Segundo governo alemão, mais de mil pessoas deixaram país europeu para se juntar a grupos radicais no Oriente Médio. Partidos divergem sobre o que fazer caso elas voltem à Alemanha.
Deutsch Welle
O governo alemão aponta que mais de mil muçulmanos radicais deixaram a Alemanha em direção à Síria ou ao Iraque para apoiar organizações terroristas informou a imprensa do país europeu neste domingo (20/05). Pelo menos metade deles possuíam passaportes alemães.
Dezenas de jihadistas alemães estão em prisões na Síria, no Iraque e na Turquia, mas outros voltaram para a Alemanha. |
Os números foram revelados em uma resposta do governo a um questionamento enviado por deputados do partido Die Linke (A Esquerda), de acordo com o jornal Westdeutsche Allgemeine Zeitung (WAZ).
Os números fornecidos pelo governo são superiores a estimativas anteriores, mas também indicam que disposição de muçulmanos radicais de ir ao Oriente Médio diminuiu consideravelmente em comparação a dois anos atrás.
Além disso, o documento também aponta que 243 apoiadores do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e do Partido da União Democrática Curda (PYD) também viajaram ao exterior para apoiar a coalizão que luta contra o grupo extremista Estado Islâmico(EI). A Alemanha classifica o PKK como uma organização terrorista.
Proposta inconstitucional?
Embora dezenas de muçulmanos radicais alemães estejam em prisões na Síria, no Iraque e na Turquia, muitos outros, incluindo mulheres e crianças, voltaram para a Alemanha.
O relatório disse que durante as negociações para a a formacao da coalizão entre a Uniao Democratas-Cristã (CDU) da chanceler Angela Merkel e o Partido Social Democrata (SPD) foi acertado que os combatentes com dupla cidadania que retornassem deveriam ter sua nacionalidade alemã cancelada se houver provas de que eles lutaram por um grupo terrorista.
Esse plano foi criticado pelo especialista do partido Die Linke para assuntos internos, Ulla Jelpke, que chamou a medida de "inconstitucional". Ela também disse ao WAZ que tal medida acabaria punindo os alemães que lutaram ao lado dos curdos contra os terroristas do EI.
Sua contraparte do SPD, Uli Grötsch, também criticou a proposta, apesar de seu partido ter concordado com ela no acordo de coalizão.
"É mais simbólico do que politicamente útil", disse ele, explicando ainda que a abertura de um acao penal e um processo de desradicalização são mais apropriados.
No entanto, o especialista em assuntos domésticos da CDU de Merkel, Armin Schuster, defendeu a medida. Segundo ele, um jihadista que não fosse mais alemão poderia ser mais facilmente enviado para fora do país.