coreia do Norte |
A Coreia do Sul afirmou estar monitorando os acontecimentos no país vizinho, em meio a relatos de que Kim substituiu os três principais militares norte-coreanos. A remodelação poderia ter como objetivo eliminar a possível resistência ao envolvimento de Kim com a comunidade internacional. Na Coreia do Norte, os generais detêm considerável poder político.
O líder norte-coreano deve se reunir com o presidente dos EUA, em 12 de junho, em Cingapura. O arsenal nuclear de Pyongyang e a desnuclearização da península coreana serão os principais pontos da agenda durante as negociações entre os chefes de Estado.
Kim estreita controle sobre Exército
A agência sul-coreana de notícias Yonhap citou fontes do serviço de inteligência para afirmar que Ri Myong-su, chefe do Estado-maior, foi substituído por seu vice, Ri Yong-gil. O ministro da Defesa, Pak Yong-sik, teria sido sucedido por No Kwang-chol, anteriormente primeiro vice-ministro.
Em maio, a mídia estatal da norte-coreana revelou que o general Kim Su-gil havia substituído Kim Jong-gak como diretor do Departamento Político Geral do Exército Popular da Coreia.
"Se Kim Jong-un está decidido em fazer as pazes com os EUA e a Coreia do Sul e se livrar de pelo menos parte do programa nuclear, ele terá que colocar a influência do Exército Popular da Coreia numa caixa e mantê-la lá", disse Ken Gause, diretor do Grupo de Relações Internacionais da ONG de pesquisa CNA. "A reorganização colocou em primeiro plano os oficiais que podem fazer exatamente isso. Eles são leais a Kim e a mais ninguém."
Interação estrangeira
O presidente americano comunicou na sexta-feira que a cúpula entre a Coreia do Norte e os EUA será realizada em 12 de junho, como originalmente planejado. O anúncio veio depois que Kim Yong-chol, ex-chefe da inteligência norte-coreana, entregou uma carta pessoal de Kim a Trump.
Após uma reunião com Kim Yong-chol no Salão Oval, Trump disse que estaria cometendo um erro caso não prosseguisse com a cúpula em Cingapura e classificou o encontro como "um grande começo".
Ele frisou que os EUA tinham centenas de novas sanções prontas para serem impostas à Coreia do Norte, mas que seriam suspensas enquanto as negociações de descnuclearização estiverem em andamento. Trump acrescentou que está ansioso pelo dia em que todas as sanções contra Pyongyang possam ser suspensas.
Segundo a imprensa sul-coreana, Kim Yong-chol fez uma parada em Pequim na segunda-feira, após sua histórica visita a Washington.
Analistas afirmam que todos os três novos oficiais militares têm certa experiência em relações exteriores, um fator crítico, já que Kim se prepara para encontros com líderes de EUA, China, Rússia e também Síria. A mídia estatal norte-coreana comunicou no domingo que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, pode visitar Pyongyang num futuro próximo.