De 16 a 26 de abril, o Brasil estará participando da Operação Viking 2018, um conjunto de simulações organizado por forças internacionais coordenadas pela Suécia. Segundo o Ministério da Defesa, a participação brasileira se concentrará no Quartel-General do Exército e no Quartel-General do Comando Militar do Planalto.
Sputnik
Para o analista Roberto Godoy, especialista em assuntos militares, a inclusão do Brasil nestas manobras mundiais é altamente vantajosa para o país:
Tropas brasileiras | Agência Brasil / Valter Campanato |
"Operação Viking é um exercício muito interessante para o Brasil porque coloca o país, através da plataforma militar criada pela Suécia, em contato com a primeira linha de países em equipamentos militares e, inclusive, com a OTAN, de modo a observar como a Organização do Tratado do Atlântico Norte se planeja, como ela trabalha e que tipo de recursos técnicos são alocados em missões de grande porte. O Exercício Viking 2018 é uma operação não apenas multinacional como também multifacetada com vários tipos de atuação. E o Brasil, por sua vez, também tem alguma coisa a oferecer. Como disse, é um exercício muito interessante porque vai envolver desde recursos cibernéticos, que no jargão militar são conhecidos como Cyber War, até um trabalho de campo."
Roberto Godoy define a Operação Viking como, essencialmente, uma série de manobras destinadas a aprimorar o adestramento dos militares para o cumprimentos de Missões de Paz, a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outros organismos internacionais:
"Há militares brasileiros envolvidos nos grupos de planejamento dos exercícios nesses países. Na verdade, a Operação Viking é um processo de simulação eletrônica, digital, mas é também um conjunto de ações de campo. É aí que o Brasil entra porque, acima de tudo, estas manobras nada mais são do que treinamentos para a realização de Missões de Paz ou de Estabilização [institucional]. Conta muito para estes países a árdua de Missão de Paz que, por 13 anos, o Brasil exerceu no Haiti, representando a ONU. E nestas Operações de Paz, as Missões acabam se revelando muito maiores do que, no início, aparentavam ser porque acabam envolvendo tarefas bem mais amplas como atuação em questões de Segurança Pública. E estas questões são muito bem conhecidas pelos militares brasileiros que serviram no Haiti que, além de tudo, contribuíram para a reconstrução do país."
Além da Suécia, participam diretamente destas manobras outros quatro países da Europa (Finlândia, Irlanda, Sérvia e Bulgária) além das forças da OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte. De acordo com Roberto Godoy, os contatos do Brasil com a OTAN se intensificaram há oito anos quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte planejou realizar ações no Atlântico Sul:
"Em relação a estes fatos, temos de nos reportar à uma atitude tomada pelo Brasil em 2010 durante uma reunião em Lisboa, Portugal. Na ocasião, o então ministro da Defesa, Nélson Jobim, em seu pronunciamento definiu e estabeleceu que o Atlântico Sul é um problema do Brasil e de seus aliados parceiros na região, não só os da América do Sul como também os países do sul da África. E por que o Brasil tomou aquela atitude? Porque, na época, a OTAN (a Organização do Tratado do Atlântico Norte) também planejava criar cenários estratégicos no Atlântico Sul devido às tensões internacionais. Ao contrário do que se poderia imaginar, a atitude da OTAN não foi vista como um sinal de prepotência e arrogância. Deu-se então um consenso e todas as partes envolvidas se entenderam. Na verdade, o Brasil sempre teve bom relacionamento com os países da OTAN e a prova está aí, com a participação de militares brasileiros na Operação Viking 2018."
Este ano, o Exercício Viking completa sua oitava edição, sendo que a primeira foi realizada em 1999. De acordo com o COTER (Comando de Operações Terrestres), a Operação Viking 2018 envolve a participação de 2.500 pessoas, entre representantes, participantes e observadores de cerca de 50 países além de 80 organizações internacionais e não governamentais.