As recentes medidas de Israel contra Irã mostram que uma postura mais agressiva em relação ao país persa poderia provocar um grande confronto que, segundo especialistas, causaria a pior guerra já vista na região, assinalou Alex Lockie em seu artigo para a edição Business Insider.
Sputnik
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou Teerã de desenvolver clandestinamente o programa de armas nucleares e assegurou ter provas de que o Irã estava reforçando seu potencial nuclear.
Militares israelenses na fronteira com a Síria © AP Photo / Ariel Schalit |
Em 29 de abril, o ataque a um depósito de armas do exército sírio nas proximidades da cidade de Hama provocou um grande incêndio. Alguns veículos de comunicação relataram a morte de dezenas de iranianos, contudo, o Irã desmentiu essas informações.
Quanto ao ataque, as autoridades israelenses mantêm silêncio absoluto. No entanto, a mídia hebraica sugere que Israel esteja por trás disso.
Força aérea de Israel intensifica ataques contra Irã e Síria
O autor do artigo citou Jonathan Schanzer, especialista no Irã e na Síria da Fundação para Defesa das Democracias, que assegurou que Israel está acelerando o ritmo de ataques e manobras contra o Irã, caminhando para um confronto maciço.
"Durante certo tempo, pareceu que os israelenses estavam se contendo. Pareciam relutantes em se envolver. Não queriam se expor nos céus da Síria", destacou Schanzera.
Contudo, depois de um combate aéreo entre forças israelenses, sírias e iranianas, que ocorreu em fevereiro – em que Israel declarou ter abatido um drone iraniano e grande parte da defesa antiaérea da Síria, mas que havia perdido um caça F-16 – parece que as intenções de Tel Aviv vieram à tona.
Vários veículos iranianos de mídia, bem como israelenses, previram represálias pelo ataque de 29 de abril.
"Porém, antes que uma resposta pudesse ser dada, Israel despejou uma enorme lata de lixo no Irã", indicou Lockie.
Operação psicológica
Em 30 de abril, Netanyahu anunciou que a inteligência israelense dispõe de 100 mil documentos, vídeos e fotos que supostamente demostram que o acordo nuclear com o Irã "é baseado em mentiras". Além disso, o premiê acusou o Irã de aumentar seu arsenal de mísseis nucleares depois de assinar em 2015 um acordo com várias potências globais.
"Os espiões roubam documentos o tempo todo, mas este havia sido um enorme arsenal. E, normalmente, as agências de espionagem o mantêm em segredo […] Este não é o caso dos israelenses: eles estão transmitindo-o e convertendo-o em uma operação psicológica como uma revelação sobre a mentira nuclear do Irã".
A capacidade de retaliação do Irã contra Israel é limitada, observa o autor.
Teerã desmentiu as informações sobre seu programa nuclear, declaradas por Netanyahu, e chamou o premiê de "mentiroso infame" e chefe do "regime sionista notório, que mata crianças".
Por sua vez, o jornalista acredita que a principal influência do Irã sobre Israel compreende sua pressão com Hamas, grupo palestino atuando na Faixa de Gaza, na fronteira com Israel.
"Há coisas que o Irã pode fazer muito rápido para tornar a situação miserável para os israelenses", ressaltou Schanzer.
Com Israel à margem da guerra civil na Síria, a disputa entre Tel Aviv e Teerã poderia causar uma luta que abalaria toda a região, concluiu Alex Lockie.