Israel e Estados Unidos estão realizando negociações sobre entrega de caças furtivos à Turquia em meio à incerteza sobre o destino dos fornecimentos dos EUA, informa o diário Haaretz.
Sputnik
De acordo com um alto funcionário israelense na área de defesa, Israel planeja ser o único país na região a possuir caças F-35 para manter a supremacia qualitativa. Israel e os EUA teriam também discutido sobre o software aperfeiçoado do caça, segundo confirmaram fontes, que preferiram manter anonimato, ao jornal. No entanto, Israel negou ter participado de conversações sobre o acordo de fornecimento de 100 caças furtivos à Turquia.
F-35 Lightining II © AP Photo / Rick Bowmer |
A Força Aérea de Israel deve receber o software para aumentar as capacidades do avião em julho. Por sua vez, Tel Aviv estaria preocupada que a Turquia também o obtenha e estaria discutindo a possibilidade de fornecimento de caças a Ancara sem a atualização do software.
O acordo recebeu críticas do Congresso norte-americano, com vários legisladores pedindo cancelamento da venda de mais de 100 caças.
"A nossa preocupação é que a Turquia está passando por uma transição dramática como país. A Turquia passou por um longo caminho para ser um aliado da OTAN e um parceiro importante na luta antiterrorista, até a situação de hoje, em que está usando um cidadão norte-americano como um instrumento de negociação. Não é uma conduta de um aliado", declarou ao diário o senador James Lankford, tendo em vista o pastor Andrew Brunson, que está em custódia na Turquia desde o ano passado.
De acordo com Lankford, o incidente evidencia que a Turquia se mostra menos confiável como parceiro dos EUA, sugerindo ser melhor não fornecer a tecnologia para ela.
"A minha preocupação é que eles [Turquia] são aliados da OTAN, eles têm sido bons parceiros por anos, mas se não sabemos como será o país daqui a alguns anos, deveríamos guardar estes recursos deles", frisou Lankford.
O senador continuou dizendo que os EUA não têm "hesitações com Israel. Quando damos F-35 ou outro equipamento militar para eles, sabemos como eles vão usá-los. Sabemos o que vão e não vão fazer. Não estou certo de que possamos dizer o mesmo sobre a Turquia".
Lankford acrescentou que os desacordos recentes entre a Turquia e os EUA sobre a política externa devem induzir os EUA a "fazerem uma pausa" e a reconsiderarem o acordo sobre os F-35, não esquecendo outras formas de cooperação militar. A embaixada de Israel em Washington ainda há de comentar o assunto.
"Ninguém aqui tem nenhuma dúvida de que Israel prefere permanecer sendo o único país na região que possui estas capacidades de ataque. Os israelenses sabem como deixar isso claro com seus próprios meios", concluiu Lankford.
Na semana passada, a Força Aérea de Israel declarou ter se tornado o primeiro país do mundo a realizar ataque com caças F-35.
No início de maio, o congressista David Cicilline propôs uma lei na Câmara dos Representantes para proibir a venda de caças à Turquia, referindo-se a uma "conduta violenta e repreensível".
A mídia turca Yeni Safak relatou sobre possível entrega de caças russos Su-57 caso Washington decida suspender os fornecimentos de F-35 em resposta às compras de mísseis russos S-400.