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12 maio 2018

Falta de voluntários obriga Marinha portuguesa a fazer três cursos para fuzileiros

Falta de efetivos é justificada principalmente com a ausência quase total de participação das unidades combatentes de fuzileiros nas missões externas de paz iniciadas em 1996


Manuel Carlos Freire | Diário de Notícias

A Marinha vai realizar este ano, pela primeira vez, três cursos para recrutar praças para o Corpo de Fuzileiros, após o segundo de 2018 ter recebido pouco mais de metade das candidaturas necessárias.


Militares portugueses | Foto Gerardo Santos/Global Imagens

Com um défice atual de efetivos nos Fuzileiros da ordem dos 20%, na sua maioria praças nos regimes de voluntariado e contrato, o porta-voz da Marinha disse ontem ao DN que o segundo curso deste ano para as forças especiais recebeu, até 27 de abril, cerca de 345 candidaturas via internet - 27 de mulheres - das seis centenas consideradas necessárias para iniciar a recruta com cem voluntários. Contudo, só 180 dos 345 candidatos formalizaram o processo, dos quais cinco mulheres, adiantou o comandante Pereira da Fonseca.

Para o curso de oficiais, foram recebidas 120 candidaturas - 11 de mulheres - até 4 de maio por via digita para as 24 vagas existentes. Porém, apenas 68 foram formalizadas (62 homens e seis mulheres).

Pereira da Fonseca explicou que as elevadas taxas de chumbos registadas neste tipo de processos justificam receber um número de inscrições cinco ou seis vezes maior do que o das incorporações na recruta. Isso decorre da necessidade de prever as eliminações decorrentes da alteração de planos dos próprios candidatos antes de prestarem provas de classificação e seleção, de não satisfazerem as várias condições de admissão, de chumbarem nos exames médicos, nas provas físicas ou nos testes psicotécnicos.

O porta-voz do ramo assinalou ainda que a própria centena de candidatos com que idealmente se procura iniciar uma recruta para praças visa fazer face a uma taxa de atrição que, em regra, "ronda os 50%" ao longo do curso - e porque o número de vagas autorizadas a preencher é de 48 praças.

Os motivos dessas desistências ao longo da recruta são vários: dificuldades de adaptação à vida militar (diferenças entre expectativas iniciais e exigências de disponibilidade permanente), separação e distância da família, falta de preparação física e psicológica ou lesões. Exemplo disso são os dados do primeiro curso que está a decorrer e cuja recruta está a meio, referiu o porta-voz da Marinha: "Começou com 140 e já só tem 70" elementos.

Note-se que há precisamente dois anos, em maio de 2016, os resultados das candidaturas ao curso de praças da classe de fuzileiros revelaram a existência de 267 inscrições, das quais só 247 passaram à fase das provas. E para o primeiro curso de 2018, segundo os dados divulgados pela Marinha, tinham-se candidatado 357 jovens - mas só 140 iniciaram a recruta e 70 estão no curso.

Na prática, a especialidade com mais falta de pessoal na Marinha é precisamente a dos fuzileiros. Com a reestruturação de 2015, quando havia 1406 operacionais, foi reduzido o quadro orgânico de 1950 vagas para as atuais 1300. Porém, a redução contínua de efetivos fez que existissem 1230 militares em 2016, 1065 em 2017 e 1065 neste ano.

Contudo, assumiu Pereira da Fonseca, a missão militar de quatro meses na Lituânia que começa na próxima semana - no quadro das medidas de tranquilização da NATO junto dos aliados vizinhos da Rússia e que marca o regresso das unidades de fuzileiros às Forças Nacionais Destacadas - é vista como potencial fonte de atração e recrutamento para o corpo.

Isso mesmo foi assumido ao DN pelo chefe do Estado-Maior da Marinha na recente cerimónia de entrega do estandarte nacional ao contingente de 140 militares - 117 dos quais fuzileiros - que estão a ser projetados para a cidade lituana de Klaipéda. "Estas missões são fundamentais para os fuzileiros e tenho esperança de que elas possam continuar no futuro", realçou o almirante Mendes Calado, dada a consciência dos efeitos negativos que a "falta dessa oportunidade" causou na motivação daqueles operacionais.

"Sentia-se esta apetência de dar continuidade àquilo que era o treino" dessas forças especiais - e de operações especiais, como são os membros do Destacamento de Ações Especiais (DAE) - "para depois ser projetado" para os teatros de operações no exterior. E se essas missões se tornarem uma constante, isso vai "reforçar a capacidade de atrair gente para os fuzileiros e de dar a esta gente, que tem um treino intensíssimo, a oportunidade de mostrar as suas competências nas operações reais", enfatizou ainda o chefe do ramo. Implícito fica o outro grande fator de motivação desses militares, que são os acréscimos remuneratórios associados.

Para o ramo, a frustração de só treinar segundo padrões de combate e ter salários baixos ajuda também a explicar as dificuldades de retenção desses operacionais.

Exigência

O primeiro curso de fuzileiros para este ano tinha 242 vagas para contratados, 12 na categoria de oficiais e 230 na de praças. Mas se no primeiro caso foram incorporados os 12 candidatos e só cinco chegaram ao fim da recruta, iniciando o curso da especialidade, a situação ao nível dos praças foi bem diferente: para as referidas 230 vagas foram incorporados 140 voluntários e apenas 70 - menos de um terço das necessidades - concluíram a fase da recruta e estão agora a tirar a especialidade.

Corpo de Fuzileiros

O atual quadro de efetivos das forças especiais de Marinha tem 1030 militares, tanto dos quadros permanentes como dos regimes de contrato.

Défice de efetivos

O quadro orgânico dos fuzileiros é de 1300 militares, pelo que os 270 em falta - que são sobretudo praças - representam um quinto do total.

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