Soldados de Israel feriram 30 palestinos a tiros durante um grande protesto na fronteira entre Gaza e Israel nesta sexta-feira, durante o qual manifestantes atiraram pedras e pneus em chamas perto da cerca da divisa, disseram médicos palestinos.
Por Nidal al-Mughrabi | Reuters
FRONTEIRA DE GAZA (Reuters) - Segundo militares israelenses, do lado de Gaza, alguns atiraram coquetéis molotov e um artefato explosivo.
Manifestante ferido é carregado durante confronto com soldados israelenses na fronteira entre Israel e Gaza 13/04/2018 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa |
Milhares de palestinos chegaram a acampamentos próximos da fronteira enquanto o protesto apelidado de “A Grande Marcha do Retorno” – que evoca um clamor antigo de refugiados para voltar aos seus lares ancestrais no que hoje é Israel – entrava em sua terceira semana.
Tropas israelenses já mataram 30 palestinos de Gaza a tiros desde o início das manifestações, provocando críticas internacionais contra as táticas letais usadas contra eles.
Um porta-voz militar de Israel disse que os soldados estão sendo confrontados por baderneiros e “respondendo com meios de dispersão de tumulto, e também disparando de acordo com as regras de engajamento”.
Nesta sexta-feira grupos de jovens acenaram com bandeiras palestinas e incendiaram centenas de pneus e bandeiras israelenses perto da divisa cercada depois das orações. Em um acampamento ao leste da Cidade de Gaza, jovens carregaram nos ombros um caixão envolto na bandeira do Estado judeu com as palavras “O Fim de Israel”.
Israel declarou uma zona de interdição perto da cerca da fronteira com Gaza e instalou atiradores de elite em sua extensão.
Nenhum israelense morreu durante os protestos, e grupos de direitos humanos dizem que os militares de Israel vêm usando munição letal contra manifestantes que não representam risco imediato de morte.
Israel afirma estar fazendo o que precisa para defender sua fronteira e para impedir que algum manifestante atravesse a cerca.
O protesto planejado para durar seis semanas ressuscitou uma exigência antiga pelo direito de refugiados palestinos voltarem para as cidades e vilarejos dos quais seus familiares fugiram, ou foram expulsos, quando o Estado de Israel foi criado 70 anos atrás.
O protesto começou em 30 de março e deve terminar em 15 de maio.
Este é o dia em que os palestinos lamentarão o 70º aniversário da “Nakba”, ou “Catástrofe”, quando centenas de milhares de palestinos foram deslocados em meio à violência que culminou na guerra entre o recém-criado Israel e seus vizinhos árabes em maio de 1948.