Os sistemas de mísseis de defesa instalados nas bases navais chinesas no mar do Sul da China podem vir a aumentar os riscos de confronto militar com os EUA no futuro, opinam especialistas militares.
Sputnik
Segundo disseram à Sputnik Internacional, isto é possível já que Washington busca conter o poder crescente e influência de Pequim na região.
Ilhas Spratly | Reprodução |
Os militares chineses instalaram mísseis de cruzeiro antinavio e sistemas de mísseis terra-ar nos três recifes das ilhas Spratly, disputadas por seis países da região, comunicou em 2 de maio a mídia norte-americana citando relatórios da inteligência dos EUA.
Durante o briefing de 3 de maio, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, defendeu o posicionamento dos mísseis chineses, ressaltando que esta implantação "não tem ninguém na mira" e reiterou que ninguém se deve preocupar com isso se não tiver intenções de invasão.
Por sua vez, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse aos jornalistas que os EUA têm preocupações quanto ao assunto, avisando que a militarização do mar do Sul da China pode acarretar consequências a longo prazo.
Prontos para combate
Enquanto nos últimos anos a China tem aumentado a sua presença militar no mar do Sul da China através da construção de ilhas artificiais e de infraestruturas militares adicionais, os EUA, preocupados com a influência crescente do país asiático na região da Ásia-Pacífico, começaram a conduzir operações de liberdade de navegação (FONOP, na sigla em inglês), tentando garantir a segurança dos países vizinhos.
Os analistas militares advertem que o posicionamento dos sistemas de mísseis chineses nas ilhas disputadas pode vir a aumentar as probabilidades de confrontos entre os EUA e a China, se Washington decidir continuar as FONOPs na região no futuro.
Por exemplo, Ben Ho, especialista naval do programa Estudos Militares de Singapura, disse à Sputnik Internacional que "os mísseis são posicionados nos lugares onde os EUA conduziram FONOPs. O posicionamento significa que os navios militares americanos ficarão no alcance dos chineses se os norte-americanos realizarem FONOPs". Ele adicionou que, se as operações norte-americanas continuarem, poderemos ser testemunhas de confrontos entre navios de guerra dos EUA e forças chinesas no mar do Sul da China.
Os analistas chineses expressam preocupações parecidas, mas assinalam que ambos os países não querem entrar em guerra.
Ni Lexiong, especialista militar da Universidade de Política e Direito de Xangai, disse que no futuro "as tensões vão aumentar na região", acrescentando que ninguém pode estar certo de que um conflito de pequena escala não evolua para uma guerra plena.
Mar do Sul da China militarizado
Ben Ho sugere que, em resposta ao posicionamento dos sistemas de mísseis chineses, os EUA podem muito provavelmente aumentar a sua presença militar neste mar, deslocando mais navios de guerra e realizando mais operações de liberdade de navegação.
"Os EUA e seus aliados poderiam também responder ao aumento da militarização chinesa no mar do Sul da China com maiores posicionamentos de forças navais na região", frisou. Também opina que poderemos ver mais patrulhamento no mar com participação da aviação embarcada, se Washington quiser ser mais eficaz ao transmitir a sua mensagem estratégica.
Além do mais, não se exclui que os países vizinhos da região possam buscar o aperfeiçoamento dos seus sistemas de armas para fazer frente à instalação dos mísseis chineses.
Hegemonia dos EUA
Os especialistas chineses argumentam que, ao tentar impedir a China de tomar o controle do mar do Sul da China, os EUA queriam manter a sua hegemonia global e evitar mostrar a sua fraqueza.
"Para os Estados Unidos, do ponto de vista dos interesses nacionais, em especial da sua presença militar e influência na Ásia Oriental, não podem ficar calados em relação à situação no mar do Sul da China. Se a China conseguir alcançar as suas pretensões territoriais nesta região, isto será sinal de fraqueza dos EUA e de sua hegemonia", assinalou Ni Lexiong.
Conforme o analista chinês, os países vizinhos irão esperar para ver e nunca vão ficar ou do lado da China, ou dos EUA. Ele concluiu que a China entende as preocupações dos seus vizinhos e vai os convidar para desenvolverem juntos o mar do Sul da China.