O senador do Partido Republicano dos EUA, Cory Gardner, está promovendo uma iniciativa legislativa para adicionar a Rússia à lista dos "patrocinadores do terrorismo". A Sputnik falou sobre essa situação com o especialista Manuel Ochsenreiter, diretor do Centro dos Estudos da Eurásia alemão e editor-chefe do jornal "ZUERST!"
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Para o analista, entrevistado pela Sputnik Internacional, a guerra informacional está em escalada. Desde o início da guerra na Síria, se agravando com a crise na Ucrânia, e no momento "estamos em uma nova fase dessa escalada".
Senador do Partido Republicano dos EUA, Cory Gardner | Reprodução |
"As consequências para Gardner e para os EUA […] é deitar a mão na Europa e nos aliados europeus por meio de qualificação da Rússia como 'patrocinara do terrorismo'", assinalou.
Ochsenreiter frisou que, em meio a essa guerra informacional, os EUA vão pressionar seus aliados europeus para que a Europa esteja ainda mais próxima aos EUA.
"Isso já foi feito na sequência da história com a família Skripal e do chamado 'ataque com gás' na Síria. Isso faz parte da guerra informacional que tem como objetivo fazer os aliados europeus se sentirem mais protegidos apoiando Washington", explicou o analista.
Quando perguntado sobre prováveis consequências da aprovação da iniciativa do senador, Manuel Ochsenreiter apontou para várias medidas diplomáticas e econômicas por parte da União Europeia e dos EUA.
"Isso significa que, cedo ou tarde, os países europeus precisarão seguir o exemplo de Washington e, no fim das contas, também qualificar a Rússia como 'patrocinadora do terrorismo'."
Segundo o analista, as mesmas medidas causarão uma fortíssima pressão sobre todas as empresas e negócios, bem como sobre todos os políticos que promovem relações amistosas com a Rússia, entre a Europa e a Federação da Rússia.
"Para os EUA é vital manter a Europa do seu lado e fazer de tudo para que ela trate a Rússia de forma hostil", frisou Ochsenreiter, acrescentando que para a Europa a Rússia é um aliado natural, sendo fornecedora de recursos naturais.
Esses eventos provocarão o esfriamento das relações diplomáticas, talvez um congelamento maior que na época da Guerra Fria, assinalou o analista, acrescentando que, no que se refere à economia, as empresas envolvidas na colaboração legítima com a Rússia sentirão uma enorme pressão por parte da sociedade ocidental.
Comentando a lista dos "patrocinadores do terrorismo" dos EUA, Manuel Ochsenreiter apontou que, em maioria dos casos, os "patrocinadores" são forças que na verdade lutam contra o terrorismo e tentam promover a estabilidade na região.
"Por exemplo, o Irã representa uma das maiores potências que apoia a Síria na luta contra o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países]. Além do Irã, a Rússia é o único país que opera na Síria de forma legítima, ou seja, a pedido do presidente sírio", frisou.
Enquanto isso, os norte-americanos, britânicos, franceses e outras potências atuam sem qualquer base legítima, já que o Estado soberano da Síria nunca pediu sua ajuda na luta contra o terrorismo, adicionou Ochsenreiter.
"Podemos dizer que os EUA são o principal patrocinador do terrorismo. Se os EUA não tivessem intervindo nos assuntos do Oriente Médio, o grupo Daesh não existiria. O Daesh existe só porque os EUA interferiram nos assuntos internos do Oriente Médio", concluiu o analista.