Encontro nas Nações Unidas junta especialistas, diplomatas e representantes da sociedade civil para discutir conflito entre Israel e Palestina até sexta-feira; discurso do chefe da ONU foi lido pela vice-secretária-geral, Amina Mohammed.
Alexandre Soares | ONU
Uma mensagem do secretário-geral, António Guterres, destaca que o 70º aniversário da Guerra de 1948 é uma “oportunidade para olhar em frente” em relação à questão palestina.
Chefe da ONU, António Guterres | ONU/Eskinder Debebe |
O discurso foi lido pela vice-chefe da ONU, Amina Mohammed, na abertura de um fórum com o titulo “70 anos depois de 1948 – lições para alcançar uma paz sustentável”, que decorre até esta sexta-feira no Conselho de Tutela, em Nova Iorque.
Confrontos
No pronunciamento, o chefe da ONU deplora “a perda trágica de vidas e o sofrimento em Gaza” dos últimos dias. Na segunda-feira, confrontos causaram a morte de pelo menos 48 pessoas e 1,3 mil feridos na cerca que divide Israel e Gaza.
Guterres disse que “a violência recente torna evidente a necessidade de ação.” Ele tornou a lembrar a necessidade de Israel “usar o máximo de contenção”, do Hamas “prevenir ações violentas” e a importância de investigar todas as mortes.
Para o secretário-geral, “a comunidade internacional falha, há demasiado tempo, em encontrar uma solução duradoura para a situação dos refugiados palestinos”. Segundo ele, os refugiados de há sete décadas e os seus descendentes são agora 5,3 milhões de pessoas.
Encontro
O encontro vai reunir especialistas israelitas e palestinos, representantes da comunidade diplomática e da sociedade civil. Segundo a organização, o objetivo é ter “um debate construtivo que apoie os esforços coletivos para lançar negociações credíveis” em direção à paz.
O chefe da ONU disse que o encontro também deve servir “para refletir sobre os custos e as consequências da Guerra de 1948, que resultou no deslocamento em massa e a retirada de suas casas de centenas de milhares de palestinos. ”
Ele acredita que “as vidas de gerações de palestinos e israelitas têm sido definidas por um conflito que moldou a sua paisagem física e humana sob uma atmosfera de medo e desconfiança mútua.”
Dois Estados
Guterres afirmou que “o estabelecimento de assentamentos e a sua expansão, ilegais segundo a lei internacional, contribui para mais deslocamento e é um grande obstáculo para alcançar uma solução de dois Estados.”
O chefe da ONU explicou que “a paz requer vontade política e coragem de todos os lados. ” Quanto à comunidade internacional, “precisa de trabalhar para um resultado em que o medo é substituído pela dignidade e a negação dá lugar à justiça.”
A ONU continua a considerar uma solução de dois Estados a única possível. Guterres falou numa Palestina e Israel “vivendo lado a lado, em paz, com fronteiras reconhecidas e seguras, e com Jerusalém como a capital de ambos.”
No final, Amina Mohammed leu o pedido de Guterres para que os participantes do fórum “reflitam sobre como tornar esta visão uma realidade. ”