A Rússia e a Síria tentaram convencer os países ocidentais que não houve ataques com armas químicas em Douma síria, ao convidar para a coletiva de imprensa da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) em Haia vários participantes da encenação, todos são e salvos.
Sputnik
Em entrevista à Sputnik Internacional, o especialista britânico em assuntos do Oriente Médio, Ammar Waqqaf, compartilhou sua opinião quanto à coletiva de imprensa em Haia, em que participou, inclusive, Hassan Diab, garoto filmado durante "ataque químico" em Douma.
Hassan Diab, menino sírio que participou da encenação de armas químicas em Douma © AP Photo / Peter Dejong |
O analista definiu o testemunho do garoto como sendo quase uma revolução.
"Pela primeira vez, um 'ataque químico' teve lugar na zona, controlada pelo exército sírio. Pela primeira vez, vimos tais testemunhas, isso é muito significante. Perante nós, há uma pessoa que foi afetada pelo chamado assim ataque químico e que afirma que não houve nada disso", frisou, acrescentando que Hassan Diab abalou toda a narrativa promovida ao longo das últimas duas semanas pelos países ocidentais.
Contudo, Waqqaf acha difícil que existam testemunhas capazes de fazer com que Ocidente mude de opinião.
Ele frisou que "já tínhamos ouvido refutações". Contudo, havia pessoas que mesmo antes sabiam que não foi realizado nenhum ataque químico, mas, mesmo assim, apoiaram o golpe contra a Síria.
"Depois ouvimos acusações contra a Rússia e a Síria, como se distorcessem testemunhas. Mas há os que não se importam, já que a OPAQ em nenhuma dos 20 ataques químicos apontou para o autor de algum deles. Acredito que quando especialistas da OPAQ, ao visitarem Douma, afirmarem que não há nada para dizer sobre 'ataque químico', as pessoas vão achar: 'Ok, provavelmente estávamos enganadas, mas nós sabemos que foi Assad e não vamos recuar [de nossa postura]", indicou o especialista.
Ele frisou que os países ocidentais não se importam com as testemunhas.
"Vocês lembram que o ex-ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, afirmou haver provas sérias da culpa de Assad, contudo, a investigação posterior da ONU não foi capaz de comprová-lo?", contestou.
O analista ressaltou que os países ocidentais tentam se aproveitar de qualquer oportunidade para recordar aos sírios e seus aliados que eles ainda estão no jogo e que seus interesses devem ser levados em consideração.