Número de mortos desde 30 de março chega a 38; ao menos 440 ficaram feridos na quarta sexta-feira consecutiva de protestos. Palestinos reivindicam direito de retornar às suas terras, de onde fugiram ou foram expulsos com a criação do Estado de Israel em 1948.
France Presse
Milhares de palestinos voltaram a protestar nesta sexta-feira (20) na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, onde quatro palestinos foram mortos por soldados israelenses, elevando a 38 o número de mortos desde 30 de março.
Médicos carregam Saadi Abu Taha, de 29 anos, ferido durante confrontos com forças israelenses em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, na sexta-feira (20). Segundo fotógrafo da AFP, Abu Taha morreu (Foto: Said Khatib/AFP) |
Os manifestantes queimaram pneus perto da fronteira e em alguns casos lançaram coquetéis molotov. É a quarta sexta-feira consecutiva de protestos. Centenas de palestinos ficaram feridos desde então.
Segundo fontes do Ministério da Saúde de Gaza, dois palestinos foram mortos a tiros nesta sexta por soldados israelenses.
Um adolescente de 15 anos e dois homens de 24 e 25, respectivamente, foram mortos a tiros no norte do enclave.
Um quarto palestino, de 29 anos, foi morto no sul da Faixa de Gaza. O Ministério indicou que 83 pessoas ficaram feridas.
"É escandaloso atirar em crianças [...], as crianças devem estar protegidos da violência, não expostas", publicou nesta sexta-feira no Twitter o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov.
O enviado solicitou que a morte do adolescente seja investigada.
Com isto, o balanço de palestinos mortos desde o início da onda de protestos aumentou para 38. Outras centenas ficaram feridas a tiros ou inalação de gás, segundo os serviços de resgate, inclusive mais de 440 nesta sexta-feira.
O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansur, voltou a pedir nesta sexta às Nações Unidas para abrir uma "investigação transparente e independente" sobre a violência na fronteira com Israel.
A Faixa de Gaza, localizada entre Israel, Egito e o Mediterrâneo, controlada pelo movimento islâmico Hamas, descrito como "terrorista" por Israel, registra desde o dia 30 de março grandes manifestações de palestinos.
Alguns se aproximam da fronteira para lançar projéteis ou queimar pneus na direção dos soldados israelenses posicionados ao longo da barreira de segurança. Estes soldados, por vezes, dispararam balas para evitar a entrada dos manifestantes em território israelense.
Nesta sexta-feira, aviões militares israelenses jogaram panfletos na fronteira com advertências.
"Estão participando de manifestações violentas. A organização terrorista Hamas se aproveita de vocês para cometer ataques terroristas", dizem os panfletos, acrescentando: "Fiquem longe da cerca e não tentem danificá-la. Evitem usar armas e cometer atos violentos contra as forças de segurança israelenses e os cidadãos israelenses".
O número de manifestantes nesta sexta-feira era menor do que nas semanas anteriores, mas somavam milhares.
Entre os que participavam nos protesto, pelo menos centenas se aproximaram da cerca para atirar pedras, constatou a AFP. As forças israelenses lançaram gás lacrimogêneo e dispararam balas reais.
As forças armadas israelenses estimaram em cerca de 3 mil o número de manifestantes palestinos envolvidos em "tumultos e tentativas de se aproximar da infraestrutura de segurança".
Eles acrescentaram em uma declaração que "as tropas respondem com o objetivo de dispersar os manifestantes e disparam de acordo com as regras" ensinadas.
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, disse em uma visita à fronteira nesta sexta-feira que "o que o outro lado tem que entender é que temos um exército determinado e treinado aqui".
As forças israelenses são acusadas de uso excessivo da força contra os manifestantes palestinos.
Os palestinos marcham até a fronteira para reivindicar seu direito de retornar às suas terras, de onde fugiram ou foram expulsos com a criação do Estado de Israel em 1948.
Também denunciam o bloqueio imposto por Israel há mais de dez anos para conter o movimento islâmico Hamas, que comanda o território, com quem Israel travou três guerras desde 2008.