Decisão foi anunciada por agência estatal e passa a valer a partir deste sábado (21). País irá fechar base de testes nucleares no norte 'para provar sua decisão', segundo KCNA.
Por G1
O líder norte-coreano Kim Jong-un anunciou a suspensão de todos os testes nucleares e de mísseis do país e disse que uma base de testes nucleares no norte do país será fechada, de acordo com a agência sul-coreana Yonhap, que cita como fonte a agência estatal da Coreia do Norte.
Míssil intercontinental norte-coreano Hwasong-14, em foto de agosto de 2017 (Foto: KCNA/via Reuters) |
"A partir de 21 de abril, a Coreia do Norte irá parar seus testes nucleares e o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais", anunciou a Agência de Notícias Central Coreana neste sábado (21, horário local).
"O Norte irá fechar sua base de testes nucleares no norte do país para provar sua decisão de suspender os testes nucleares", acrescentou o comunicado da KCNA.
Ainda segundo a agência norte-coreana, a decisão foi tomada durante uma reunião em plenário do comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte.
O anúncio acontece um dia depois de as duas Coreias reativarem uma linha de telefone direta entre seus governantes, uma semana antes de uma reunião de cúpula entre o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, na zona desmilitarizada que divide a península.
Além disso, o fato também foi divulgado semanas antes do provável encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proposto por Kim. A reunião ainda não tem data e local definido, mas Trump disse esta semana, ao receber o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que avalia cinco opções para sediar o evento.
Pouco depois do anúncio da KCNA, Trump publicou no Twitter uma mensagem comemorando o fim dos testes norte-coreanos.
"A Coreia do Norte concordou em suspender todos os testes nucleares e fechar um grande local de testes. Esta é uma notícia muito boa para a Coreia do Norte e para mundo - grande progresso! Ansioso para nossa cúpula", escreveu.
O presidente dos EUA também informou esta semana que o atual chefe da CIA e próximo secretário de Estado, Mike Pompeo, já se reuniu com o líder norte-coreano há alguns dias e que a conversa "transcorreu muito bem".
"Mike Pompeo se reuniu com Kim Jong-un na Coreia do Norte na semana passada. A reunião transcorreu muito bem e uma boa relação foi estabelecida. Detalhes da Cúpula estão sendo trabalhados agora. A desnuclearização será uma grande coisa para o mundo, mas também para a Coreia do Norte!", declarou Trump no Twitter.
Além dos EUA, com quem o líder norte-coreano trocou constantes ameaças e ofensas ao longo de 2017, Kim também tem se reaproximado de seus vizinhos na Coreia do Sul e na China, participando de encontros com autoridades dos dois países e demonstrando intenção de restabelecer boas relações.
Em março, foi confirmado que ele havia feito uma visita secreta a Pequim, acompanhado por sua mulher, Ri Sol Ju, na qual foram recebidos pelo presidente chinês Xi Jinping e pela primeira-dama Peng Liyuan. Na ocasião, Kim Jong-un disse que teve "conversas exitosas" com Xi Jinping e sinalizou a ele que está comprometido com a desnuclearização, segundo a agência chinesa Xinhua.
"A questão da 'desnuclearização' da península coreana pode ser resolvida se a Coreia do Sul e os Estados Unidos responderem aos nossos esforços com boa vontade, criarem uma atmosfera de paz e estabilidade, enquanto tomam medidas progressivas e simultâneas para a realização da paz", disse Kim durante a visita.
Coreia do Sul
Também no início de março, Kim recebeu em Pyongyang uma delegação sul-coreana - a quem encarregou de levar o convite da reunião a Trump. No encontro, ele disse ser sua "firme vontade avançar vigorosamente" e "escrever uma nova história da reunificação nacional".
Os Jogos Olímpicos de Inverno, realizados em fevereiro na Coreia do Sul, aceleraram a reaproximação entre as coreias, contando inclusive com a presença de Kim Yo Jong, irmã do líder Kim Jong-un, no que foi a primeira visita de um membro da dinastia no poder em Pyongyang desde a trégua na guerra da Coreia em 1953.