O grupo industrial turco STM (Savunma Teknolojileri Mühendislik) criou uma segunda variante de sua corveta MILGEM Ada, de 2.300 toneladas, para disputar a concorrência dos navios classe Tamandaré (originalmente, Corvetas Classe Tamandaré), aberta pela Marinha do Brasil (MB).
Por Roberto Lopes | Poder Naval
O navio oferecido pelos turcos não tem só um casco mais comprido – 103,4 m vs. 99,5 m –, ou um deslocamento total maior – 2.970 toneladas vs. 2.300 toneladas) – que o da Ada. Seu projeto exibe modificações estruturais importantes, bem como adaptações no item do armamento.
Proposta do STM para a classe Tamandaré |
O resultado é a proposta que fica entre o desenho da pequena MILGEM Ada original e o encorpado modelo CF3500, de 3.500 toneladas – com superestrutura de estética quase igual à da Ada –, ofertado, ano passado, pela STM à Marinha da Colômbia.
Essa oferta foi apresentada como solução para o chamado Programa Estratégico de Superfície (P.E.S.), criado pelos almirantes colombianos para resolver, durante os anos de 2020 e 2030, sua atual deficiência em escoltas.
Modificações
Segundo as informações que vazaram do oferecimento turco para a Classe Tamandaré, em contraposição ao padrão MILGEM Ada, o grupo STM desenhou a proa do navio brasileiro com silos de lançamento vertical de mísseis, aptos a abrigar os vetores antiaéreos tipo MBDA Sea Ceptor, já selecionados pelos chefes da MB.
O principal elemento de Defesa Antiaérea da Ada padrão consiste em um sistema de mísseis de defesa de ponto RIM-116, montado na popa, com alcances em torno dos 9 km.
A proposta da STM para o Brasil também considera a possibilidade de reduzir pela metade a carga de mísseis antinavio da Ada: de dois contêineres de quatro células (2 × 4) para apenas dois de duas células (2 x 2).
Além disso, o fabricante turco sugere aos militares brasileiros um sistema de autodefesa a curta distância (tipo CIWS); possivelmente um canhão Millennium da Rheinmetall Oerlikon.
Curioso: todos esses sistemas de armas são oferecidos com uma ampla gama de munições não-americanas, disponíveis na Europa Ocidental e no próprio Brasil.
Para atender os requisitos da Classe Tamandaré, o grupo STM também alterou a superestrutura da Ada.
As mudanças mais visíveis incluem um composite frame logo à vante do passadiço (atrás dos silos VLS), bem como o encurtamento da seção à meia nau.
Os principais sensores de vigilância aérea e de superfície serão da marca Thales, fabricante europeu que também se candidata a fornecer o sistema de gerenciamento de combate da embarcação (setor da eletrônica naval que a Marinha do Brasil pesquisa há cerca de 20 anos).
Custos
O principal elemento de Defesa Antiaérea da Ada padrão consiste em um sistema de mísseis de defesa de ponto RIM-116, montado na popa, com alcances em torno dos 9 km.
A proposta da STM para o Brasil também considera a possibilidade de reduzir pela metade a carga de mísseis antinavio da Ada: de dois contêineres de quatro células (2 × 4) para apenas dois de duas células (2 x 2).
Além disso, o fabricante turco sugere aos militares brasileiros um sistema de autodefesa a curta distância (tipo CIWS); possivelmente um canhão Millennium da Rheinmetall Oerlikon.
Curioso: todos esses sistemas de armas são oferecidos com uma ampla gama de munições não-americanas, disponíveis na Europa Ocidental e no próprio Brasil.
Para atender os requisitos da Classe Tamandaré, o grupo STM também alterou a superestrutura da Ada.
As mudanças mais visíveis incluem um composite frame logo à vante do passadiço (atrás dos silos VLS), bem como o encurtamento da seção à meia nau.
Os principais sensores de vigilância aérea e de superfície serão da marca Thales, fabricante europeu que também se candidata a fornecer o sistema de gerenciamento de combate da embarcação (setor da eletrônica naval que a Marinha do Brasil pesquisa há cerca de 20 anos).
Custos
A fonte ouvida pelo Poder Naval afirma que o navio proposto pelos turcos à Força Naval brasileira não chega a ser um redesenho da MILGEM Ada, e sim uma “modificação “horizontal” do navio que, no âmbito da Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte), é considerado um de seus melhores escoltas leves.
Essa ideia da ausência de um redesenho é importante porque, ao menos em tese, anula a necessidade de vários testes e diferentes certificações, tanto estruturais como de projeto – para determinar o centro de gravidade da embarcação, sua capacidade de flutuação e outros parâmetros influenciadores da navegabilidade.
Em outras palavras, o navio concebido pelo STM para o Brasil poderia representar mudança relativamente acessível – ou econômica – do custo padrão Ada.
Na Subsecretaria das Indústrias de Defesa da Turquia, a proposta para o Brasil é vista, inclusive, como uma alternativa para a Marinha do Paquistão, que até um mês e meio atrás considerava certo alcançar um acordo para a encomenda de escoltas tipo MILGEM Ada.
