A China criticou as vendas de armas dos Estados Unidos para Taiwan, depois que a ilha disse que os EUA autorizaram os fabricantes a vender as licenças necessárias para o projeto de submarinos domésticos.
Sputnik
O Ministério da Defesa chinês exigiu a suspensão de "todas as formas de contato militar entre os EUA e Taiwan", destacando que este último faz parte da China. O ministério também alertou que o país tem a "capacidade militar" para combater qualquer tentativa de prejudicar sua integridade territorial.
Submarino norte-americano USS New Hampshire © AP Photo / Robert F. Bukaty |
"As Forças Armadas chinesas têm a capacidade e determinação de derrotar todas as tentativas de separar nosso país e adotarão todas as medidas necessárias para defender resolutamente a soberania nacional, segurança e integridade territorial", disse o ministério chinês citando Wu Qiam, porta-voz da Defesa, em declaração emitida no sábado.
Ele também exigiu que Washington respeitasse o princípio "Uma China", que "serve como base política para os laços China-EUA".
A mesma abordagem foi repetida pelo Ministério de Relações Exteriores do país, que disse que cortar as vendas de armas para Taiwan "evitaria danos severos aos laços sino-americanas" e asseguraria a estabilidade das chamadas relações entre o Estreito de Pequim e Taipei.
No sábado, as autoridades taiwanesas disseram que o Departamento de Estado dos EUA fez a venda de tecnologia que permitirá a Taiwan construir seus próprios submarinos domésticos. A notícia foi anunciada pela Agência Central de Notícias de Taiwan, que citou o porta-voz do Ministério da Defesa Nacional (MND), Chen Chung-chi, e o porta-voz do Gabinete Presidencial, Sydney Lin.
Perigo militar
Taiwan tem sido um ponto de tensão nas relações entre EUA e China. Notavelmente, Washington nunca concordou em acabar com as vendas de armas a Taiwan e chegou a dizer que não precisa de consultas com Pequim sobre a questão, segundo os pilares que formam as relações bilaterais EUA-Taiwan.
A venda de armas poderia impulsionar o sentimento separatista na ilha, o que poderia levar a "consequências militares", já que a China enviaria tropas imediatamente para conter um distúrbio separatista, disse Yury Tavrosky, professor da Universidade de Amizade dos Povos na Rússia, à RT. A medida dos EUA poderia atrair "ações militares abertas", já que Taiwan sempre foi o tema mais sensível para Pequim, segundo o analista.
"Os americanos estão andando sobre duas pernas — por um lado, há provocações do comércio, por outro há uma provocação militar muito séria", avaliou Tavrosky, acrescentando que recentemente houve outra "decisão" de venda de armas, muito desagradável para os chineses e receio que possam ter graves implicações no futuro próximo”.
O professor também ressaltou que, ao contrário de seus antecessores, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou seu mandato "jogado a cartada Taiwan", enquanto os governos anteriores mantiveram a política de "Uma China" apesar de as vendas de armas nunca terem parado.
A mudança na política norte-americana em relação a Taipei também é refletida pelo projeto recentemente aprovado, permitindo que funcionários dos EUA em todos os níveis viajem para a ilha, bem como pelo telefonema de Trump para a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen, observou Tavrosky.
"A China está se tornando mais e mais sensível quando se trata de assuntos internacionais, mas pouco pode fazer em relação a esse assunto em particular porque Pequim está atualmente mais envolvida em outro desenvolvimento econômico relacionado às tentativas dos EUA de revisar as tarifas comerciais, valor mais prático para a China", disse o diretor de Estudos da Ásia Oriental do Instituto Estadual de Relações Exteriores de Moscou (MGIMO), Aleksandr Lukin.
"É mais uma questão de prestígio para a China porque planeja se reunir com Taiwan um dia e os EUA vendendo armas a ela estão prejudicando esse plano", continuou.
Fator Bolton
Notavelmente, o recém-nomeado assessor de segurança nacional dos EUA, John Bolton, poderia visitar Taiwan em junho, segundo o economista. Se a visita ocorrer, não será a primeira vez que Bolton pisa em solo taiwanês. Em 2009, o "amigo de Taiwan" de longa data reuniu-se com o então presidente Ma Ying-jeou, e a recente promoção de Bolton foi elogiada pela mídia taiwanesa como um sinal de um possível desafio para a política "Uma China" de Pequim.
A possível visita já foi comentada pelo jornal estatal chinês Global Times. "A questão de Taiwan poderia ser a mais perigosa", disse o jornal, apesar do rápido desenvolvimento da guerra comercial, afirmou Da Wei, diretor do Instituto de Estudos Americanos do Instituto de Relações Internacionais da China. Ele também enfatizou que as tentativas de usar a busca pela independência para desafiar as autoridades do continente poderia levar a "confrontos intensos".