O Departamento de Estado dos EUA alertou os cidadãos sobre os altos riscos de ataques terroristas no Kosovo, avisando que "tenham cuidado durante as festividades e eventos por ocasião da Páscoa ortodoxa e católica."
Sputnik
O aviso veio após a detenção na segunda-feira passada (26) de Marko Djuric, diretor do Escritório para os Assuntos do Kosovo e Metohija do governo sérvio, aumentando ainda mais as tensões entre a Sérvia e o Kosovo (país de reconhecimento limitado).
Força de segurança de Kosovo © AFP 2018/ ARMEND NIMANI |
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro da autoproclamada República do Kosovo, Ramush Haradinaj, criticou duramente o desejo dos sérvios do Kosovo de estabelecerem uma associação de comunidades de sérvios no Kosovo, ameaçando que, caso se atrevam a fazê-lo, haverá prisões.
Marko Djuric, por sua vez, respondeu que as autoridades de Pristina estão se preparando para uma guerra.
Em entrevista à Sputnik Sérvia, o ex-chefe da inteligência militar sérvia, Momir Stojanovic, disse que "no Kosovo nada acontece sem haver um sinal de Washington", destacando as diferenças entre o premiê do Kosovo, Haradinaj, e o presidente Hashim Thaci.
"Haradinaj é um militar, podendo representar uma ameaça para a segurança […] Thaci tem uma cabeça mais fria, ainda que também seja extremista", disse Stojanovic.
O interlocutor da Sputnik acrescentou que a Sérvia deve apelar à comunidade internacional para que force Pristina a parar com sua retórica belicista e restabeleça o diálogo.
Respondendo à pergunta sobre qual é a maior ameaça à paz no Kosovo, Stojanovic indicou as forças de segurança do Kosovo, que o governo quer transformar em um verdadeiro exército.
"As Forças de Segurança do Kosovo, que Pristina quer transformar em um verdadeiro exército, possuem armas modernas, além do acesso às bases da KFOR [força internacional liderada pela OTAN responsável pela segurança no Kosovo ]. As tropas das Forças de Segurança [4 mil soldados e 2.500 reservistas] estão deslocadas de maneira a controlarem todas as fronteiras da ‘república'", explicou o interlocutor.
Os especialistas acreditam, no entanto, que em caso de crise, as "células adormecidas" do Exército de Libertação do Kosovo (grupo paramilitar insurgente), podem voltar a operar, aproveitando os inúmeros esconderijos de armas que permanecem na república desde as suas operações terroristas dos anos 1990.
Stojanovic acrescenta que, segundo várias estimações, os albaneses étnicos que vivem nos Bálcãs poderiam se juntar e formar uma força armada de 160 mil homens.
O analista acha que os Estados Unidos estão aproveitando o desejo dos albaneses étnicos de se unirem em um Estado como uma espécie do Cavalo de Troia, servindo os interesses políticos de Washington na região.