A negociação dos turcos com os chefes navais paquistanesas se desenrolavam em torno de um valor unitário para essa corveta de pouco mais de 250 milhões de dólares.
Mas a proposta que chegou ao Comando da MB, dias atrás, traz, para cada navio turco, um valor unitário pelo menos 100 milhões de dólares mais alto.
Por que essa discrepância?
Em primeiro lugar é preciso levar em consideração as alterações de projeto.
Por exemplo: o navio oferecido à Classe Tamandaré tem um sistema VLS montado na proa, o que adicionou peso à frente e forçou um reprojeto para trazer parte da superestrutura mais para trás (centro da embarcação), o que é exigido para manter o chamado COG, centro de gravidade do navio.
Depois há que considerar os argumentos da STM acerca de um “nível mais profundo de transferência de tecnologia (ToT)” e a necessidade de o vencedor da concorrência assegurar o que os turcos qualificam de “engajamento industrial brasileiro”, o que, muito possivelmente, poderia envolver vários custos indiretos nos quesitos de infra-estrutura, treinamento de pessoal e importações de material relacionadas à construção dos navios 2, 3 e 4 no Brasil (já que a primeira unidade poderá sair das instalações do STM.
O navio ofertado à Marinha do Brasil é, com certeza, mais caro que a MILGEM Ada, mas não se espera que esse acréscimo chegue, necessariamente, a 150 milhões de dólares – o que elevaria o preço do navio turco a 400 milhões de dólares.
Efeito demonstração
Essa ideia da ausência de um redesenho é importante porque, ao menos em tese, anula a necessidade de vários testes e diferentes certificações, tanto estruturais como de projeto – para determinar o centro de gravidade da embarcação, sua capacidade de flutuação e outros parâmetros influenciadores da navegabilidade.
Em outras palavras, o navio concebido pelo STM para o Brasil poderia representar mudança relativamente acessível – ou econômica – do custo padrão Ada.
Na Subsecretaria das Indústrias de Defesa da Turquia, a proposta para o Brasil é vista, inclusive, como uma alternativa para a Marinha do Paquistão, que até um mês e meio atrás considerava certo alcançar um acordo para a encomenda de escoltas tipo MILGEM Ada.
A negociação dos turcos com os chefes navais paquistanesas se desenrolavam em torno de um valor unitário para essa corveta de pouco mais de 250 milhões de dólares.
Mas a proposta que chegou ao Comando da MB, dias atrás, traz, para cada navio turco, um valor unitário pelo menos 100 milhões de dólares mais alto.
Por que essa discrepância?
Em primeiro lugar é preciso levar em consideração as alterações de projeto.
Por exemplo: o navio oferecido à Classe Tamandaré tem um sistema VLS montado na proa, o que adicionou peso à frente e forçou um reprojeto para trazer parte da superestrutura mais para trás (centro da embarcação), o que é exigido para manter o chamado COG, centro de gravidade do navio.
Depois há que considerar os argumentos da STM acerca de um “nível mais profundo de transferência de tecnologia (ToT)” e a necessidade de o vencedor da concorrência assegurar o que os turcos qualificam de “engajamento industrial brasileiro”, o que, muito possivelmente, poderia envolver vários custos indiretos nos quesitos de infra-estrutura, treinamento de pessoal e importações de material relacionadas à construção dos navios 2, 3 e 4 no Brasil (já que a primeira unidade poderá sair das instalações do STM.
O navio ofertado à Marinha do Brasil é, com certeza, mais caro que a MILGEM Ada, mas não se espera que esse acréscimo chegue, necessariamente, a 150 milhões de dólares – o que elevaria o preço do navio turco a 400 milhões de dólares.
Efeito demonstração
De acordo com uma fonte brasileira que conhece em profundidade a proposta turca, o governo de Ancara considera que uma eventual vitória de seu projeto no Brasil teria um importante efeito demonstração para a indústria naval da Turquia que, nos últimos anos, vem tentando se firmar como fornecedora de mercados emergentes, como o Paquistão – que já formalizou seu interesse pela MILGEM Ada –, a América Latina e a África.
Tanto que a oferta para o Brasil foi pessoalmente analisada e autorizada pelo engenheiro aeronáutico (possuidor de dois Mestrados nos Estados Unidos) İsmail Demir, de 58 anos, que desde 2013 atua como Subsecretário das Indústrias de Defesa (um cargo com status próximo ao de ministro da Defesa) do governo Recep Erdogan.
No período de 23 a 25 de outubro deste ano, Demir será o anfitrião do evento denominado ICDDA – Industrial Cooperation Days in Defense and Aerospace (Dias de Cooperação Industrial em Defesa e Aeroespaço).
Tanto que a oferta para o Brasil foi pessoalmente analisada e autorizada pelo engenheiro aeronáutico (possuidor de dois Mestrados nos Estados Unidos) İsmail Demir, de 58 anos, que desde 2013 atua como Subsecretário das Indústrias de Defesa (um cargo com status próximo ao de ministro da Defesa) do governo Recep Erdogan.
No período de 23 a 25 de outubro deste ano, Demir será o anfitrião do evento denominado ICDDA – Industrial Cooperation Days in Defense and Aerospace (Dias de Cooperação Industrial em Defesa e Aeroespaço).