O Líbano é um dos países-chave no Oriente Médio, no qual muitas potências regionais concentram sua atenção e que no futuro poderia se transformar em um centro de confrontos entre Israel e Irã, opinou o analista do centro Gulf State Analytics, Teodor Karasik.
Sputnik
"Os libaneses consideram Israel como sua principal ameaça, por conseguinte, as ações empreendidas por parte de Israel na Síria são percebidas como uma ameaça direta para o Líbano", assegurou o especialista, citado pelo jornal russo Gazeta.ru.
Militar libanês © REUTERS / Mohamed Azaki |
Da mesma forma, o analista comentou a notícia de que o movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã e que está lutando na Síria ao lado do governo de Assad, obteve a maior parte dos votos no decorrer das eleições parlamentares no Líbano. A vitória lhe permitirá influenciar as decisões tomadas pelo primeiro-ministro e o presidente do Líbano, enfatizou.
Hoje em dia, o Hezbollah e Israel estão travando uma guerra no território sírio, os israelenses estão bombardeando instalações pertencentes ao movimento. Karasik assegurou que as recentes ações empreendidas por Tel Aviv contribuirão para que o Hezbollah comece a atacar Israel a partir do território libanês.
De acordo com a edição, as autoridades israelenses percebem perfeitamente a possibilidade deste cenário. Foi esta a razão por que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel não permitirá que o Hezbollah transfira suas armas da Síria ao Líbano.
O conflito na Síria afeta diretamente o Líbano, que abriga muitos milhares de refugiados sírios que, apesar das duras condições de vida, não querem voltar a um país envolvido em um conflito.
Anteriormente, o ex-chefe da Mossad, agência israelense de Inteligência, Danny Yatom, disse à edição que "era possível que os iranianos enviassem combatentes do Hezbollah da Síria para o sul do Líbano para combater Israel".
No entanto, Israel não é o único país do Oriente Médio que não quer perder suas posições no Líbano por causa da consolidação do Irã. A Arábia Saudita também teme a possibilidade desse resultado.
"O Líbano está sendo uma ilha de combate entre o Irã e a Arábia Saudita. Com isso, os sauditas perdem. O Hezbollah se preparou muito bem para estas eleições", comunicou à Gazeta.ru uma fonte anônima familiarizada com a situação e próxima aos círculos diplomáticos russos.
Recentemente, o porta-voz do parlamento libanês, Nabih Berri, declarou que o novo governo do país será formado em um mês. Embora o sunita Saad Hariri continue ocupando o cargo de primeiro-ministro, ele pode ter dificuldades em implementar sua política, já que seu partido Movimento Futuro perdeu um grande número de votos a favor do Hezbollah, o que aumentou consideravelmente seu peso no parlamento do país.