O Camboja comemorou hoje o Dia Nacional da Memória, dedicado às vítimas do Khmer Vermelho, a organização maoísta dirigida por Pol Pot que governou o país entre 1975 e 1979, período no qual morreram 1,7 milhão de pessoas.
EFE
Bangcoc - Na capital Phnom Penh, cerca de 7.000 cambojanos vestidos com camisas brancas e calças ou saias escuros, e com flores brancas, formaram longas filas no Memorial de Choeung Ek, um monumento em homenagem às vítimas, construído em um dos campos de extermínio do Khmer Rojo.
Um homem reza em Phnom Penh pelas vítimas que morreram o regime do Khmer Vermelho. EFE/EPA/MAK REMISSA |
Os pesquisadores do genocídio cambojano encontraram 8.895 corpos em Choeung Ek, um terreno situado a cerca de 17 quilômetros ao sul de Phnom Penh e que tinha sido antes da guerra civil um jardim e vinhedo chinês.
O espaço serviu hoje para, além das oferendas, representar algumas das barbaridades que os cambojanos sofreram durante o império de terror imposto pelo Khmer Vermelho, como as execuções maciças, os expurgos e as deportações coletivas para o campo em condições desumanas para estabelecer um sistema socialista agrário.
O governador de Phnom Penh, Khoung Sreng, participou dos atos em Choeung Ek.
O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, quem militou nas fileiras do Khmer Vermelho antes de escapar para o Vietnã e retornar com o exército que libertou o país, apelou para seus compatriotas para manter a paz, em mensagem nas redes sociais.
Hun Sen, primeiro-ministro do país ininterruptamente desde 1985, lembrou os assassinatos, a destruição, as evacuações forçadas e o trabalho forçado em uma época na qual não havia remédios, comida ou direito à vida.
"Hoje (...) o povo vive confortável em família, tem um trabalho de acordo com a sua formação e preferência, e um nível de vida decente. A paz ofereceu a cada cidadão a oportunidade de formar uma família, uma comunidade e uma nação. Mantenhamos a paz para sempre", disse Hun Sen, segundo uma tradução do texto em cambojano.
O Governo cambojano estabeleceu no ano passado esta festividade porque 20 de maio de 1973 é considerada a data de nascimento do Khmer Vermelho.
A organização se desintegrou pouco depois que o "irmão número um", Pol Pot, morreu em 1998 na selva do norte do Camboja, morto por um de seus correligionários.
A ONU e o Governo cambojano organizaram um tribunal internacional para julgar os antigos chefes dos líderes que viviam e que começou a funcionar em 2007, após aprovar o regulamento interno.
A primeira sentença aconteceu em 2010 contra quem digeriu a prisão de Tuol Sleng ou S-21, Keing Guek Eav, conhecido como Duch, condenado a 35 anos de prisão, embora a pena tenha acabado sendo de prisão perpétua durante a apelação.
O julgamento seguinte se dividiu em fases para agilizar o pronunciamento de uma sentença perante a idade dos acusados: Nuon Chea, 91 anos, o "irmão número dois" e ideólogo do Khmer Vermelhor; Khieu Samphan, 86 anos, chefe de Estado do regime; Ieng Sary (1925-2013), ministro de Exteriores; e Ieng Thiriht (1932-2015), esposa do anterior e ministra de Assuntos Sociais.
Em 2014, Nuon Chea e Khieu Samphan foram condenados à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, sentença ratificada em 2016, e atualmente são julgados pelo genocídio cometido contra a minoria muçulmana cham e a população vietnamita, e a política de casamentos forçados e estupros, entre outras acusações.
Ieng Sary morreu em março de 2013 aos 87 anos, e sua esposa e ex-ministra, Ieng Thirith, cujo caso foi suspenso depois que foi diagnosticada com demência, morreu em 2015 aos 83.