Aiatolá Ali Khamenei afirmou, porém, que a atividade ainda estaria dentro dos termos do acordo nuclear, assinado em 2015.
Por G1
O Irã comunicou nesta segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que vai aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio, que é utilizado em armas nucleares, com mais centrífugas, informou o vice-presidente iraniano Ali Akbar Salehi.
Ali Akbar Salehi. Photo: AFP |
"Uma carta foi enviada à AIEA sobre o começo de determinadas atividades", declarou Salehi, de acordo com a agência iraniana Fars. "Se as condições permitirem, pode ser que em Natanz (centro), possamos declarar a abertura do centro de produção de novas centrífugas", completou Salehi.
A centrífugas convertem os gases em urânio enriquecido, que então pode ser usado como combustível para reatores e isótopos médicos. Se for ainda mais enriquecido, o material pode ser utilizado em armas.
Atualmente, o Irã usa cerca de 5 mil centrífugas e enriquece urânio a 3,5%, informa a Associated Press. O país diz que precisa de mais urânio enriquecido para a sua única central nuclear e nega que busque o desenvolvimento de armas nucleares, que requer urânio enriquecido a 90%.
Acordo nuclear
O Irã assinou em 2015 com seis potências ocidentais (EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha) um acordo em que se comprometia a limitar suas atividades nucleares em troca do alívio em sanções internacionais.
Em maio, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a retirada dos EUA do acordo nuclear, acusando o Irã de ser o "principal Estado patrocinador do terrorismo". Também anunciou que retomaria as sanções americanas ao Irã e lançaria novas sanções, ao menos que o Irã mudasse drasticamente suas políticas para outros temas não abordados no acordo, como seu programa de mísseis balísticos e seu apoio a grupos radicais da região.
Quando Trump anunciou a saída dos EUA, os outros países disseram que permanecem comprometidos. O presidente iraniano, Hasan Rouhani, anunciou que o Irã continuaria no acordo nuclear se seus interesses fossem garantidos, e que mais tarde tomaria decisões caso isso não aconteça.
Segundo a CNN, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, determinou os preparativos para começar a aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio. Ele afirmou, porém, que a atividade ainda estaria dentro dos termos do acordo nuclear, assinado em 2015.
Israel se considera alvo
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reagiu ao anúncio desta segunda do Irã afirmando que o plano de aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio busca produzir armas nucleares para utilizá-las contra Israel.
"Há dois dias o aiatolá Khamenei, guia supremo iraniano, expressou a intenção de destruir o Estado de Israel", disse Netanyahu em um vídeo divulgado nas redes sociais. Netanyahu está em Paris, segunda escala de uma viagem europeia dedicada principalmente à questão iraniana.
"Ontem (segunda-feira) explicou como o faria - enriquecendo urânio sem restrições para constituir um arsenal de bombas nucleares", completou. "Não nos surpreende. Impediremos que o Irã produza armas nucleares", completou.
Israel se considera o principal alvo do Irã se este país adquirir armamento nuclear.